A história conta-se rapidamente.

Esta semana ficou marcada pelo anúncio de novas medidas para, dizem os engravatados que vão há bola quando há final da Taça, no Estádio Nacional, tornar o futebol mais apelativo e menos perigoso (podes ler aqui: Governo anuncia que apoiar claques ilegais e usar material pirotécnico passa a ser crime).

No topo sul, bancada A, na zona onde se “acomoda” o que resta da Juventude Leonina, foram exibidas tarjas de manifestação contra estas medidas (na norte, por onde se espalha o DUXXI, também, mas parece que se esqueceram deles), acompanhadas do lançamento de pequenos foguetes de artifício para o ar.

A polícia de intervenção entrou e veio recolher as faixas, ao que os adeptos que as envergavam responderam da pior forma, chegando a atirar algumas cadeiras e obrigando os polícias a regressarem ao interior da bancada.

Foi altura de voltarmos a assistir a imagens que, estranhamente (ou não), parecem só acontecer em Alvalade e no João Rocha, talvez porque as nossas forças de segurança não tenham efectivos suficientes para conseguirem acalmar de forma pronta e decidida o que se passa para as bandas do dragão ou da luz.

 

Para azar de quem arquitectou esta intervenção, existem telefones capazes de gravar ao longe, mostrando pormenores como o que se vê no canto inferior esquerdo, com aquele cobarde ataque, à joelhada, à barriga de um adepto comum, de mãos no ar

 

Espera, que isto não acabou, pois o pior estava para vir. Quem ver como se trata “escumalha a usar canadianas?”

 

 

 

É horrível, não é? Há quem não pense o mesmo.

 

 

Sim, há quem consiga deitar a cabeça na almofada e adormecer com um sorriso depois de aplaudir isto.
E há quem acorde, depois de ter dormido oito horinhas, pronto a assinar a publicação de um comunicado oficial do Clube, que diz o seguinte

 

O Sporting Clube de Portugal lamenta e repudia os episódios de violência ocorridos ontem, no Estádio José Alvalade, durante o jogo com o Casa Pia Atlético Clube.
Agradecemos o apoio de todos os que, como sempre, contribuíram positivamente para conduzir a nossa equipa à vitória.

O Sporting CP reitera a sua posição em prol de um espectáculo desportivo saudável, vivido em família e de apoio ao seu Clube, e manterá a sua intransigência na luta contra o crime e a violência no Desporto. Quem se identifica com os valores do Sporting CP, e o apoia acima de tudo, não adopta determinados comportamentos, nem muito menos causa danos avultados, deliberados e recorrentes que prejudicam gravemente o Clube. O Sporting CP informa que irá colaborar activamente com as forças de segurança e a APVDC para identificação de todos os responsáveis pelas ocorrências de ontem.

Em virtude do sucedido, e no seguimento de um acumular de acontecimentos similares, assim como das irregularidades igualmente identificadas pela APVDC, o Sporting CP dá também por terminadas as tentativas de celebração de protocolo com a Associação Juventude Leonina.

 

E pronto.
Provavelmente, quem acha que o Sporting, enquanto principal promotor do evento, não tem culpa alguma nem opina sobre a actuação das forças policiais, vai fingir que este comunicado não existe ou, inclusivamente, vai dizer que este é o caminho. Quem bateu muitas palminhas a mais um episódio de divisão e de convite a não ir ao estádio, irá bater mais palminhas.
Quem acha que ler programas eleitorais e programas de intenções é uma perda de tempo, irá continuar a não perceber que tudo isto estava bem delineado deste o início, onde até se falava em “refundar a Juventude Leonina” (lê aqui, vale mais tarde do que nunca).
Quem esperava que a reacção da direcção do Sporting fosse outra, por certo esqueceu-se que esta direcção é defensora e impulsionadora do fim da pirotecnia, das tarjas, dos cachecóis com mensagens, das claques. Que é defensora e impulsionadora aquela merda chamada cartão de adepto, que até ajuda a tornar mais vazias as bancadas em Alvalade (e não só).
Quem estranha o timing e o teor do comunicado, por certo não está minimamente atento a jogos palacianos e perdeu todos os anteriores capítulos em que esta direcção puxou do tema “estamos a lutar contra as claques pelo bem do futebol”, quando as coisas não correm bem no futebol.

Agora, como belíssimos cobardes que são, saem de fininho de um protocolo que, como quase tudo o que fazem, tem um propósito máximo: dividir para reinar.
Parabéns, Dr.! Missão cumprida!