Depois de uma primeira parte que ameaçava transformar este Sporting vs Casa Pia em mais do mesmo, a passagem de Edwards para a direita e a entrada de Paulinho, dando à equipa uma real referência ofensiva, viraram o tabuleiro e o Sporting, nas garras de Nuno Santos e de Pedro Porro, festejou três vezes, vencendo não só o jogo como alguns fantasmas que o fazem desconfiar de si próprio

Obviamente que o resultado era injusto ao intervalo. Os Gansos, alcunha de guerra dada ao Casa Pia, estavam na frente, fruto de um golo marcado a quatro minutos do descanso, no segundo remate feito à baliza. O primeiro tinha ido ao poste, mostrando o anunciado pragmatismo de cada vez que conseguiam arrancar em transição e incomodar um Sporting que voltava a pecar no momento de decidir.

Os Leões dominaram toda a primeira parte, muito por culpa da capacidade de variar a forma como chegavam à área adversária, desta vez colocando de lado o cruzar desenfreado e desnorteado de bolas. Matheus Reis era central, ala, interior e médio ofensivo; Nuno Santos e Porro setas apontadas pelas alas; Pote mostrava-se bem mais mexido entre linhas; Morita era o joker a quem foi dada liberdade para estar aqui e estar ali, como se a bola tivesse que passar sempre por ele, e a verdade é que ainda só tinham passado cinco minutos e já Edwards falhava isolado. Depois seria Pote, depois Morita, e o redes casapiano foi-se tornando numa das figuras do jogo.

Cause sometimes you just feel tired, feel weakAnd when you feel weak, you feel like you wanna just give upBut you got to search within you, and try to find that inner strengthAnd just pull that shit out of you

Com o estreante puto Lamba no lugar do lesionado puto Marsà, Pote voltou a ameaçar assim que a segunda parte começou, o apagado Trincão teve o seu momento logo a seguir, pregando uma cueca e rematando com pezinhos de lã a fazer a bola ir caprichosamente ao poste, antes de ser substituído por Paulinho, que enquanto esperava na linha lateral viu o Casa Pia ir pela terceira e última vez à baliza do Sporting, desta feita para defesa de Adán. Três minutos volvidos, a locomotiva Porro voltou a percorrer toda a ala direita, flectiu para dentro e rematou em arco, para aquela que parecia mais uma defesa de Ricardo Batista. Acontece que o redes defendeu, mas não afastou, e Paulinho decidiu atacar a bola como um verdadeiro ponta de lança, quase entrando com ela rede dentro depois da cabeça em voo.

O Sporting sentiu o merecido golo e partiu em busca do segundo, construído dois minutos depois pelos homens que mais se destacaram ao longo dos 90. Porro, novamente, desta feita indo à linha e metendo do lado contrário da área, onde Nuno Santos, sem deixar cair, meteu junto ao poste, deixando a equipa a respirar de alívio e festejando com algo que é o seu principal argumento: alma e espírito competitivo.

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Os Leões não tiraram o pé do acelerador, os Gansos bem batiam as asas, mas não conseguiam acompanhar, e quando Edwards entrou na área com a bola colada ao pé, desviando uma, duas, três vezes dos defesas, o quartoem desespero, mandou um empurrão ao inglês e nem foi preciso VAR para ver o que o estranhamente supersticioso Amorim não quis ver: Pote correr em direcção à marca dos onze metros e bater o penalti com a calma de quem tenta meter a bola em jeito junto ao poste numa aposta entre amigos.

O 3-1 não só era justo como era muito justo, e estes três pontos sem discussão deixam os verde e brancos mais próximos do segundo lugar, o tal que é um dos dois que dão acesso à Champions, prova à qual regressamos quarta feira, em Londres, com espírito renovado.