Bom jogo da equipa que acabou numa derrota por 3-2 com a equipa do Porto Volei. Curioso o sentimento a que cheguei ao final do jogo porque não foi de decepção. Também não foi o de “força equipa” vamos ganhar o resto dos jogos. A verdade é que este campeonato será muito isto. Grandes jogos de voleibol onde estaremos sempre muito perto de ganhar/perder qualquer partida. Vamos ao jogo.

Mais um jogo e mais um milagre. Não esperava tanto da nossa equipa e isso deve-se, mais uma vez, ao mágico Rui Costa. Ao contrário do que tem sido habitual, o treinador Rui Costa optou praticamente sempre pela mesma equipa durante o jogo. As alterações eram cirúrgicas para serviço ou então por cansaço como me pareceu o caso da Amanda. A estratégia de serviço foi sendo adaptada ao adversário, especialmente tentando criar mais dificuldades à distribuição servindo em zona 1. Quando a Sofia Gouveia foi ao banco, optamos por saturar a receção da jovem Ana Monteiro e, mais no final do jogo, atacar a Inês Pereira com mais bola.

Do outro lado, as opções de serviço foram as mesmas desde o início do jogo. Castigar a Garcez com serviços, a espaços puxar pela Rafaela e fugir da Bruzza. A verdade é que a Garcez esteve à altura da ofensiva e acabou o jogo com bons números de recepção. No ataque somos um bonito exemplo do campeonato. É um orgulho ver que utilizamos todas as jogadoras, criando dificuldade no bloco. Mesmo quando alguma tende a estar num período de menor eficácia, a verdade é que a opção é sempre utilizar toda a rede para atacar (toda a rede = bola pode ir para a frente, meio ou trás). Estatisticamente acabamos o jogo com números interessantes. Pelo Porto Volei a bola de segurança era a Bruninha e, a par da Nosach, foram atacando sem nunca se cansarem. A Bruna acaba o jogo com 64 ataques com uns impressionantes 39% de eficácia.

Nos momentos de decisão, não conseguimos fechar pontos e o PV conseguiu. De destacar que, ao contrário da pouca rotação da nossa equipa, o treinador adversário testou 3(!) opções para ponta. Começa com a Sofia Gouveia, depois muda para a Ana Monteiro e termina com a Inês Pereira. Todas internacionais portuguesas! Todas! Lembram-se do que falei sobre orçamentos na semana passada? Aqui têm.

O nosso plantel precisa de uma pontuadora. Sem essa jogadora, tenho dificuldades em ver-nos nos momentos decisivos da época porque os outros têm Bonardi, Holt, Bruninha ou Juliana, só para mencionar algumas. Neste voleibol feminino faltam 3 coisas neste momento: comunicação, público e uma ponta pontuadora. Estará o diretor capaz de atuar nestas áreas?

 

Uma palavra sobre cada jogadora:

Vanessa Paquete: Seria complicado fazer melhor. Acaba o jogo com 51% de eficácia de ataque para 53 tentativas. Ao contrário do ano passado, chegou com folgo e condição física à negra. Fez um belo jogo.

Ana Figueiras: Melhor jogo até agora no Sporting CP. Em Guimarães fez um jogo terrível inventando passes e tomando opções estranhas. Este domingo foi o inverso. Jogou rápido, fintou, tentou mexer com todas as suas atletas. Tem uma margem de melhoria grande. Espero que reveja sempre os seus jogos e as opções que tomou em cada jogada porque o seu crescimento é o crescimento do Sporting CP. As opções para as centrais precisam ser revistas, mas insisto, fez um grande jogo.

Bruzza: Não merecia aquela bola no final do 3º set. A Bruzza de 2022/2023 é a melhor que vi até hoje. A melhor validação disso são os seus 40% de eficácia de ataque e o medo que os adversários têm de lhe meter a bola no serviço.

Rafaela: Uma jogadora que veio (quase) sem querer, revela-se a surpresa da época. Não sei como estaríamos sem ela, muito sinceramente. Potente e entusiasta, suplanta as suas limitações com concentração ao jogo. Só posso elogiar. Seria, para mim, a 3ª ponta perfeita da equipa, entrando em rotação permanente com as titulares. Neste plantel começa a ser evidente que o lugar a titular é seu.

Jady: Outra que fez um bom jogo. No ataque esteve imparável, mas esteve menos bem no serviço. Parecia que quando queria servir mais pesado, a bola não estava a encaixar bem na mão. No bloco também não conseguiu parar o ataque adversário, no entanto chegava bem para juntar à colega. O maior elogio que se pode fazer no bloco é o facto da Bruninha ter usado e abusado da diagonal curta. Esta opção de ataque existia porque o bloco estava a fechar bem.

Amanda: Penso que se tapassem a boca ela rebentava com o cansaço. O Porto Volei exigiu bastante da nossa jovem que acabou substituída pela Aline. A Ana Figueiras não lhe deu muitas bolas por isso passou algo despercebida no jogo. Ainda assim contribui eficazmente com 2 blocos em alturas importantes do jogo.

Aline Timm: O seu ponto forte é o ataque e acabou com 67% de eficácia. Trabalho cumprido. Talvez a tivesse feito entrar mais cedo no jogo, mais para dar opções de ataque à nossa distribuidora que estava com alguns receios com a Amanda.

Carolina Garcez: Eles caíram forte e feio na nossa libero. Na recepção foi estando bastante bem, na defesa mostrou bastantes dificuldades. A Bruna fez o que quis da nossa diagonal, infelizmente. Tem feito o seu trabalho num registo positivo. Seria estranho não se notar numa equipa a falta da melhor libero nacional. Claro que a Garcez não é a Dani, claro que a Garcez tem estado num nível interessante. Fez um bom jogo.

Bárbara Gomes: Saiu, drasticamente, da equipa em Guimarães e pode demorar a voltar porque a Rafaela quer mais o lugar. Ainda não chegou à época 2022/2023 e já vamos em Novembro. Tinha muitas expetativas com a sua vinda na época passada, mas já passou. É pena. Tenho pena.

Greta, Fernanda, Maria Maio, Daniana, Daniela Loureiro – Apesar da pouca utilização, destaco um momento. No final do 2º set, quando conquistamos o último ponto, sairam disparadas do banco a Daniela, Daniana e Timm para festejar. Estar no banco não é ser pinguim, é ser equipa! É ser uma extensão das titulares num estado permanente de alerta.

Ana Couto e Bruninha – Recebi 6(!) mensagens para comentar a prestação das duas jogadoras. Vou falar abertamente e sem tabus. Desde que fiz “bonito serviço” exclusivos para cada uma, nunca mais consegui dedicar um artigo a mais nenhuma jogadora do sporting CP. Significa isto que a saída de ambas me doeu muito. Ambas fizeram parte de um Sporting CP que eu acreditei que podia ter vencido uma competição importante. Maria Gadú ou Pedro Barroso tornaram-se pessoas coladas a estas jogadoras, infelizmente para mim. O que mais me magoou foi ter sabido da saída porque o estagiário do Porto Canal se enganou na reportagem e, em vez da Ana Karina Gamboa, colocou a Ana Couto. São duas grandes jogadoras que, ainda ontem, fizeram um jogo estupendo. Eu gostei muito delas e isso torna cada regresso ao PJR ainda mais difícil. Felizmente a minha opinião sobre este assunto tem uma relevância perto do zero porque é algo meramente emocional e pessoal. Quanto ao voleibol, repito, jogaram muito bem e vão levar o Porto Volei longe esta época.

 

Seniores Masculinos

No sábado fomos perder a Matosinhos com mais um 3 zero. Pouco eficientes na recepção e péssimos na defesa mostraram que o treinador João Coelho tem um longo trabalho a fazer. Não sei se feliz ou infelizmente, o problema não é técnico, é mental. A equipa precisa de ar fresco rapidamente. Pode ser o regresso do Tiago Pereira, que vai diretinho para titular quando estiver em forma, ou um libero de maior qualidade. Na distribuição, está na altura de o Jardim ter mais tempo de jogo. Sem mexer será sempre mais do mesmo.

 

Boa semana a todos.

 

*quando vê uma aberta no meio campo adversário, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo.