Depois das goleadas na Taça da Liga, o Sporting regressou ao campeonato e aplicou chapa três ao Paços, num jogo que podia ter terminado com o dobro dos golos para os Leões, que fecham 2022 com um ritmo que todos os adeptos desejam que se mantenha no novo ano

Seis ao Farense, cinco ao Marítimo, mais cinco ao Braga, num ritmo frenético que Amorim explicou com “o regresso da fome de ganhar”, e que todos esperavam que se mantivesse na recepção ao lanterna vermelha, Paços de Ferreira.

Os desejos materializaram-se logo aos três minutos, quando depois de uma jogada de insistência, Nuno Santos cruzou para Porro aparecer a cabecear na marca de penálti. O remate foi vigoroso, a bola bate na relva perto do redes, mas a forma como este aborda o lance resulta num frango que deve ter deixado à beira de um ataque de nervos a dúzia de adeptos pacenses que tiveram a coragem de se fazer à estrada, numa quinta-feira, com um jogo a começar às 21h15.

Para uma equipa que não sabe o que é ganhar nas 14 primeiras jornadas da Liga, sofrer um golo no espreguiçar do jogo era o pior que lhe podia acontecer; para uma equipa que vem embalada por goleadas, ver abrir-se cedo a perspectiva de mais uma foi o melhor que podia acontecer. Com Nuno Santos e Porro a serem verdadeiros extremos, com Pedro Gonçalves solto como há muito não se via, a ser mais 10 do que falso 8, deixando Essugo sozinho na tarefa de limpar tudo (e que bem jogou o miúdo), o Sporting teve ainda em Edwards e em Trincão dois fantasistas capazes de explorarem as entrelinhas, sempre com Paulinho como referência, nesta versão pós São Martinho que faz do camisola 20 um ponta de lança na plenitude.

O Paços estava completamente enleado na teia, atraído constantemente a pressionar no meio, para que os verde e brancos disparassem, depois, a bola nas costas da defesa. Edwards, Pote, Paulinho, todos eles ameaçaram novo golo, mas foi preciso esperar por um contra ataque perfeito para o inglês servir e Nuno Santos carimbar o 2-0. Depois, Porro, numa forma realmente impressionante, foi novamente figura, cruzando com nota 10 para o “peixinho” de Paulinho. Eles, os do Paços, até caíram.

No recomeço, o carrossel voltou a girar, desta vez com o cruzamento a vir de Nuno Santos para Pote que, de cabeça, escolheu os dez centímetros errados ao lado do poste. Foi o grande falhanço, antes do Sporting ir diminuindo a velocidade, sempre controlado, dando tempo e espaço para rodar a equipa, com os meninos Rodrigo Ribeiro e Mateus Fernandes a serem chamados e, de repente, ser-nos dada a possibilidade de ver Fernandes e Essugo a forma a dupla do miolo que, se os deuses do futebol forem justos, serão a dupla titular a médio prazo.

E assim foi correndo a segunda parte, com Antunes a ter que conter as lágrimas depois de ser ovacionado de pé, após substituição, com Essugo a ser bem expulso, depois de acertar de pitons na canela de um adversário (sem maldade, apenas pela sofreguidão de ir a todas as bolas), e com a partida a terminar com uma singela e justa homenagem a Coates, pelos 300 jogos de Rampante ao peito, quando já muitos dos 31 mil presentes tinham abandonado o seu lugar porque, com ou sem férias, há que sair mais cedo para manter o hábito.

Hábito de ganhar, de jogar bem, e de atacar desde o apito inicial, é precisamente aquele que os adeptos leoninos querem que a sua equipa mantenha no novo ano, dando sequência a um dezembro belíssimo: não sofre golos há 5 jogos e só sofreu um golo nos 7 últimos jogos (5 jogos sem sofrer qualquer golo é, inclusivamente, o melhor registo do Sporting desde 2014/15); somou a 7.ª vitória consecutiva, com uma diferença de golos de 26-1. Brindemos a isto, e que tenhamos saúde para continuar a brindar!