A esperança é um lugar complicado de se estar. Normalmente esvazia-se de racionalidade e engorda-se de emoção. Gosta de se misturar com medos e tem um desejo ardente de felicidade. Com esta alegria ambicionada, vem uma possível frustração. 

A esperança tem memória seletiva e isso influencia as suas expetativas. A esperança é nervosa, ansiosa e inquieta. A esperança é forte, confiante e irracionalmente positiva. É tudo isto e o seu contrário, por isso é tudo ou não é coisa nenhuma. 

A esperança é uma coisa à espera de vez.

Hoje começa a taça de Portugal e a minha esperança é tudo aquilo que escrevi antes. A emoção volta a tomar conta de mim e o desejo está num estado descontrolado. O Sporting CP faz-me isto, o voleibol faz-me isto. O poeta João Luís Barreto Guimarães diz que “há uma mão cheia de coisas à espera de acontecer. O copo quase a partir. O prazo quase acabar. (…) A narcose que há num beijo. Pagar a conta do gás. Um furo novo no cinto! (…) Podia encher um poema com uma lista de coisas que estão quase a acontecer. Uma a uma a todo o instante. A ordem isso não sei.”

Ganhar um troféu no voleibol feminino é uma dessas coisas à espera de vez. A esperança está grudada nesse vazio. Quando acontecer? A esperança vai embora e ficará a alegria, a felicidade e um belo copo de champanhe. 

Até deixar de ser possível contem comigo para esperar ou ter esperança (não sei bem qual palavra usar, pelo menos são da mesma família).

Força, Sporting Clube de Portugal!

 

A primeira equipa feminina, na 3ª divisão. Esta fotografia representa o início de tudo

 

*quando vê uma aberta no meio campo adversário, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo.