Olá, de novo!

É sempre engraçado quando insistimos num sonho que temos e este se cruza com a nossa absoluta incapacidade para o cumprir. Uma nova época começa e renova-se uma vontade, quase visceral, de ver o voleibol feminino do Sporting CP campeão nacional. 

Eu misturo a minha vontade pessoal com a total impossibilidade de ajudar desportivamente para este meu sonho. Isto até se vai passando em várias dimensões da nossa vida. Tantas pessoas que sonham num filho, o seu próprio sonho. Parece que é mais ou menos isto que me acontece.

Em jeito de confissão, se me perguntassem em Maio se estava motivado, eu diria que não. Entre um Sporting CP inerte, uma vida profissional e pessoal exigente, estava desmotivado. No entanto tudo mudou! Por mais redutor que possa parecer, vou dizer o motivo. Isto tudo transformou com a contratação da Ozzy. Não que a distribuidora conseguisse sozinha fazer o que quer seja, mas porque num comboio tão bem maquinado, esta peça pode tornar-se chave. 

Já tivemos o Peter Schmeichel, Angel Dennis, Carlos Ruesga e tantos outros exemplos. Quase ao jeito de um conto de fadas, chega a nossa turca favorita para (desculpem o meu francês) PARTIR ESTA MERDA TODA. 

Admito que até eu estou confuso nos meus pensamentos. Eu já confundo desejo com certezas, ambição com convicções. Bem, vou-vos passar o que vejo porque, apesar do olhar estar apaixonadamente turvo, alguma verdade há-de ter:

Amanda Cavalcanti: uma atleta pronta a explodir! Mais um ano, mais um passo, mais uma evolução. Estamos todos à espera da futura melhor central do voleibol português.

Aline Timm Rodrigues: fez anos há pouco tempo e só uma pessoa muito boa recebe tanto carinho de tanta gente tão diferente (nas cores). Tem muito Sporting CP a correr-lhe no sangue e no coração. 

Jady Gerotto: Bate Jady, bate com força! A vontade com que celebra é de leoa. Não para de crescer e faz tremer os adversários. Das melhores centrais do campeonato. Respect!

Ozge Kirdar: a excelência ao serviço do melhor clube do mundo. Que saiba dar o que sabe e nós saibamos aprender com a sua mentalidade. Pode já ter ganho muito, mas nunca ganhou no Sporting CP. Somos diferentes. Ponto.

Luana Rabechy: vem para ajudar e dar um passo mais na sua carreira. Vai trabalhar e ajudar.

Daniela Loureiro: os meus elogios à Daniela são anuais e ilimitados. A maior injustiça da sua carreira é nunca ter sido campeã porque tem a mentalidade, a liderança, o trabalho, o rigor, a qualidade, a persistência, o amor e o respeito. Gosto muito dela. Muito. Recordo-vos que, jogando na seleção nacional, veio para o projeto do Sporting CP na 2ª divisão em 2018/2019. É das nossas.

Carolina Garcez: a menina que tem nervos de aço e consistência de quem trabalha à espera, respeitosamente, pela sua oportunidade. A Carolina é do projeto Sporting CP e isso é motivo de tranquilidade (porque joga muito bem) e orgulho.

Vanessa Paquete: A Vanessa Paquete somos nós se fossemos jogadores do Sporting CP. Ninguém se esforça mais, ninguém festeja mais alto, ninguém trabalha mais, ninguém fica mais feliz numa vitória, ninguém fica mais frustrado quando algo não corre bem. A Vanessa é a razão pelo qual o romantismo no desporto é um fogo motivador. Não a trocava por ninguém do campeonato! 

Liza Kastrup: Estou muito curioso por ver a esquerdina a jogar. Os vídeos são bons, mas eu estou escaldado pelas últimas 2 opostas que foram contratadas. Que se adapte, esse é o meu desejo.

Thaís Bruzza: a eye of the tiger. Os anos passam, a qualidade mantém-se e o seu desejo ganhador está prestes a explodir. É raça desde a ponta dos cabelos à ponta das unhas. Recebe e defende magnificamente, serve como poucas e tornou-se uma pontuadora interessante. Para mim é a Bruzza mais 5. É uma obra de arte a jogar voleibol, uma aula de voleibol em forma de ser humano.

Moara Silva: cheira a revelação do campeonato. Parte, teoricamente, na quarta posição para ponta. Cheira a surpresa, Moara. A malta andava distraída contigo, mas parece que vais trocar as voltas ao povo. Atenção gente, aqui está ouro.

Thuany Bardin: quem é sub21 pelo país com um número estratosférico de jogadoras de voleibol é porque a qualidade está lá. Se eu mandasse no mundo, a Thuany seria a única bi-campeã nacional em 2023-2024. Tenho grandes expetativas para confirmar a sua qualidade, mas agora vestida de verde.

Lauren Matias: Alta e explosiva. Andamos há anos a desejar uma jogadora que ataque uma bola alta fora de sistema. Aqui está ela. Uma jogadora muito completa em todas as dimensões no jogo e que, adaptando-se, terá um papel decisivo no sucesso da equipa.

Rui Costa: o melhor treinador português de voleibol veste de leão ao peito e é o principal responsável por este trajeto do voleibol feminino do Sporting CP se aventurar chamar, um dia, um conto de fadas. 

Vou concluir sim.

Para primeiro artigo da época estou a passar-vos aquilo que sinto e vejo. Romantizado ou não, é isto. Acrescentando que o voleibol português não está preparado para um Sporting CP. Não está pronto para uma equipa que veio dos pavilhões de cimento de Lisboa ao topo do voleibol português. Um clube que sempre defendeu o desporto feminino, em especial, na voz do seu treinador. Um clube que valoriza a estabilidade do plantel à rotação consecutiva de caras. Uma equipa que envolve adeptos como um todo e não por estrelas ou padrinhos da Federação. Um clube que acredita na justiça do desporto, combatendo lobbies quase eternos. O voleibol português não está preparado uma equipa que sonha.

Este é o meu conto de fadas! 

Se em 2018, quando comecei a escrever, ser campeão nacional era o futuro. Aos meus olhos, o futuro está a chegar. Um dia vou escrever num título de um “bonito serviço” isto: O futuro é hoje  – conseguimos!

Quando faltar a esperança (e o trabalho) não sobra nada.

Somos da p*ta da raça que não se vergará.

Saudações Leoninas
Sérgio (Adrien S.)

 

 

*quando vê uma aberta no meio campo adversário, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo.