Foi a 20/03/2021, que se estreou na equipa principal do Sporting, Dário Essugo. Com apenas 16 anos e 6 dias, tornou-se o mais jovem de sempre a jogar pelo Sporting, batendo o recorde de Ricardo Santamaria, que em 1999, fez a estreia com apenas 16 anos e 11 meses.

Como juvenil de primeiro ano, Essugo ainda não tinha disputado qualquer jogo em 20/21, pela pausa competitiva que a pandemia Covid impôs. Assim, saltou diretamente para a equipa principal, sem nunca ter representado as equipas juniores, sub-23 ou B do Sporting.

Entrou aos 84 minutos, num jogo em que o Sporting recebeu e venceu o VSC pela margem mínima. No final da partida, os sportinguistas vivenciaram um emocionante momento, uma vez que o miúdo chorou com a felicidade da estreia.

Conjuntura que antecedeu a pronta “acusação” dos mais diversos críticos, que se estava perante uma estratégia de marketing para valorizar a formação do Sporting, ignorando-se que estavam em disputa três preciosos pontos na luta pelo título.

Fiquei surpreendido, mas como conhecia Essugo, confiei na aposta de Rúben Amorim, que permitiu ao trinco a alegria de se sagrar Campeão Nacional, com apenas 16 anos.

A partir de 21/22 passou a fazer parte do plantel principal e estreou-se na Liga dos Campeões (9 min, na deslocação ao Ajax). Disputou ainda 1 jogo na Liga Portuguesa (45 min), 15 jogos na Liga 3, 5 jogos na Youth League e 3 jogos na fase final do Campeonato Nacional de Juniores. Terminou a época em bom nível ao serviço da Seleção Nacional de Sub 17, no Europeu, tendo feito um golo de outro mundo, na derrota portuguesa nas meias-finais da competição, frente a França (desaire nos penalties) que viria a sagrar-se campeã europeia do escalão.

Na época seguinte, 22/23, as expectativas sobre Essugo eram altas e muitos sonhavam que ele se transformasse no nosso Camavinga (não pelas características, mas pela idade de lançamento), até porque teria a oportunidade de ser o backup de Ugarte, após a saída de João Palhinha. Contudo a performance de Morita, impediu que Essugo tivesse época de afirmação. Mesmo assim, ainda fez 10 jogos pela equipa principal (1 Liga dos Campeões, 2 Liga Europa, 4 Liga Portuguesa, 3 Taça da Liga). Somou também 12 jogos na Liga 3 e 4 jogos na Youth League.

Nas aparições na equipa principal, mostrou qualidade, mas também muita impetuosidade que lhe valeram amarelos, pouco tempo depois de entrar em campo. Fez recordar Luís Vidigal, que muitos detestavam, mas que a partir do momento que controlou a “virilidade”, tornou-se essencial na equipa que venceu o Campeonato Nacional 99/00 (Schmeichel considerou o trinco, o MVP da temporada) e na Seleção portuguesa que disputou o Euro 2000. Foi ainda transferido para Itália, onde conseguiu ser destaque no Nápoles, Livorno e Udinese.

A vontade de mostrar serviço era tão grande, que Essugo não controlava o tempo das entradas. Depois ficou na memória, um erro grosseiro frente ao Arsenal, que poderia ter colocado em causa a continuidade do Sporting na Liga Europa. Curiosamente, esse jogo fez-me acreditar ainda mais em Essugo, pois a forma como reagiu ao erro, demonstrou a sua personalidade e capacidade em gerir as emoções perante um erro desta dimensão.

No último jogo do campeonato frente ao Vizela, Essugo foi titular (saiu aos 56 minutos) e no final do jogo Rúben Amorim informou que o médio defensivo, não iria andar no elevador A/B, fixando-se na equipa principal: “Essugo tem de sentir que é jogador da equipa A, quando estabilizar a cabeça vai responder”.

Com a iminente saída de Ugarte, não obstante do desejo da chegada de um novo 6 para titular indiscutível, acreditava que Essugo seria aposta em 23/24, apesar de muitos defenderem que Essugo estava “verde” para ser aposta na equipa principal.

Narrativa hilariante, pois apesar de “não estar preparado para os A”, os que defendiam esta teoria, também achavam que não fazia sentido jogar Liga 3 por estar muito acima dos demais (mesmo sendo júnior de primeiro ano) e que jogar na Youth League ou Selecção do seu escalão, era quase batota.

Eu acreditava que Essugo iria ter papel importante na equipa principal em 23/24, negando a necessidade de um empréstimo para a sua evolução. Contudo a pré-época deixou-me apreensivo, por uma utilização residual ou não utilização. 

No último jogo antes do arranque do campeonato, em Goodison Park, frente ao Everton, foram deixados sinais claros que Essugo pouco iria contar, uma vez que o desenrolar da partida, exigia um jogador com as características do jovem médio defensivo e este não saiu do banco. Nessa altura, pensei que o Sporting tinha decidido por um empréstimo do jogador. Falou-se no Moreirense, mas acabou por ficar no plantel, ao contrário do seu companheiro Mateus Fernandes.

Apesar do arranque sem minutos, Rúben Amorim manteve a decisão de Essugo não jogar na Liga 3, ao serviço da Equipa B.  Certamente a decisão do jogador não competir na formação secundária dos leões, seria diferente com a existência de uma equipa B na II Liga. Mas incompreensivelmente, este (aparentemente) não é um objetivo da direção.

Mas sem dispersar, em momento algum nos podemos esquecer que Essugo é ainda júnior e na época 23/24, ainda não disputou qualquer jogo. Quando um jogador de 18 anos, que poderia estar a competir em quatro equipas do Sporting, tem zero minutos a meados de Outubro, algo não bate certo na sua gestão, apesar de ser opção para a Seleção Nacional de Sub 21, sendo esse o único espaço competitivo onde tem somado minutos. 

Não me parece que alguém possa achar lógico este “desenvolvimento” sem minutos, nomeadamente quando se fala que Essugo, estará a ser preparado para em Janeiro suprimir a eventual ausência de Morita, pela muito provável presença na Taça Asiática, ao serviço do Japão.

Muitos até poderão achar que Essugo não tem qualidade para o Sporting, tal como aqueles que nunca acreditaram no sucesso de Oceano, Vidigal ou Palhinha, mas pessoalmente acredito muito na afirmação de Dário Essugo.

Nos próximos dias, será a altura dos primeiros jogos da Taça de Portugal e Taça da Liga. Não imagino os mesmos, sem a presença de Dário, cabendo a este mostrar qualidade, consistência num meio-campo a dois e maior controlo na hora da disputa dos duelos físicos.

Se estiver redondamente enganado em relação à gestão de Dário Essugo, ficarei imensamente feliz. Pois tal será sinal de que estes meses sem competição, permitirão o sucesso deste promissor jogador, com a nossa camisola.

 

 

*”Crónicas para Formação Lovers é um espaço da autoria de sporting_343