O Sporting venceu o Farense por 4-2 e colocou um pé e meio na final four da Taça da Liga, num jogo que podia ter terminado numa goleada à antiga, onde Gonçalo Inácio jogou a seis, onde Trincão resolveu ser o jogador que se espera que seja, e onde tudo girou em redor da lei do homem que faz toda a diferença: Gyokeres 

Bas Dost foi o último ponta de lança a merecer honras de ídolo pelas bandas de Alvalade, e com toda a justiça, diga-se. Ora, no dia em que o holandês anunciava uma pausa, que pode ser um ponto final na carreira, depois de ter desmaiado em campo e ter sido detectado um problema cardíaco, Vicktor Gyokeres colocava mais um carimbo no passaporte que o lhe dará entrada nessa galeria dos ilustres, ao apontar um hattrick e confirmar que existe um antes e um depois da chegada do sueco.

A seu tempo poderemos discutir o que vou escrever a seguir, mas a diferença entre o Sporting de 22/23 e o de 23/24 é uma e só uma: Gyokeres. O ponta de lança sueco trouxe o que faltava de fio a pavio, desde a capacidade de marcar à capacidade de pressionar; da potência atlética ao altruísmo. Por isso, dê-se as voltas que se der, o Sporting joga à maneira deste novo super herói de Rampante ao peito.

Ontem, frente ao Farense, no jogo que assinalou a entrada do Sporting na presente edição da Taça da Liga, o sueco marcou três golos e a equipa foi atrás dele na vontade de ganhar e marcar, numa quinta feira à noite fria, com meia casa em Alvalade.

O Sporting foi, desde o primeiro minuto, uma equipa com vontade de ir para cima do adversário, e nesse cenário muito se destacou Trincão, que parecia ter sacudido dos ombros o peso que esta camisola lhe provoca, e ia deixando a cabeça em água aos adversários, de bola colada ao pé. O movimento na origem do primeiro golo, picando a redonda por cima do defesa que entra loucamente de carrinho, é daqueles que faz levantar da cadeira; o remate em arco, já na segunda parte, merecia ter terminado dentro da baliza, mas apenas valeu a defesa da noite.

A completar o trio de protagonistas, Gonçalo Inácio, ontem a jogar a seis, numa experiência de Amorim que tanto pode resultar da vontade de encaixar St Juste na equipa, como da preocupação com as parcas opções para o miolo (emprestem o Essugo o mais rapidamente possível, por favor. O miúdo precisa de jogar, jogar muito, e voltar a ganhar confiança).

Do lado do Farense, o homem do jogo foi mesmo o redes, Ricardo Velho, que além de sacar o golo a Trincão ainda evitou a celebração de Esgaio ou de Nuno Santos (que acabaria por fazer o gosto ao pé num lance caricato), além de ter respirado fundo com as perdidas de Paulinho, de Bragança ou de Pote, enquanto ficava a observar o que se passava na área contrária, onde Israel encaixava dois golos em três remates à baliza, parecendo muito mal batido no primeiro. Ah, o tal do Bebeto júnior voltou a marcar, e isso foi a coisa mais tipicamente Sporting que aconteceu nesta noite de 2 de Novembro de 2023, até porque de resto foi tudo à moda de Gyokeres.