Artur Soares dias fez as merdas que costuma fazer quando quer enviesar partidas, a direcção do Sporting fechou-se no silêncio de merda em que costuma fechar-se sempre que em causa está o Benfica, Ruben Amorim fez as merdas que costuma fazer quando inventa nas substituições, e numa noite que acabou por ser de merda para os Sportinguistas, salvou-se um golaço de Gyokeres e uma grande exibição de Hjulmand, na derrota, 2-1, no primeiro dérbi da temporada

Se calhar, começamos pelas notícias menos más: perdemos uma oportunidade de ficar com seis pontos de vantagem sobre Benfica e FcPorto, mas no final das contas continuamos a depender só de nós para ganhar toda e qualquer prova da época 23/24.

Obviamente que isto é o meu mecanismo de defesa a tentar minimizar a má disposição que os descontos do dérbi me ofereceram. Um dérbi para o qual o Sporting partia com a possibilidade de ser ainda mais líder, enquanto o Benfica tentava evitar o risco de mergulhar numa crise em sua própria casa.

O encarnados entravam com três centrais, mas um deles, Morato, ela lateral esquerdo, o que, no fundo, significava um regresso aos 4-2-3-1, até porque Musa voltava a ser o homem mais adiantado. O Sporting apresentava-se com o regressado Morita ao lado de Hjulmand e com uma dupla de laterais, Esgaio e Matheus Reis, que colocarão sempre em causa a nossa capacidade de jogar pelos corredores no último terço (que açúcar teria sido ontem, se tivéssemos um Porro ou um Nuno Mendes…).

Resumindo e baralhando, a primeira parte do dérbi foi um bom espectáculo de futebol, com oportunidades de golo para ambos os lados.

As primeiras três para os da casa: primeiro num ressalto que acabou com uma perdida escandalosa de Rafa (um penálti em movimento), depois num remate em arco do mesmo Rafa, com a bola a beijar o ângulo feito pelo poste e pela trave, por último quando João Mário se isola pela direita e pica a bola sobre Adán para Florentino saltar e não lá chegar.

Mesmo sem ter mais posse de bola, o Benfica conseguia ser mais efectivo quando chegava ao último terço. Do lado dos Leões, Edwards era o rastilho de dinamite que ia por ali fora, quase sempre derivando de dentro para fora, abrindo dezenas de metros de caminho (agora imaginem o que seria ter um Porro a cavalgar com o buraco que ficava no corredor direito). Diomande, de cabeça, foi o primeiro a assustar, obrigando o redes adversário a ir ao chão, depois Edwards inventou um passe para deixar pote na cara de Trubin, mas a merda do “amorti de trivela” foi uma bufa à figura (eu sei que é mais fácil em casa).

Até que, já os ponteiros caminhavam para o intervalo, Edwards tem uma arrancada brutal, corre meio campo e desmarca Gyokeres. O sueco entra na área e nem espera para dominar, aplicando de imediato uma buja que leva a luva e o poste atrás, antes de soltar o grito de felicidade colada à rede. Go-la-ço da besta escandinava!

O Sporting não podia pedir melhor, e o recomeço mostrou que os encarnados tinham acusado o toque. Estava tudo calmo, estava tudo controlado, até Rafa fazer mais um dos seus números de gritaria e rebolanço (sempre bem acompanhado por Musa e Di Maria), e permitir a Artur Soares Dias completar o que já tinha começado na primeira parte: a dualidade na amostragem de amarelos resultaria no segundo para Gonçalo Inácio quando apenas estavam decorridos cinco minutos da segunda parte (se alguém conseguir garantir que ele toca no Rafa, digam-me, sff).

O Amarelo que Edwards vê pouco depois, por simulação, é um exemplo claro da forma como este pulha inclina os campos de mansinho, e que é tudo menos novidade no que toca a jogos do Sporting. E, sim, foi também por aqui que o Sporting acabou por perder o jogo.

Depois, Amorim ajudou à festa. Após um compasso de espera face à expulsão de Inácio, a decisão para reequilibrar a equipa foi lançar St Juste. Até aí tudo bem, mas o que pode questionar-se é o porquê de ter saído Edwards, que era quem tinha, até aí, feito toda a ligação e as transições entre a defesa e o ataque?

Ainda assim, o jogo manteve-se controlado, com zero oportunidade de golo do Benfica, incapaz de criar lances que lhe permitissem entrar na área do Sporting. O único “bruá”  veio de um remate de Di Maria, de fora da área, que Adán defendeu para a fotografia. Hjulmand parecia estar em todo o lado, assinando a melhor exibição de Leão ao peito, e Morita ajudava a dominar o espaço. Acontece que o japonês, parado há duas semanas por lesão, começou a dar sinais de fadiga muscular, pedindo a substituição.

Ao contrário do que seria de espera, em vez da entrada de Bragança, entrou Paulinho. Para a posteridade, fica o momento em que Hjulmand pergunta ao 20 quem vai jogar com ele no miolo, e Paulinho, a rir, diz, “sou eu”. Ao que parecem, Amorim optou por colocar o avançado a jogar a médio, por achar que o Benfica apenas criava perigo através de cruzamentos, e Paulinho é melhor no jogo aéreo. Não faria sentido meter alguém capaz de preservar a bola (Trincão já tinha entrado, mas foi uma nulidade nesse aspecto), dando-nos tempo?

O jogo chegou ao fim, vieram os seis minutos de desconto e veio o golo do empate, num canto, num cruzamento, onde Paulinho fez zero diferença, onde Nuno Santos estava a marcar a meia lua da área e onde toda a gente estava enfiada na mais pequena. João Neves, o melhor do Benfica, teve direito ao festejo que a sua exibição justificava.

O que acontece depois, é fruto de uma equipa sem cabeça, incapaz de digerir o golo do empate, abrindo espaço para a cambalhota no marcador.

Se calhar, terminamos com as notícias menos más: perdemos uma oportunidade de ficar com seis pontos de vantagem sobre Benfica e FcPorto, mas no final das contas continuamos a depender só de nós para ganhar toda e qualquer prova da época 23/24. Obviamente que isto é o meu mecanismo de defesa a tentar minimizar a merda de azia que os descontos do dérbi me ofereceram.