A festa da Taça fez-se em Alvalade, com o Sporting a atropelar o humilde Duriense, confirmando as gigantes diferenças entre os dois emblemas e enchendo de felicidade as centenas de crianças que, na bancada, já só pediam que os seus ídolos lhes oferecessem duas mãos cheia de golos 

Foi o que se esperava que fosse ou, se preferirem, foi aquilo que se os adeptos do Sporting devem exigir aos jogadores que vestem a camisola do Sporting.

A diferença entre Leões e Dumiense é a diferença entre quem ganha milhões e faz do futebol a sua profissão, e entre quem acrescenta um ou dois trabalhos ao futebol e faz horas extra na relva para viver um bocadinho do sonho de ser jogador da bola. Não admira, por isso, que no final, apesar dos oito a zero que podiam ser mais, o técnico dos minhotos, Fábio Oliveira, afirmasse estar orgulhoso dos seus jogadores. “Claro que perder 8-0 custa, mas não viemos com autocarro nem a queimar tempo. Deixámos uma boa imagem e o futebol português precisa disso. Quando o Sporting acelera, é uma diferença muito grande, então quando entraram o Edwards e o Gyokeres… foi sofrer”.

A entrada do sueco é, aliás, elucidativa da forma como o Sporting encarou o jogo após o intervalo: o camisola 9 entrou como se viesse para uma eliminatória da Champions, disposto a atropelar quem se colocasse no seu caminho, disposto a correr como só ele corre, disposto a pressionar, com fome de marcar.

Nos cerca de 25 minutos que esteve em campo, a besta escandinava, recebida em gritos emocionados pela criançada, ofereceu um golo a Paulinho, ganhou um penálti que Nuno Santos converteria, e foi por ali fora assinar à bomba o golo que tinha mesmo que marcar.

Por essa altura já o carrossel do Sporting girava a grande velocidade. Trincão divertia-se como defesa direito, jogando quase sempre a extremo, e combinando com Edwards. Hjulmand ganhava todas as bolas que havia para ganhar, no meio campo, até Matheus Reis vinha cá à frente entrar pela canhota com cuecas e truques. Tudo normal, até porque por essa altura os homens do Dumiense já sentiam nas pernas a diferença de ritmo, depois de ao longo dos primeiros 45 minutos terem conseguido manter-se organizados nas suas linhas defensivas, apenas sendo traídos em lances de bola parada: primeiro Neto, quebrando um jejum de dez anos sem celebrar golos, depois Paulinho, assinando o primeiro da conta pessoal, que registaria um hattrick.

Chegou a ser chata a primeira parte, pese a facilidade com que os Leões ganhavam as extremas e entravam na área adversária. Lentidão, displicência, más decisões no último terço, explicavam o singelo 2-0 ao intervalo.

Quando Coates e Paulinho mostraram os dentes, logo a abrir o segundo tempo, estava aberto o caminho para a goleada, para a qual Trincão também contribuiu com um remate certeiro.

Nas bancadas, os cerca de mil adeptos do Duriense nunca deixaram de apoiar as gentes da terra, e mereceram que os Sportinguistas a eles se juntassem num aplauso final a quem foi sério da forma que podia ser. Do lado dos verde e brancos, a festa maior foi para as centenas de crianças espalhadas pelas bancadas. Para os adultos, este foi apenas um resultado normal, como consequência da seriedade com que os nossos jogadores abordaram a partida, mas para a pequenada, este foi um final de tarde que quase lhes encheu de golos as duas mãos pequeninas, e é essa a história que vão contar ao longo dos próximos dias. Afinal, uma pequena festa nunca fez mal a ninguém, certo?