Num Municipal de Chaves fustigado pela chuva, o Sporting foi inabalável no seu desejo de vitória, e só pode queixar-se de si mesmo por ter demorado tanto a deixar o adversário KO e a somar mais três pontos na liderança da Liga

Escolher um equipamento branco para jogar num terreno que sabemos que vai virar lama ao final de algum tempo, é coisa para nos fazer recuar à Choupana e à imagem de Palhinha, exemplo maior desse espírito guerreiro, todo enlameado na conquista de três pontos que, na altura, se transformaram num dos momentos mais importantes da caminhada para o título.

Ora, três anos volvidos, o Sporting está longe de voltar a celebrar a conquista do campeonato, mas, com a vitória de ontem, em Chaves, carimbou o primeiro lugar no final da primeira volta sem deixar margem para dúvidas. Aliás, a maior dúvida, mesmo, foi perceber quando é que os Leões iam marcar o primeiro, tal a sequência de golos cantados que foram sendo evitados pelo redes flaviense.

O desperdício começou com um cabeceamento de Gyökeres, pouco depois dos dez minutos, Hugo Souza a defender a bola do sueco e a recarga de Esgaio. Depois, dois remates de Gyökeres, um a encontra o redes, o outro a encontrar um defesa em modo futsal, a oferecer o corpo à bola, uma e outra vez, que Trincão também viu a recarga ir contra o presunto do Steven Vitoria. Seguiu-se uma cabeçada de Paulinho, que apesar de em fora de jogo permitiu ao redes brilhar novamente, antes de Pote ensaiar um remate passe de fora da área que passou um palmo ao lado de ser um dos golos do ano.

De desperdício em desperdício, chegámos ao desperdício maior, quando  até chegarmos ao desperdício maior, quando Pote viu o atraso de João Correia ficar preso nas poças e correu por ali fora, cara a cara com o redes, só tendo que escolher para onde marcar, e acabando por acertar em cheio na mancha do Hugo que ia sendo a figura do jogo.

Foi já em cima do intervalo, na sequência de um canto e de uma confusão na área, que Paulinho mostrou os dentes à malapata e meteu a bola finalmente lá dentro. O 0-1 ao intervalo era curto para tanta oportunidade, mas no recomeço os Leões ajustaram contas com o desperdício. Trincão sacou da cartola um remate de primeira, para um golaço, logo aos cinco minutos da segunda parte, antes de Pote assinar o regresso à região onde nasceu com o golo que havia ensaiado na primeira parte.

Aos 55 minutos, o Sporting colocava um ponto final na partida, gerindo a partir daí a justa liderança de uma Liga onde uns usam jornais para pedirem mais expulsões de Gyökeres, e outros encostam a cabeça aos árbitros, aos berros, com total complacência de quem apita e conferências de imprensa em inglês sonso sem contraditório. Resta-nos continuar a ganhar, deixando-os continuar a falar.