Foste um perfeito exemplo de uma relação “adoro-te e detesto-te”.

Nunca concordei com o valor pelo qual foste contratado, num negócio financeiramente muito questionável, ainda mais quando, agora, se fica a saber que o Braga mama 30% da transferência. Blasfemei contra esse valor, de cada vez que te via falhar golos simples e ser capaz de assumir aquilo que tinhas que ser por não haver mais opções, o homem golo da equipa.

Sempre elogiei a forma como davas o que tinhas e o que não tinhas em campo (todos se entregassem como tu), a forma como eras um elo que cimentava a relação entre todos no plantel, o respeito e orgulho com que tratavas o Sporting sempre que falavas.

Diz que vais para o México, diz que é um contrato irrecusável, diz que partes depois de teres conseguido ser aquilo que tantas vezes te exigi, contribuindo decisivamente para conquistarmos o Campeonato Nacional depois de te apanhares liberto do peso que era teres que ser um Gyokeres.

Nunca me importei com a ideia de te ver partir, mas agora que partes sinto-me nostálgico. Creio que isso significa que conseguiste ser mais do que um mero jogador, creio que isso significa que o exemplar João Paulo superou o tantas vezes questionável Paulinho.

Eles continuarão a cair, mas aquele festejo e aquele cântico ficam na caixinha das memórias que atravessam gerações e passam da bancada para qualquer local onde se ouça um na-na-na-na-na, na-na, na-na-na, na-na-na.

Vou ter saudades de ver-te mostrar os dentes, João Paulo.
Boa sorte, e obrigado!