O futebol não é uma ciência exacta. Mas existem factores essenciais a qualquer equipa que se queira vencedora, competitiva e equilibrada durante uma época inteira.

O Sporting de 2012/13 parece-nos agora uma miragem longinqua, uma memória demasiado dolorosa, mas que devemos preservar como tudo aquilo que não se deve repetir. Já não serve de termo de comparação, nem deve servir, já não é algo que faz parte do nosso presente, mas é uma lição para a história do nosso clube.

Um dos maiores motivos do nosso fracasso, naquela altura, e um dos motivos pelos quais tivemos tantas dores de crescimento, seria a falta de verdadeiras referências dentro do balneário e em torno do clube. Naquela época, apenas Rui Patrício e Marcelo estariam verdadeiramente comprometidos com os valores Sporting e seriam os únicos capazes de usar a braçadeira de capitão. Tentou fazer-se de Rinaudo uma espécie de capitão à força, com todo o respeito que o atleta me merece, mas faltava liderança, faltava conhecer o que realmente significa usar aquele símbolo e aquelas cores. Existia qualidade, não duvidemos disso, mas a verdade é que nunca se passaram os níveis de exigência nem a herança cultural do que representava o Sporting para toda esta massa adepta.

Hoje, essa é uma realidade completamente diferente e o Sporting tem finalmente referências de sportinguismo no seu plantel. Um facto indossociável do que é o sucesso de uma equipa, um dos motivos pelos quais o Porto tem vindo a descer o seu rendimento, um dos motivos pelos quais equipas como o Milan, Valencia, Inter ou United não conseguem voltar aos lugares que ocupavam. Porque não bastam dois jogadores que percebam a mística, tem de existir um conjunto deles. Se a qualidade é importante e a escolha de um treinador também, a presença de jogadores “intocáveis”, que olham para os adeptos com familiaridade e que conseguem acolher quem chega, é um dos pontos mais importantes naquela que é a imagem e sucesso de um clube.

Rui Patrício, Adrien, William e João Mário, formados no nosso clube e lote de capitães, serão a expressão máxima do que é o crescimento no Sporting, do que é a afirmação como líderes em campo e do que será um exemplo para os mais novos. Mas existem, e têm existido, outras figuras, que não cresceram connosco mas que se tornaram sportinguistas. Falo de João Pereira, Paulo Oliveira ou Slimani. Não são adeptos, não são jovens da nossa Academia, mas mostram todas as semanas um respeito invejável pela camisola que vestem e mostram todas as semanas que perceberam melhor que ninguém que jogam num clube onde não se desiste e não se pára de lutar.

O sucesso nestes três anos, mais que a recuperação económica e desportiva, é que conseguimos fazer isto tudo recuperando aquilo que verdadeiramente estava perdido: a mística do Sporting e o regresso do orgulho dos nossos jogadores em vestir a nossa camisola.  Temos de ter tanto orgulho neles como o respeito que demonstram por nós, mesmo quando empatam ou perdem, mesmo quando perdermos títulos.

As referências estão de volta. Essa é a maior conquista desde a época de 2012/13 e esse são os nomes que pintam de dourado a nossa história.

 

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa