Dá tanto gosto ver jogar este Sporting, como irrita não vê-lo em primeiro. Porque se chega a meia dúzia de jogos do final do campeonato e se fica com a certeza que nem por uma vez a turma de Alvalade foi inferior a um adversário e, mais, em todos os jogos criou situações de golo suficientes para vencê-los (a pior performance terá sido em casa, com o Rio Ave, num jogo onde as poucas ideias foram castigadas com 0-0).

E, ontem, à passagem dos 20 minutos, já o Leão se tinha feito rogado a duas o três bocadas nos pastéis a queimar de tão doces. A “gosmice” de Teo, que preferiu tentar a cueca ao redes em vez de meter em Slimani, a rosca de Teo a passe de Ruiz, a escorregadela de William quando já tinha tirado o guarda-redes da frente. Os adeptos com as mãos na cabeça e o Belenenses a agradecer a sorte de estar encostado às cordas sem que nenhum dos golpes o atingisse a sério.

Mas o Leão não abrandava o ritmo, com a defesa subida a empurrar o meio-campo para a frente, tão para a frente que William recuperava as bolas no meio-campo adversário e Adrien era o seu braço direito nessa tarefa. E seria o capitão a lançar Slimani para o primeiro golo da noite, numa finalização de alto nível por parte do argelino. O mais complicado estava feito e o segundo não demorou: penalti claríssimo sobre Bryan Ruiz e Slimani a não desperdiçar da marca dos onze metros. O avançado estaria perto de fazer o terceiro ainda antes do intervalo e esta grande primeira parte leonina terminaria com os do Restelo a darem um ar da sua graça através de um remate perigoso de Carlos Martins.

No recomeço, o Sporting não abrandou. William continuava a recuperar bolas atrás de bolas, Adrien e João Mário faziam jogar e a defesa azul continuava a ser apanhada uma e outra vez em lançamentos para as suas costas. Curiosamente, seria num lance com a defesa posicionada que o Sporting chegaria ao terceiro: um mau alívio que vai ter aos pés de Adrien e o capitão leonino a lançar uma bomba, em jeito, que só parou no fundo das redes. E nos dez minutos que se seguiram, o futebol leonino virou uma espécie de vendaval: Bryan Ruiz falha na cara o guarda-redes, Teo aproveita uma sobra de um cabeceamento de Coates para fazer o quarto (em posição irregular), Slimani faz o quinto, mas o golo é anulado por um suposto fora de jogo que não existe.

Era altura do Sporting abrandar a pressão e desse relaxar surgiriam as oportunidades para o Belenenses fazer os seus golos. Pelo meio, o reaparecido Mané ofereceria o segundo golo da noite a Teo, quinto de um Sporting que voltou a dar uma resposta cabal sobre as suas capacidades. Aliás, dá tanto gosto ver jogar este Sporting, como irrita não vê-lo em primeiro. Porque se chega a meia dúzia de jogos do final do campeonato e se fica com a certeza que nem por uma vez a turma de Alvalade foi inferior a um adversário e, mais, em todos os jogos criou situações de golo suficientes para vencê-los. E aqui chegados, é esse o desafio que o Leão e os seus incansáveis adeptos parecem aceitar de bom grado: ganhar todos os jogos até final do campeonato. Depois, logo se vê.