Vou vos contar uma história. Para mim é de encantar, para vocês…não sei. Mas vou contá-la na mesma. Todas as histórias têm um título, esta também. Chama-se “O Meu Sporting”…haverá melhor?
Desta vez não começa por “era uma vez”, não tem sequer princípio, nem meio nem fim, não tem moral nem twist. É apenas uma sucessão de imagens, fantasias, caminhos sem estrada, sons e sabores que vão atravessando a minha cabeça. Sonhos de criança adulta acordada.

Um estádio. Alvalade, listas verdes e brancas pintam as bancadas fazendo da nossa casa uma enorme, gigante, camisola. Numa das bancadas superiores a palavra “Esforço”, “Dedicação” a seguir a essa, “Devoção” na próxima e “Glória” para terminar o sector. Um relvado com um enorme leão rampante ao centro, de verde brilhante, vivo e reluzente a refletir a luz do sol ou a luz dos holofotes. Assim que os jogos terminam no Pavilhão João Rocha e a travessia pelas roulotes acaba, as bancadas enchem. Enchem mesmo. Pais, filhos, netos e netas, vindos de Castelo Branco, Chaves, Faro, Beja, Rio Maior, Covilhã, Alenquer, Rio de Janeiro, Macau, Nampula, Durban, Paris ou Vancouver ocupam os seus lugares, até os que antes tinham já tapado bem fundo um fosso que só havia servido para quebrar uns ossos a adeptos mais esfusiantes.

Antes do jogo iniciar desfilam as modalidades e os escalões de formação. Títulos e mais títulos. Porque o clube é mais do que futebol e é muito mais do que futebol profissional. Desfila-se não só o orgulho, mas a convicção de que aqueles merecem tanto “pisar a fama” comos os que de 1 a 11 são anunciados pelo speaker de serviço. As claques, cada vez mais reconhecidas pelo apoio, só isso, fazem saltar as bancadas, agitam bandeiras e curvam mais ainda a curva mais fantástica do país.

Naquela hora e meia, Alvalade é o centro do mundo, o centro da festa que começa com o Mundo Sabe Que, percorre todos os hinos e cânticos que enobrecem o nosso espírito de luta e acabam com a saudação a uma equipa que espalhou magia, suor e memórias que todos vão levar para casa nesse dia. Sim, porque ainda é de dia.

À saída do estádio, alguns exaltam as jogadas daqueles jogadores que já vestem de leão desde meninos, outros preferem a classe daquela contratação sonante e alguns apontam para o local antes estavam tétricos azulejos e agora se podem encontrar, em quadrados de 50x50cm, um gigantesco e interminável painel com Leões desenhados, pintados, esculpidos, gravados, um de cada cidade, um de cada vila, cada núcleo, filial. O que envolve o estádio é afinal o que o preenche, o que o suporta.

Na minha história cabe também um clube que não é só Lisboa ou Portugal, mas que é todo o Mundo. Desde o Canadá à China, da Suécia à África do Sul, o Leão espalha-se através de núcleos, escolas ou apenas “embaixadores”. Espalha um ideal desportivo, um encontro de Portugalidade e caminhos que abrem as nossas equipas como a de Voleibol, Basquete, Futsal e Rugby ao talento de um planeta que cada vez mais reconhece o Sporting como um emblema campeão de causas, valores e mérito.

“O Meu Sporting” é uma utopia. Como utopia não precisa de títulos para respirar nem de milhões para se mover. Respira o que de melhor existe no ser humano e ganha o dinamismo da crença que o desporto é um ideal que valoriza essas qualidades, nunca as diminui. A minha história não acaba aqui. Não acabará nunca. Porque esta história sou eu e “O Meu Sporting” existe, pelo menos enquanto eu existir.

 

*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca