O fio de jogo da nossa selecção nacional é daqueles tão raros, tão distintos e tão incríveis que quase ninguém dá por ele. A não ser que chamemos a fio de jogo umas bolas longas da defesa, o William a safar ressaltos, bola nos desgraçados João Mário e André Gomes e as correrias desenfreadas de Nani e Ronaldo na esperança que uma bola magicamente lhes caia em condições de finalizar.

E o mais estranho em tudo isto é que estamos perante um conjunto de jogadores que chega, quase todo, no pico da sua forma a este EURO 2016. Adrien, William, João Mário e Patrício foram as pedras basilares do Sporting, Renato assumiu a liderança do meio-campo do Benfica, André Gomes foi, talvez, o melhor jogador do Valencia, Raphael transferiu-se para Dortmund, Pepe e Ronaldo conquistaram a Undécima e a jogar bem, Anthony Lopes foi o melhor redes em França, Danilo em grande pelo Porto, Nani e Quaresma encontraram novo folego na Turquia. A lista poderia continuar. Porque à exepção de Moutinho, Bruno Alves e de Eliseu, todos os seleccionados estão com ritmo, a jogar bem e em grandes fases da sua carreira.

Espanta-me, por isso e por muito mais, que não nos apresentemos, pelo menos, com uma ideia de jogo mais fixa, jogadores mais inspirados e com uma espécie de fio de jogo. E espanta-me que Cédric continue a ver os jogos no banco depois da mediocridade que tem sido Vieirinha e choca-me que Moutinho tenha, na nossa selecção, o mesmo estatuto que Ronaldo. A equipa só melhora quando ele sai, mas todos os jogos tem lugar cativo no onze.

Já não é altura de experiências. E portanto o mais certo é que Adrien não tenha a sua oportunidade naquele que é o seu lugar por direito: jogar ao lado de João Mário e William. Mas se até Rafa, o menino bonito, tem tido tantos minutos como o Bruno Alves, está tudo dito sobre a capacidade inovadora do nosso seleccionador.

Reconheço a Fernando Santos o mérito de nos ter apurado directamente, algo que não acontecia há muito tempo, de ter morto alguns borregos nestes meses e essencialmente de perceber que o futuro de Portugal só podia ter por base o sistema de Rui Jorge, que tantos frutos tem dado. Mas a casmurrice de não aproveitar rotinas criadas, a injustiça a que assisto jogo após jogo para com Adrien e até Rafa, o facto de não jogarmos a ponta de um chaveiro e mesmo assim continuarmos a desprezar a base que o Sporting oferece ao meio-campo, faz com que a minha esperança seja quase nula para este sábado.

Resta-nos enviar aquele abraço ao Capitão, que tanto orgulho nos tem dado e que tantas injustiças tem superado ao longo da sua carreira. É hoje um jogador de classe, dentro e fora do campo, um equilibrador para qualquer equipa e um homem como existem poucos. Os milhões de sportinguistas, e muitos rivais atenção, apoiam-te nesta altura mais complicada em que assistes a uma camisola 8 a arrastar-se em campo.

*às quintas, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa