André Martins terminou a ligação ao Sporting depois de 14 anos ao serviço dos leões, apenas interrompida pelos empréstimos ao Real Massamá, Belenenses e Pinhalnovense. O contrato terminou em junho e o médio vai agora mudar de ares: assinou pelo Olympiakos para as próximas três temporadas. Antes de se juntar à nova equipa, o médio falou ao Maisfutebol e recordou os anos vividos entre Alcochete e Alvalade, que serão agora trocados por Atenas (e, cá para nós, era tão bom que os jogadores soubessem sempre colocar um ponto final nas perguntas manhosas como o André faz ao longo desta entrevista).

Sai do Sporting ao fim de 14 anos, mais de metade dos 26 que tem. Que balanço faz deste tempo todo em Alcochete e Alvalade?
Um balanço positivo, claro. Aprendi muito, cresci muito como jogador e homem. Devo muito ao Sporting pelo que sou hoje. Foram 14 anos bem passados, com altos e baixos. Saio muito contente pelo trajeto que fiz, mas agora estou completamente focado no Olympiakos.

Vai jogar de vermelho, mas «lá fora». Em Portugal só no Sporting?
Não sei, não posso dizer que sim ou que não porque acima de tudo sou profissional. Gosto muito do Sporting e toda a gente sabe que sou sportinguista de coração, mas é o meu trabalho e se um dia as coisas se proporcionarem de outra maneira não sei qual vai ser a minha resposta.

Falou-se muito no processo falhado da renovação. Porque é que o Sporting e o André Martins não conseguiram chegar a acordo?
As coisas aconteceram naturalmente. Não chegámos a acordo porque, se calhar, não tinha de ser. Eu não estava a jogar muito, o Sporting tem jogadores com muita qualidade e muitos jogadores e tenho a certeza que foi o melhor para mim. O Sporting fica muito bem servido com os jogadores que tem.

E o André Martins fica bem? Acha que era a altura de sair?
Sim. Acho que estava na hora de mudar de ares e viver coisas novas, um novo desafio, noutro clube e noutro país. Acho que mudar me vai fazer bem enquanto jogador.

No último ano jogou menos, e dado que não renovou, sai magoado com alguém?
Não, nem guardo mágoa a ninguém. Sou assim na vida pessoal e também na profissional. Não sou de guardar rancor ou alimentar essas situações. Saí a bem do Sporting e ainda bem que saí assim.

Mas, nos últimos tempos, tem havido muitas polémicas com as saídas do Sporting: Rojo ou Carrillo, por exemplo, e outros jogadores que parecem querer sair e não saem…
Cada um sabe do seu caso. Não sei nada sobre essas polémicas. Essas coisas são entre a direção e os jogadores em questão. Eu saí a bem e fico satisfeito com isso.

E como foi trabalhar com Jorge Jesus?
Foi bom. É um treinador muito bom, que percebe muito do jogo e tem-se visto pelo trajeto dele e do Sporting na época passada no campeonato. Acho que ficando este ano o Sporting tem uma grande vantagem, porque já conhece as ideias do treinador. Espero sinceramente que as coisas corram bem.

Teve vários treinadores no Sporting, conhece muitos métodos diferentes. Que técnico destacaria como o melhor?
Não sei. Fazendo um balanço, gostei de trabalhar com todos. Houve uns com quem joguei mais, mas isso não faz deles melhores. Tive muito bons treinadores com quem aprendi muito e estou grato por isso. Não sei eleger o melhor, mas, felizmente, trabalhei com grandes treinadores.

E companheiros de equipa?
Felizmente sempre gostei de todas as pessoas com quem trabalhei, mas claro há sempre aquelas pessoas com quem nos relacionamos mais: o Cédric, o João Pereira, o Adrien ou o João Mário, por exemplo.

Por falar em João Mário e nesses jogadores mais próximos, algum deles vai sair?
Não sei. Isso são eles que têm de dizer. Falamos sobre como as coisas estão a correr, mas não falamos sobre saídas. Não sei se o João vai sair ou não, mas espero que o que lhe acontecer seja o melhor para ele. É um grande jogador e um grande miúdo, impecável, humilde, com os pés bem assentes na terra e que merece o melhor.

Em forma de balanço, que momentos de verde e branco leva consigo e nunca esquecerá?
Muitos, mas sobretudo os títulos seniores. Ganhei uma Taça de Portugal e uma Supertaça, são momentos inesquecíveis. Tive pena de não ser campeão, mas sei que o Sporting agora está mais perto de o ser do que nos últimos anos. Não pude festejar como jogador, mas espero festejar muitos títulos como adepto.