Amanhã, dia 3 de Setembro, começa o Campeonato Nacional de Seniores Masculinos, prova que tem o código de PO1 no sítio da Federação de Andebol de Portugal (www.fpa.pt). Vamos hoje dedicar algum tempo a esta prova.

Até ao ano passado, o título de campeão nacional era atribuído através de um play-off, à melhor de cinco jogos. Que me lembre foram sempre disputados os cincos jogos, tivemos sempre pavilhões cheios e uma excelente promoção da modalidade. Este ano a “coisa” mudou.

No final da época passada reuniram-se um conjunto de nove clubes, (ficaram de fora Sporting, Benfica e Passos Manuel) e entre si cozinharam uma alternativa ao play-off, modelo que nunca agradou ao FC Porto. Desta reunião, surgiu uma proposta à Federação de Andebol de Portugal que tinha dois pontos em destaque: 1º o fim do play-off; 2º o alargamento da 1ª divisão para 14 clubes.
Primeiro problema a solucionar: quem seriam as duas equipas extras? Os que desceriam e assim mantinham ou os que na segunda divisão ficaram nos lugares imediatos aos que davam direito a subir. Solução arranjada, os dois que desceriam e os dois da segunda que ficaram perto de subir, jogam um torneio a 4 para apurar dois.

O primeiro ponto percebe-se a sua origem, o segundo ponto foi o “rebuçado” oferecido para que os clubes de menos nomeada apoiassem o FC Porto. Mas o que nasce torto tarde ou nunca se endireita, e a sabedoria popular é muito grande, por isso o que acabou por ficar como proposta final foi um presente envenenado a esses mesmos clubes de menor nomeada.

Passo a explicar. A prova este ano terá na mesma duas fases. A primeira igual aos anos anteriores, ou seja, todos contra todos a duas voltas. No final desta fase, os seis primeiros classificados irão jogar uma segunda fase, outra vez todos contra todos a duas voltas, mas partem com 50% dos pontos obtidos na primeira fase. Por exemplo a equipa que somar 50 pontos parte com 25, a que somar 49 parte com os mesmos 25 e quem somar 48 parte com 24. Os restantes 8 clubes vão jogar uma segunda fase entre si nos mesmos moldes, 50% dos pontos e todos contra todos a duas voltas. Os dois últimos descem à segunda divisão.
Esta forma de organizar a segunda fase é o tal presente envenenado. Ao juntar 8 clubes a jogar para não descer e 6 para apurar o campeão, o que se conseguiu foi ter mais jogos entre as equipas de segundo plano, mais despesas associadas a esses jogos e por isso um sobrecarregar do orçamento dessas equipas.

Primeiro impacto desta decisão, o Passos Manuel abdica de jogar a 1º divisão e o SC Horta não precisa de jogar o torneio de apuramento. Deste modo, o tal torneio fica reduzido a 3, são eles o Fafe da 1ª divisão e Académica de S. Mamede e a Sismaria da 2ª divisão. Esta prova disputou-se em concentração (19 a 21 Set.) tendo o Fafe conseguido a última vaga para a 1ª divisão.

A nosso ver o terminar com os play-off foi um passo atrás na consolidação do andebol como uma modalidade forte e competitiva. Basta olhar para as grandes competições internacionais e ver que o play-off é o modelo mais emocionante e competitivo que se pode apresentar. Os clubes em Portugal tem dificuldade em reunir fundos para cobrir o orçamento e se a modalidade se torna aborrecida e sem competitividades os patrocinadores abandonam e procuram outras modalidades com mais e melhor visibilidade.

Em síntese, a nosso ver, vamos ter uma prova com 4 ou 5 candidatos, Sporting, FC Porto, Benfica, ABC e Madeira SAD, sendo que o Madeira SAD irá aparecer como o outsider resultado de uma melhoria do seu plantel em relação ao ano passado. O risco de termos um campeão muito antes do final é maior e isso pode condenar a competição a uma menor emoção e por isso a menos gente nos pavilhões.

O Sporting este ano apostou forte, os seus objetivos são ambiciosos e espera-se que consiga uma tripleta; Campeonato, Taça de Portugal e Taça Challenge. Amanhã, no pavilhão do Casal Vistoso em Lisboa, pelas 18 horas teremos o primeiro jogo oficial para os leões, enfrentando a AA Águas Santas. Espera-se um jogo equilibrado, com ligeiro favoritismo do Sporting, mas onde vai ser necessário muito empenho e dedicação para levar de vencido os Maiatos. Esperamos que os sócios compareçam e apoiem para que o caminho para o triplo objetivo seja real e menos doloroso.

*às sextas, o Carlos Ruesga avança para a linha de sete metros e explica-nos o porquê da expressão “futebol… pé! andebol… mão!”