«Fizemos um jogo muito bom». As palavras são de Lito Vidigal e espelham bem a pobreza franciscana que é a mentalidade deste Arouca e de outras equipas, que nem numa competição sem a vertigem da despromoção se soltam das amarras defensivas e tentam jogar o jogo pelo jogo. E tendo em conta a postura ao longo de toda a partida, é de risco quase nulo apostar que a táctica se alteraria se Elias tivesse aberto o marcador, logo aos três minutos.

Ao enorme falhanço do brasileiro, fazendo reviver os três que teve em pleno estádio da Luz há uns anos,  seguiu-se um pontapé directo ao Dubai por um tal de Sancidino, rapaz que supostamente tinha um futuro brilhante quando vestia as cores do Seixal. Foi a primeira das duas únicas vezes em que as transições rápidas do Arouca lhes permitiram acercar-se da baliza de Beto, num início de jogo que prometia. Pura ilusão.

Naturalmente sem entrosamento, este 11 leonino a jogar junto pela primeira vez denotava vontade, mas dificuldades em jogar, nomeadamente pelas alas onde os laterais desequilibravam pouco (Esgaio certo a defender e pouco afoito a atacar; Jefferson a viver uma crise de identidade e a fazer figura de corpo presente) e onde os extremos mostravam pouca (Campbell) ou nenhuma (Markovic) inspiração. Resultado? Passem a bola ao Petrovic. E o sérvio, pese a lentidão, lá foi tentando alimentar o jogo interior até descobrir um movimento de André. O brasileiro fez de pivot com estilo, servindo de calcanhar a entrada de Alan Ruiz e o argentino não se fez rogado em colocar em prática o que de melhor faz: rematar de média distância. A bola anichava-se nas redes e o intervalo chegava com motivos para festejar uma justíssima vantagem.

desalinhados

E a segunda começou como havia começado a primeira: com o Sporting a desperdiçar uma flagrante situação de golo. Petrovic subiu mais alto que toda a gente na marcação de um canto, o redes defendeu por instinto e, na recarga, André ficou sem perceber se tinha rematado ou se a bola lhe tinha batido no pé. Matheus entraria para dar (finalmente) largura ao jogo do Sporting e seria de uma arrancada sua que nasceria nova situação de golo, com Castaignos a chegar atrasado ao cruzamento. Depois seria o holandês a servir o empenhado Elias, para mais um falhanço espantoso. E como não há duas sem três, o médio brasileiro tentaria fazer um grande golo num remate cruzado, em arco, a três minutos do final, mas o momento brilhante de uma noite com pouco brilho já tinha outra assinatura.