“Aprendo todos os dias e é para isso que aqui estou”. As palavras de Francisco Geraldes, esta quarta-feira na Sporting TV, são claras como água. Uma evolução sustentada que terá no treinador leonino o principal impulsionador: “O palmarés [de Jorge Jesus] fala por si”, acrescentou.

Regressado a Alvalade após um empréstimo ao Moreirense, na primeira metade da época, o médio dos leões fez questão de frisar que nunca se sentiu à margem do Clube: “O Octávio [Machado] ligou-me bastantes vezes. Nunca me senti me de parte, o Sporting sempre me deu bastante atenção e é do interesse de todos que assim seja”. Por último, Geraldes assegurou que ninguém irá conseguir desestabilizar o balneário verde e branco: “O grupo esteve e estará sempre unido. Era o que faltava tentarem desestabilizar-nos, não o conseguiriam fazer. São tentativas em vão, essas de desestabilização”.

Uma opinião partilhada por Daniel Podence, que garantiu que a derrota no Dragão não deixará marcas no plantel do Sporting CP: “Não saímos desse jogo com pontos, mas com união e garra para os próximos jogos. Se jogarmos como fizemos na segunda parte a vitória vai sorrir-nos mais vezes”, rematou.

Entretanto, para quem não tiver tido oportunidade de ler, fica um artigo publicado aquando do seu regresso a Alvalade.

Francisco Geraldes e Daniel Podence, os reforços de inverno do Sporting, são uma espécie de dupla inseparável. De 2005 até ao verão passado defenderam todos as categorias dos escalões jovens do Sportinf, há seis meses rumaram juntos ao Moreirense, cedidos pelos leões, e agora, novamente de braço dado, regressam a Alvalade depois de terem conquistado a Taça da Liga. E para Hugo Cruz e Tiago Capaz, treinadores que os orientaram nos escalões jovens do Sporting, Geraldes e Podence chegam para acrescentar.

Mas temos de voltar a 2003 para percebermos como os destinos destes dois jogadores se cruzaram. “Eu era professor do pai do Francisco numas aulas de futebol de promoção de atividade física. Conheci o Francisco numa iniciativa que colocava frente-a-frente pais e filhos e o miúdo destacava-se claramente dos outros, tinha ele sete ou oito anos. Andei um ano inteiro a tentar convencer o pai a levá-lo ao Sporting mas consegui”, relembra Tiago Capaz que também recorda o ingresso de Podence em Alvalade: “O Daniel jogava pelo Belenenses contra as nossas equipas de escolas e ele era um problema sempre que o defrontávamos e ele ainda em escolas veio para o Sporting em Pina Manique.”

Para Hugo Cruz, ambos revelaram desde sempre “um talento muito acima da média, na forma como pensavam o jogo”, mas cada um no seu estilo. “O Daniel era e é rápido mas decide muito bem. Não é normal um miúdo tão irreverente pensar tão bem o jogo. Já o Francisco, quando deixar de jogar futebol, vai ser, de certeza, treinador. E quer um quer outro resolvem o problema do contacto físico com inteligência. Quando os adversários chegam perto do Francisco para tirar a bola ela já não está lá, quando chegam ao pé do Daniel já foram fintados. São dois superdotados e o futebol é o mundo deles. Se não existisse eram miúdos incompletos”, descreve.

Ambos os treinadores explicam que Francisco e Daniel foram sempre acompanhados por “famílias muito bem estruturadas, que colocaram o futebol no plano em que devia estar e que sempre aceitaram as decisões dos treinadores”.

Se Daniel Podence prima pela irreverência, Francisco sempre foi “mais calmo, mais reservado e sempre a querer aprender”, como refere Tiago Capaz que, juntamente com Hugo Cruz, vê em Francisco Geraldes o sucessor de Adrien. “O Francisco tem todas as características de capitão. Não é tímido, é ponderado, diz as coisas no momento certo e tem perfil de líder. E se lhe dermos abertura ele transmite e diz se concorda com o treinador. Ele com 12-13 anos, porque já pensava o jogo, dizia o que pensava quando sentia essa abertura”, refere Hugo. Tiago concorda em absoluto: “Não me surpreenderia nada que no futuro fosse capitão. É um líder, sabe estar e tem um nível de inteligência superior ao dos colegas.”

Profissionalismo é a palavra de ordem no futebol dos dias de hoje, mas o Sporting acaba de reforçar o seu plantel com dois jogadores- adeptos. “Os dois vêm de famílias sportinguistas. Olhe, o Francisco é sportinguista doente e o Daniel é sportinguista doente ao quadrado, exacerba as coisas e tenho a certeza que no Moreirense ele devia pensar “o que é que eu estou aqui a fazer quando podia estar a ajudar o Sporting””, realça Tiago Capaz que vê em Francisco e Daniel “dois grandes amigos” pela cumplicidade defenderem a mesma camisola.

xicopodence