Maldição, anátema, azar. São limitações que sentimos ou imaginamos, que nos restringem acções e pensamentos, que nos guiam para onde não queremos, mas cremos não ter outro caminho. É o oposto da fé e da crença que, no desporto como na vida, mas especialmente no primeiro, nos leva a quebrar barreiras e atingir feitos.
No passado Domingo, longe de casa, lá convenci um companheiro de viagem a fazer um desvio a um sítio recôndito onde se servisse RTP. Barafustou, afinal para quê “perder tempo” para ver um espectáculo menor, de pouca qualidade, praticado por quem de menores recursos?
Mas, indo, no caminho lhe recordei de quantos maus espectáculos já vimos em Alvalade, do quão toldados são alguns executantes, do quão piores são os espectáculos que ainda hoje vemos do que aqueles que são servidos em Camp Nou ou no Barnabéu. Perguntei-lhe sobre a razão de anos a ver atletismo quando, hoje, se mostra que as marcas da altura eram fracas, e que o que vemos hoje será irrelevante daqui a 20 ou 30 anos. A conversa guiou-me a Mamede, e como ainda lamentamos que algo de extraordinário tenha esbarrado nas barreiras que se desenha em torno do nosso ser. Lá me foi resmungando que a terra de onde ele e Mamede vêm é profícua em destruir sonhos à nascença e a construir muros para sempre.
Chegados, já estávamos a perder. Mas o espectáculo não era mau. O seu espanto era notório, enquanto lhe ia perguntando se este e aquele fariam melhor. Em qualquer caso, disse-lhe para estar descansado. No fim, assoberbados pelo cocktail de bom futebol com garra e determinação, concordámos que o desporto é quebrar barreiras e atingir os sonhos, independentemente das circunstâncias. O jogo de Domingo não foi um Real x Barça com Leo e CR.
Foi muito mais que isso. Foi um jogo em que as Leoas quebraram as barreiras e os preconceitos que erguemos à volta do futebol feminino, ultrapassaram as contingências impostas por uma equipa competente e ainda deu para uma menina nascida perto da terra do Mamede mostrar que quebrar maldições – nem que seja a poderosa maldição do 7 – é uma questão de atitude. Quem mais do que quem teima em jogar futebol feminino para o saber.
TEXTO ESCRITO POR Hadji
*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]
7 Setembro, 2017 at 13:39
Tudo verdade.
E foi TÃO merecido… aquela garra tem feito tanta falta nos comparsas masculinos…
Parabéns meninas.
E agradeço à nossa Ana Capeta ter estado presente numa festa de aniversário do meu Núcleo.
O meu profundo obrigado.
7 Setembro, 2017 at 15:33
A garra destas Leoas falta em muitos sítios, como em tantos momentos da nossa vida. Mas escrevi sobre garra e não sobre a falta dela 🙂
Também não falta no Râguebi, que comunga muitos outros aspectos com o que vemos nesta equipa de Leoas. Para quando mais daqueles excelentes textos sobre o tema?
7 Setembro, 2017 at 13:41
Efeito Capeta, para mim o nosso Sá Pinto 🙂
7 Setembro, 2017 at 14:11
As miúdas não param de surpreender…
Cada vez mais vão angariando seguidores. Um adepto pode não gostar de uma modalidade, mas é o Sporting. Um adepto pode não gostar de futebol feminino, mas é o Sporting.
Apoiar sempre. Elas fazem por isso.
7 Setembro, 2017 at 15:15
valar morghulis
7 Setembro, 2017 at 15:45
Santinho!
7 Setembro, 2017 at 16:07
valar dohaeris
7 Setembro, 2017 at 16:09
Tasca iksos dāez.
7 Setembro, 2017 at 14:42
Belo texto, Hadji. As nossas meninas tudo merecem. Aquilo que eventualmente faltar em talento (duvido), compensam com querer, garra, espírito de sacrificio e entreajuda. Assim é ‘fácil’ virar resultados. Grandes leoas, tal como na savana, são elas as verdadeiras caçadoras. Dignas do símbolo que tão garbosamente envergam.
7 Setembro, 2017 at 15:29
Obrigado. Creio que o talento já excede largamente os limites do nosso campeonato mas, seguramente ainda não está ao nível dos seus sonhos e objectivos. No entanto, talento e sorte também dão muito trabalho e requerem bater na parede umas vezes para perceber o caminho. Este ano houve um revés, mas elas foram lestas a impedir que isso se tornasse numa espiral e deram a volta com um carácter tremendo.
Essa identificação com o símbolo é o que verdadeiramente me apaixona nesta equipa. Entram sempre em campo para lutar por alguma coisa, parecem sempre perseguir um objectivo comum maior.
7 Setembro, 2017 at 15:50
Muito bom texto e muito bom comentário!
Uma vénia a ti, Hadji!
SL
7 Setembro, 2017 at 16:00
Obrigado. Creio que as Leoas merecem tudo. Há já muito que procurava aquele Sporting puro, como o via na infância, e encontrei-o nesta equipa. Apesar de não ter o mínimo conhecimento prévio sobre futebol feminino.
7 Setembro, 2017 at 18:27
Concordo contigo.
Sou adepto do futebol feminino há uns largos anos, apesar de não ser um entendido nem nas equipas, nem nas jogadoras. Comecei a ligar mais a esses detalhes quando o Sporting regressou à modalidade.
E tenho muito orgulho no que têm feito e em todas as nossas jogadoras. Mesmo achando que este ano não estiveram bem nas contratações estrangeiras.
Voltar a serem campeãs este ano é fundamental pois só assim podem voltar a disputar a fase de grupos da WCL. E, estou certo, para o ano outro galo cantará! 😉
SL
7 Setembro, 2017 at 15:17
Bom texto. Estas miudas ganharam a admiração de todos, ou quase todos, pelo esforço e pela dedicação que metem em cada jogo. Chegaram à Glória logo no primeiro ano, nao se podia pedir melhor começo.
Parabéns a elas e a toda a secção
7 Setembro, 2017 at 15:18
Bonita prosa (como as nossas leoas)! 😉
7 Setembro, 2017 at 15:23
Off:
Liga Inglesa passa a fechar o mercado de transferências antes da 1a jornada da Premier League.
Medida salutar que se devia expandir por essa Europa fora.
7 Setembro, 2017 at 15:38
Já tinham falado disso…
É o mercado mais importante da Europa. Vai ser uma grande ajuda. Tendo eles tomado a liderança os restantes mercados ficam muito mais estagnados. Eles não vão vender depois de não poderem comprar. E há poucos negócios que não envolvam Inglaterra como comprador, vendedor ou mercado onde se vai comprar a alternativa ao jogador vendido (leia-se negócios relevantes…) pode ser que se alastre…
7 Setembro, 2017 at 15:39
BALLON DE ORO, CAPETA BALLON DE ORO
7 Setembro, 2017 at 15:49
Tem 19 anos, ou seja, um mundo de possibilidades à frente.
Mas um seleccionador nacional decente poderia ajudar a atalhar caminho.
7 Setembro, 2017 at 15:52
Estás a referir-te ao idiota que caiu de para-quedas à frente da selecção e mete a Ana Borges a jogar a defesa direita e defesa esquerda?
É mesmo desse que estás a falar?
😀 😀 😀
7 Setembro, 2017 at 16:03
Tão mau como andar a jogar à roleta com a Ana Borges (e com a Dolores, diga-se) é não convocar a Solange, a Capeta (mesmo quando se lesiona uma avançada e, num rasgo aleatório até prova em contrário, chama uma central) e, principalmente, montar uma táctica que consiste em “passar para a Cláudia Neto e logo se vê”.
7 Setembro, 2017 at 18:35
🙂
Concordo em parte!
Mais gritante, para mim, depois do que faz à Ana Borges, é não levar a Marchão e adaptar alguém a defesa esquerdo – já foi a Ana Borges e já foi a Dolores!
A Solange falta-lhe velocidade e, principalmente, intensidade. Tem pouco das 2 coisas. Se tivesse era uma jogadora do nível da Ana Borges, muito provavelmente!
Também acho que a táctica dele é essa… Quando a Cláudia Neto não está num dia bom a coisa fica muito complicada porque tudo morre ali! O homem é muito poucochinho! Já conversei com pessoas que o conhecem e sabem o seu percurso – onde não fez nada de realmente relevante – e ninguém entende como foi parar a seleccionador!
Teve a sorte de ter encontrado um bom conjunto de jogadoras – que têm evoluído muito nos últimos 2/3 anos – e disputado o play off com uma equipa muito acessível. Mesmo assim passaram um bocado à rasca!
Aquele ultimo jogo com a Inglaterra, onde nos faltou 1 golo para sermos apurados, roçou o ridículo! Foi a perfeita demonstração do limitadinho que é… Qualquer jogadora tem mais tomates que ele!
7 Setembro, 2017 at 16:03
Muito bom, Hadji.
A nossa Capeta ainda junta a toda a categoria que tem a jogar à bola, o ser LEOA. 🙂
7 Setembro, 2017 at 17:19
Bela narrativa. Não me surpreende, vindo de quem vem.
O meu comentário também não o colherá de surpresa.
Parabéns, caro Hadji.
Saudações Leoninas.
7 Setembro, 2017 at 20:27
Seguramente que não surpreende, já que o Amigo é um fiel apoiante desta nossa equipa de Leoas!
Obrigado, um Abraço
7 Setembro, 2017 at 17:27
Só gostaria de lembrar que as LEOAS ainda não perderam um jogo oficial no país delas. Boa Tarde.
7 Setembro, 2017 at 18:10
Grande post. Ao nível do que as nossas Leoas têm feito mas não esperava outra coisa do seu autor.
Abraço Hadji. Que as nossas Leoas continuem a mostrar a mesma atitude em campo como até agora e que outras equipas sigam o exemplo.
Ganhar, empatar e perder é desporto mas quando não há atitude, é imperdoável.
7 Setembro, 2017 at 18:36
+1
7 Setembro, 2017 at 20:28
Muito obrigado.
Retribuo o Abraço.
SL
7 Setembro, 2017 at 18:38
Hadji, a Ana leu o teu texto e partilhou o mesmo no seu Twitter 🙂
7 Setembro, 2017 at 20:30
E eis que se diminuem os meus argumentos de que a blogosfera e, em particular, a Tasca, não têm repercussões algumas na vida real e nos nossos atletas…
Fico feliz, então, já que escrevi com o coração.
7 Setembro, 2017 at 19:22
Belo texto. Sucinto e bem escrito. Curti.
7 Setembro, 2017 at 22:08
Desculpem lá mas não resisto a dar uma explicação especial do 7 que a Ana Capeta leva às costas.
O 7 na cultura judaico-cristã é o símbolo da abundância e da plenitude. Em Alvalade, de facto parece ter uma maldição associada.
Porém o SETE é uma bem-aventurança, diriam os primeiros cristãos, todos judeus, porque o sete é o número da plenitude de Deus já que, Deus criou o Mundo e descansou ao sétimo dia, concluindo que era bom, tudo na Criação era muito bom. Em pleno 7, deu a realidade por perfeita.
Os Judeus dirão que (aliás diriam porque hoje em Dia a Bíblia já os não “governa” mas, sim o TALMUDE, em 36 tomos escrito ao longo de dois mil anos por inúmeros rabis, uns, sãos de espírito, outros perfeitamente loucos…). Diriam os Judeus:
Podemos desde logo começar pelo primeiro capítulo e primeiro versículo da Bíblia. Na sua língua original, este versículo contém o seguinte:
1. O número das palavras é sete;
2. Estas sete palavras têm 28 letras (=4 setes)
3. As primeiras três palavras têm 14 letras (=2 setes). As últimas quatro palavras têm 14 letras (=2 setes);
4. As palavras quarta e quinta têm sete letras, as palavras sexta e sétima têm também sete letras;
5. As palavras “DEUS” (sujeito da oração) e “CÉUS”, “TERRA” (complemento directo) têm, na língua original, 14 letras (=2 setes). As restantes palavras têm também o valor numérico de 14 (=2 setes);
6. O valor numérico de cada uma das sete palavras deste versículo é 1393 (=199 setes);
7. A primeira letra da primeira palavra e a última letra da terceira palavra somam 42 (=6 setes)
8. A primeira letra da quarta palavra e a última letra da sétima somam 91 (=13 setes)
9. Ficando para as restantes o valor numérico de 1260, ou seja, 180 setes !
Nove pontos que poderiam facilmente ser arrumados em sete, confirmando tudo o que tenho vindo a dizer.
O SETE para os Cristãos é a plenitude do Trabalho, do Esforço, da Persistência e do Amor. O Sete é a abundância, principalmente se referido ao números de filhos já que, ter sete filhos vivos em simultâneo, naquela época, era altissimamente improvável. Sete filhos, na vida de um casal significava, no mínimo, mais de uma vintena de partos! Uma Mulher de 35 anos era uma velha mas, a de 70 era uma raridade maior que alguém com 120 anos o é, nos dias de hoje. A probabilidade de uma Mulher de 70 ou 75 anos conhecer, nessa época alguns “tetra-netos” não era coisa que possamos afastar com uma gargalhada. Gerações e gerações de seres humanos, durante mais de Um Milhão de anos, quando nasceram, tinham por pais crianças entre os 10 e os 13 anos! É de doidos? Foi o que foi. Foi como foi. Um homem de 70 anos era coisa ainda muito mais rara. Só os FORTES ENTENDEM e um homem precisa de tempo de vida para entender o homem de 70 anos É “forte” no conhecimento e na compreensão de quê? Do significado de 70x 7 que, Segundo S. Mateus é o número de vezes que Deus nos manda perdoar aos nossos inimigos.: 70×7, isto é, SEMPRE! Plenamente! em sermos aquilo que se nos exige, pela Herança que nos foi dada= Iguais a Deus (sede perfeitos, como o vosso Pai que está nos Céus é perfeito…são palavras do próprio Cristo! Palavras classificadas pelos estudiosos da Bíblia como “Ipssissima Verba”, “Rigorosamente Aquelas que Proferiu, sem que lhes tenha sido acrescentado, ou deduzido, um só ponto). 70×7!
O sete não encarna qualquer maldição. A maldição vem de fora.
Para nós Cristãos o valor do número (seja sete ou outro) é meramente exemplificativo, não é “Esotérico” porque nada está determinado. a nossa vontade é soberanamente livre e as nossas decisões configuram a nossa vida.
Nesse sentido, o Sporting podia ter como lema para chegar à Glória, em vez de Esforço, Dedicação e Devoção, 70×7. Em tudo na vida a “Experiência” (70) da “Plenitude” (7) multiplicadas uma pela outra, dão a Glória. Se nos SUPLANTARMOS, chegamos à Glória.
Capeta, fica-te melhor que a mais ninguém o Número 7! A “Tua Plenitude” multiplicada pela “Experiência” do teu Treinador, o Nuno Cristóvão. Tudo explicado. Assim se supera a maldição, quer a maldição do Polvo Azul Siciliano, quer a do Polvo Vermelho das rochas mais negras da costa Portuguesa.
7 Setembro, 2017 at 22:54
Clap Clap clap.
Belíssimo texto.
Elas merecem