O mercado de janeiro parece ainda longínquo, mas é pura ilusão. Já começou faz tempo e as notícias não cessam, posicionando atletas mais perto ou mais longe das transferências. O tradicional bate-boca entre SADs e empresários já é o prato do dia, com fontes próximas dos clubes a degladiarem-se com as fontes próximas dos atletas.

Parecerá óbvio a qualquer sportinguista que este deveria um Janeiro mais calmo. Não se esperariam grandes entradas e não consta que existam grandes apetites, dos tubarões do costume, por atletas do Sporting. Existem os “interesses” e as “sondagens”…mas isso há sempre e não nos deixemos levar pela semelhança entre prospeção e contratação.

O mercado de verão correu bem às hostes leoninas e na verdade há poucas slots disponíveis, quase tão poucas como as verbas para grandes aventuras. Apesar disso, o desconforto manifesto pelo nosso treinador quanto ao excesso de jogos acumulados pelos habituais titulares deixa adivinhar alguns ajustes. Não me esqueço eu, nem provavelmente nenhum de nós a importância desta época, quer para o estatuto de JJ, quer para a posição de BdC. Os quatro pontos de distância para o líder da classificação são uma tentação extra para o ego do treinador e uma ameaça séria ao pesadelo que será ver um Porto campeão a investir pouco mais que zero no reforço do seu plantel. A verdade é que o Sporting, por várias razões, não parece com a mesma dinâmica vencedora do seu rival a norte e mais do que reconhecer erros próprios na gestão do plantel (física e psicológica), ir ao mercado costuma ser a opção preferida de JJ. Em ano de “tolerância zero”, veremos como se revê a SAD neste quadro de exigências.

jjbruno

A lateral esquerda, promete voltar a ser a novela mais prometedora. O que aliás já é já uma questão de assinatura para JJ.
Coentrão foi uma entrada acertada, mas tal como se temia, a quantidade e sobretudo a importância dos jogos em que não está disponível, aconselha a outra coisa que não Jonathan Silva. O argentino persiste como o patinho feio da equipa e pese embora a subida de rendimento em jogos recentes, teme-se pela sua dependência, principalmente quando chegarmos àquela fase da época em que falhar vai significar perder títulos. A solução para este problema não parece fácil, Jonathan não tem mercado fora da Argentina e para o que já se investiu no moço, um regresso ao país natal é como mandar um saco bem grande de dinheiro pela janela. O único cenário que permitiria a sua permanência seria a saída de Coentrão. Mas nem o jogador, nem JJ vão encarar isso de bom grado, especialmente em ano de Mundial (embora o que sucedeu na última aparição com as quinas, na minha opinião, vai ser sido complicado para Fernando Santos esquecer).

Fora o eterno dilema do lateral esquerdo, fala-se da necessidade de um novo central. Sinceramente acho que além da dupla titular, tem de ser dada mais confiança a A.Pinto. Sobra Tobias e aqui é que provavelmente a porca torce o rabo. Já deu para ver que é um jogador que está no plantel somente para tapar buracos e no caso de prosseguimos a carreira europeia (na CL ou na LE) tal estatuto não será suficiente. JJ vai ter de fazer mais rotatividade e tendo Mathieu algo propenso a lesões…é só fazer as contas. E ainda há Douglas por resolver.

Os jornais insistem que JJ deseja um novo box-to-box. Penso que faria sentido, sobretudo se for alguém capaz de substituir também B.Fernandes. É que nem Mattheus Oliveira, nem Alan Ruiz têm sido opção válida para render o português, quer como 8, quer como 10. Vem-me à cabeça, rapidamente Francisco Geraldes, mas depois lembro-me da época passada e de meia época perdida, e passa-me depressa.

Nas alas, é óbvio que falta um jogador. Falhada a aposta em Iuri Medeiros (não vamos fingir que é uma questão de tempo…veja-se o caso de Ristovsky…é mesmo uma questão de confiança e aqui JJ podia e devia ter entendido isso) a equipa não pode depender tanto e só de Gelson e Acuña. Aliás, convém até reflectir na elevação da fasquia que foi feita com a entrada do argentino e o que isso significou para opções como B.César, M.Oliveira ou Podence, que por várias razões deixaram. na visão de JJ, de ser alternativas satisfatórias na posição. Será este jogador Bryan Ruiz? Duvido.

No ataque, tornou-se mais ou menos evidente que a teoria que o plantel precisa de uma alternativa que emule o perfil de ponta de lança de Dost,está completamente certa. Doumbia já provou ser uma peça importante, sobretudo na variante táctica de encurtar a equipa em comportamentos mais defensivos. O pior é que frente a um bloco baixo, Doumbia não consegue ser referência na área e os vários ensaios de cruzamentos (que é o que as equipas mais fazem quando procuram desesperadamente marcar) ficam quase todos sem resposta. Num mundo imaginário Castaignos ou Spalvis seriam opção, mas só num mundo imaginário. Na cabeça de JJ as dificuldades que revelaram no passado recente coloca-os longe de Alvalade, pelo menos por agora.

Concluindo, pela minha análise JJ desejará um lateral esquerdo, um central, um médio centro, um ala e um avançado. Cinco jogadores. Realisticamente penso que será demasiado para a SAD, que verá apenas como urgente a entrada no máximo 2 ou 3 jogadores. Isto se não existir nenhuma venda. Caso ela venha a existir (Alan Ruiz era uma saída de menor impacto no plantel) então sim fará sentido ir além do número de entradas mencionado. Não nos podemos esquecer que estamos na antecâmara de Mundial e existem muitos jogadores, nos melhores clubes das principais ligas europeias, a precisar de minutos para entrarem nas escolhas dos vários seleccionadores. Esse é um dado muito importante e clubes como o Sporting ou a Liga Portuguesa têm fama de conseguir dar “aquele” push necessário a jogadores no fio da convocatória. 

*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca