Num surpreendente movimento de mercado, A Tasca garantiu o regresso de um dos cozinheiros da casa: Sá está de volta aos tachos, desta vez para confeccionar receitas temperadas a futsal. E não perdeu tempo, aproveitando a conferência de imprensa de apresentação para servir o primeiro petisco!
Neste meu primeiro texto, não de apresentação porque já quase todos aqui me conhecem, quero começar por explicar porquê. O futsal é a minha modalidade favorita, provavelmente porque foi nela que consegui enganar mais gente com estes tijolos. Ainda hoje, quando jogo com amigos em sintéticos suspiro pelo tempo em que a relva artificial era feita de cimento ou tacos. Era ali que toda a gente jogava e éramos felizes fosse no ringue ou no pavilhão. Agora com estas paneleirices de relva cortadinha, coletes rosa choque e pitons que nem são aqueles fantásticos pregos de alumínio dos pelados nem é a bela sola rasa de borracha sinto que está-se a perder a tradição de futebol de rua. Em sentido inverso,os clubes e associações locais estão a investir na formação e isso faz com que o nível médio de talento nas camadas jovens seja incomparavelmente superior ao passsdo.
Nem de propósito, estou a ver e repetição do Sporting – Fundão em juniores e vejo ali muito talento específico. Específico pois as gerações anteriores eram feitas de miúdos que queriam era ser jogadores de futebol e como isso era para quem tinha mesmo jeito, ficavam-se pelo futebol de salão e mais tarde, futsal e aprendiam todas as nuances do “futebol de 5”. Agora não, estes miudos nascem e crescem na quadra. Nascem logo futsalistas. Coisas simples que tantos tiveram de aprender como dominar de sola agora é parte intrínseca destes jovens jogadores. Ao contrario do passado duvido que hoje algum treinador de escalões jovens de futsal precise de berrar um “De sola! Domina de sola!”. E isto diz tudo sobre a evolução da modalidade e da qualidade do talento jovem que temos hoje e o que aí vem nas próximas décadas. Estamos na idade de ouro do futsal onde o talento tanto a nível profissional como de formação aumenta a olhos vistos.
Posto este longo intróito, de saudade, neste primeiro prato não vou falar da equipa senior, terei muitos jogos para analisá-la nesta rubrica. Prefiro analisar esta equipa de juniores e ver quem está na calha para dar o salto. Assim à primeira vista, acho que a maioria deste plantel, para não dizer todos, tem os fundamentos mínimos para ter sucesso a um nível senior, alguns (bastantes) têm o talento para serem jogadores de topo se trabalharem muito e um par deles vão ser, seguramente, craques a nível internacional se não tiverem problemas de lesões.
Começando do maior grupo para o mais restrito, acho que jogadores como Bernardo Paço, Tomás Reis, Diogo Nunes, Neves e Zicky não terão grandes problemas em fazer carreira em Portugal e em clubes bem interessantes. Chegarem ao plantel principal, manterem-se e ganharem paulatinamente minutos na rotação até se estabelecerem depende exclusivamente da vontade e do trabalho bem como da sorte a nível de saúde pois talento não lhes falta. Sou um particular apreciador do Bernardo e do pivot Neves. O GR tem tudo, agilidade, presença, reflexos, jogo de pés. Neves faz-me lembrar o Joel Queirós e Cardinal, os dois melhores pivots portugueses da história, na minha opinião, e tal como eles, muito técnico nos pormenores e com excelente remate. Tem aquela arrogância dos pivots de antigamente. Pessoalmente, apesar de Zicky estar a viver o seu momento (muito justamente!), tecnicamente falando, prefiro o Neves apesar de achar que o Zicky, pelas características físicas, possa ascender mais rapidamente como se viu na sua estreia a marcar contra o Burinhosa durante a semana.
Depois, os craques. Aqueles que para mim vão ser, de certeza, jogadores de topo: Célio, com a ressalva de revelar aqui e ali alguma inconstância nas acções mas é um futsalista puro com talento até dizer chega. Se tiver humildade será uma questão de tempo até se afirmar na equipa principal. Faz-me lembrar o Bibi na forma como joga de cabeça levantada e domina a posição de fixo. Se o igualar em intensidade e atitude competitiva será um caso sério. E, claro, a jóia da coroa: Dani. Aqui nos júniores nota-se claramente que já está num patamar muito acima e não é por acaso que já é um habitué nos graudos. Tem o potencial para ser um dos, senão o melhor jogador da sua geração e por isso, será naturalmente um dos melhores jogadores portugueses. Se há algum futsalista jovem “parecido” com o Ricardinho, é ele. Aliás, a selecção portuguesa do futuro andará às costas de Erick e Dani. Não aposto nada, devido ao trauma da última vez em que me meti com premonições, mas não tenho dúvidas nenhumas disto.
Não posso deixar de escrever umas palavras para o Erick. Não é novidade para ninguém mas…que monstro! Tem talento para dar e vender, atitude competitiva ao nível de um predestinado e é o protótipo daquilo que deve ser um jogador de futsal, muito forte nos dois momentos do jogo. Vai ser, aliás, já é o melhor jogador jovem português e é um prazer vê-lo jogar e a lutar pelas nossas cores. Quem diria que o nosso melhor reforço numa equipa já recheada de estrelas, é o miúdo que regressou do empréstimo? A forma como se impôs nesta equipa e subiu logo na rotação demonstra que o rapaz não está aqui para brincar. E vê-lo na quadra a jogar pela primeira vez na Uefa Futsal Cup como se estivesse no pavilhão da escola é a prova disso. Está a disfrutar e estamos nós todos com ele.
Fico-me por aqui, que isto já vai longo, com o forte desejo e esperança de conquistarmos tudo o que nos aparecer à frente, especialmente nos séniores. Felizmente esta é uma modalidade que nos permite pensar assim. Ganharam todo o crédito e o respeito para que esse cenário, mais do que pedido ou exigido, seja encarado como uma crença natural.
Termino prometendo tentar estar à altura dos cronistas anteriores, Vegeta e Wolfish, a quem aproveito para cumprimentar e, claro, fazer votos para que cá venham dar a sua achega.
*às quintas, o Sá mostra que manda mais do que o Albuquerque e põe as novidades do Futsal todas na ordem
18 Outubro, 2018 at 18:29
bem-vindo de volta e toma lá um vídeo antigo onde o Erick ainda era um puto mais puto!
https://www.youtube.com/watch?v=GHii1_ykaEY
18 Outubro, 2018 at 18:38
Pronto. É agora que deixo a Tasca.
Ter de levar com este “cromista”…
🙂
Força, meu!
18 Outubro, 2018 at 18:58
Eh pá, bacalhau requentado? Aposto que esta contratação teve o dedo do Peseiro.
Ve la se acertas no sal e no vinagre.
18 Outubro, 2018 at 19:01
Bem bom o regresso do Sá.
SL
18 Outubro, 2018 at 19:07
Força Sá!
18 Outubro, 2018 at 19:15
Grande regresso! E logo a aguçar o apetite para ver os juniores do Sporting em futsal que nunca vi…
18 Outubro, 2018 at 19:24
Já tinha saudades de um prato afutsalado na ementa.
Saúdo o seu regresso à cozinha, Sá!
18 Outubro, 2018 at 19:25
Um dos assuntos mais Agradáveis do Clube. Mais cedo ou mais tarde o nacional de Juniores voltará para nós, tal como o feminino – que ontem teve uma brilhante vitória internacional – onde já no ano passado teve de haver aquele je ne sais quoi rabolho para nos remterem ao 2º lugar.
Uma palavra sobre os crescidos: Varela e Erick já estão a jogar mas o miúdo (que já fez pelo menos um golo e uma assistência) também promete e o GR novo parece-me muito bom. Ainda bem: temos de fulminar os Rabolhos no mês que vem. SL
18 Outubro, 2018 at 19:51
Antão a vitória da selecção de Futsal feminino nas Olimpíadas da Juventude foi no escalão sub 19 (onde não há campeonato nacional). Neste escalão a competição em Portugal “faz-se” em 2 Zonas geográficas Norte e Sul e é organizada respectivamente pela AF POrto e pela AF Lisboa (razão por que lhe chamam, indevidamente, Distritais)
Na Zona sul (ou “Distrital de Lisboa) o Sporting foi campeão, vencendo a Final Four com 12 pontos (6 vitórias), o Golpilhares ficou em 2º com 6 pontos (3 vitórias e 3 derrotas mas melhor score nos jogos com o Benfica), o Benfica ficou em 3º lugar com 6 pontos (3 vitórias e 3 derrotas mas pior score nos jogos com o Golpilhares) e o NS Pombal ficou em último com 0 pontos.
Todavia, a equipa que perdeu 2 vezes com o Sporting e uma com o Golpilhares, no “recomeço da competição”, levou 5 jogadoras à selecção do Escalão e o campeão Sporting 0 (zero, nickles, bola).
Uma amostra de como se “fabrica” a “melhor formação”.
Mas tem um exemplo idêntico nos seniores: a Selecção Nacional sagrou-se campeã Europeia em Fevereiro de 2018. Após esse feito, nesta “pré época”, o seleccionador decide realizar um Estágio alargado a 19 seleccionados. Um dos objectivos era colocar novos jogadores a “entrosar” com os mais internacionais, pensando já na necessária renovação. Do TRI-Campeão Sporting, convocou 2 jogadores: João Matos e Pedro Cary, precisamente os mais velhos (Cardinale estava lesionado, pese embora João Matos também ainda não tivesse competido após a lesão do final dá época passada). Os campeões europeus Diogo Sousa e Pany Varela ficaram “esquecidos”; como esquecidos ficaram (numa selecção alargada visando iniciar ou testar a renovação) Gonçalo Portugal, Edgar Varela e Erick Mendonça.
Outra amostra de como se “fabrica” a melhor Formação.
Saudações leoninas
p.s.: benvindo Sá e parabéns. Excelente post, sem ir pelo mais fácil que seria falar nos Tri-Campeões. Como dizes, haverá muito tempo para isso. Desejavelmente quando festejarmos a Champions e o Tetra!
18 Outubro, 2018 at 20:10
Golpilhares? Não é a Golpilheira?
18 Outubro, 2018 at 21:23
Tens razão: Golpilheiras. Escrevi a classificação de memória e claramente, não recordei devidamente o nome da equipa segunda classificada. As minhas desculpas. O que vale é que, na Tasca, “Vegeta”sempre gente atenta. Obrigado pela correcção.
Saudações leoninas
18 Outubro, 2018 at 23:09
Álvaro, exprimi-me mal, faltou uma palavra : «… o nacional feminino CHEGARÁ»: eu sei que as miúdas vencedoras eram juniores mas eu aludia ao nacional masculino, onde as toupeiras andam a mandar graças aos seus camiões de brazucas.
Quanto aquilo que relata sobre as convocatórias – que aliás se estende àquelas do futebol propriamente dito – é cansativo recordar tal pouca vergonha. Concordo inteiramente com aquilo que escreve. SL
18 Outubro, 2018 at 19:39
Bem venha de lá esses petiscos que cá estarei para dar o meu contributo , já se sabe que haverá um off pelo meio para por o tasco à bulha . SL
18 Outubro, 2018 at 20:07
Welcome
Pior que os coletes rosa (dão jeito à noite, para fazer pontaria), são as botas/chuteiras coloridas. Que rabixice
18 Outubro, 2018 at 22:12
Bota colorida só mesmo a amarela da Joma. Um clássico dos ringues nacionais!
18 Outubro, 2018 at 20:11
Força nisso Sá. é a “minha” modalidade e merece este destaque aqui na tasca!
18 Outubro, 2018 at 22:16
Eu é que agradeço. Confesso que não consigo acompanhar a tua pedalada em conhecimento mas acompanho em paixão pela modalidade.
Grande Abraço!
PS: Conto contigo para acabares com o Freezer!
18 Outubro, 2018 at 20:47
Belo regresso! Mais leve do lado esquerdo mas quase não se nota (muito).
Estou já cheio de curiosidade para ver os nossos miúdos. Vem aí uma grande geração. Ainda bem!
18 Outubro, 2018 at 20:52
Grande contratação no mercado de ex-Glórias! 🙂
18 Outubro, 2018 at 22:40
E domingo vem aí um jogão…
18 Outubro, 2018 at 22:53
Esta modalidade e esta secção merecem, claramente, uma rubrica própria.
E o avental fica te bem!
O teu lugar é na cozinha.
(No punani intended)
🙂
18 Outubro, 2018 at 23:30
Fixe.
Normalmente identifico-me com o que o Sá escreve nos comentários.
Não sendo um entendido em Futsal, desde já agradeço as prosas, que vou ler com atenção.
🙂
19 Outubro, 2018 at 0:21
Excelente.
Tenho que dizer que ao ler os primeiros nomes dos jogadores, fiquei surpreso por não encontrar um que ficou na memória.
Continuando a leitura, cheguei a ele e qual não é o meu espanto quando escreves “E, claro, a jóia da coroa: Dani.”.
Penso que há dois anos, vi o jogo da final de juvenis e foi o jogador que me encheu as medidas. Quando ele estava em campo o jogo era diferente.
Vai daí, tive que perguntar a um elemento do Sporting o nome daquele miúdo com o número X.
O Eric, tem sido uma agradável surpresa.
Eles que aprendam com muitos jogadores de grande qualidade deste plantel. Temos atletas para o futuro.
19 Outubro, 2018 at 2:13
Bem vindo de volta Sá.
Que venhas trazer um pouco de ar puro apesar do ligeiro cheiro a bacalhau, que aqui o tasco nos ultimos tempos tem tido um ambiente fétido, mesmo com os litros de lexivia gastos para tentar lavar o chão peganhento.
19 Outubro, 2018 at 8:05
Insosso, sem esquerdo, agora dedicado a vender doces para fora…
Perdido… Quem viu e quem vê.
Apenas… Enfim, nem vou classificar.
19 Outubro, 2018 at 9:26
O Cherba a dar tacho aos amigos…Bom pensando bem, se calhar até faz sentido, o Sá para cozinhar o petisco precisa de um tacho…aceita-se.
Bem vindo de volta à cozinha, é um prazer enorme ler os teus comentários e estarei ansioso para provar estes petiscos…Pl’ amor de Deus, só não me cozinhes é pratos de bacalhau.
22 Outubro, 2018 at 11:52
Sá, é com muito alegria que vejo este belo petisco da tasca a voltar a ser confecionado. Vou ler com todo o prazer e com a devida atenção.
Sinto-me lisonjeado pelo teu reconhecimento.
Um grande abraço saudoso para ti e para toda a malta da Tasca que continua a manter este cantinho onde se respira muito bom Sporting.