Estes dias caracterizaram-se pela demonstração escarrapachada, mais uma, da total falência da moralidade cívica em Portugal. E digo falência, para não dizer ausência. Este é um problema que não se explica ficando-se limitado ao tema-futebol.
A falência de Cidadania, entendendo-se por isso aquele sentimento público do que é admissível e do que deve ser inadmissível, e que indica o que depois se deve legislar em consequência desse sentido moral, deve-se a uma ausência de capacidade da população acreditar e mudar este estado de coisas. Em tempos pós-ditadura, a culpa foi de uma deseducação do povo em geral, que não sabia e por isso não exigia, mas hoje em dia deve-se sobretudo ao amordaçar daquilo que deviam ser os motores de uma cidadania saudável, entenda-se: Justiça e Meios de Comunicação Social. Que se querem independentes dos interesses que, em Portugal, os esvaziam da relevância que deveriam ter.
Vivemos num regime de Estado-monstro, que capitaliza a maioria dos rendimentos da sua população com impostos directos e indirectos, alegando uma virtuosa capacidade de redistribuição pelos que mais precisam. Claro que, sem me querer alongar no tema, a alegação não surte quaisquer efeitos práticos, os necessitados continuam necessitados, e o grosso desses rendimentos dirigem-se para grupos de interesse comodamente instalados na estrutura partidária, manipulando-a, comprando-a e esvaziando-a transversalmente, independentemente do sentido de voto nas urnas. Só isso explica os milhões que se encaminham para bancos que desajeitadamente nos tentam explicar que não podem falir, para empresas que se servem de « investimentos públicos» para enriquecerem, em troca de todo tipo de favores aos que assim « redistribuem » o nosso dinheiro. Controlo total, e ao mais alto nível.
Com isto nomeiam-se procuradores « simpáticos » que não chateiam e afastam-se dos lugares que interessam os que chateiam, numa promiscuidade com a Justiça que a neutraliza.
Paralelamente ao Estado-monstro tomado de assalto pela malta do dinheiro, com o domínio sobre um sistema Judicial que se queria independente, e que assim perde a função, seria essencial o papel dos Meios de Comunicação Social, que se desejariam críticos e denunciadores do pantanal em que todos vivemos. Por isso, quer directamente na parte relativa aos « canais do Estado », quer indirectamente relativamente aos « independentes », as Direcções dos jornais, televisões e rádios são escolhidas pelos perpectuadores do status quo, que as compraram e tomaram de assalto, tendo feito com os jornalistas o que o Estado fez com os Procuradores da República e outros domínios da Justiça, asfixiando pelo caminho qualquer veleidade de jornalismo independente, tornando-o financeiramente inviável e morto à nascença.
E assim tudo se silencia sobre os poderes instalados e corruptos, dando-se relevância ao acessório para disfarçar o essencial. Pensadores independentes são silenciados, desacreditados, remetidos à condição de falsos profetas. São os Paulo Morais desta vida, maluquinhos, que gritam sem ninguém lhes dar palco.
Tal como foi o BdC, antes da sua apoptose. O interesse político no futebol é, essencialmente, o da captação de simpatias dos adeptos, sendo que neste caso o clube mais agregador é aquele que interessa, num sistema político que assenta na conquista de maiorias. Depois há os enormes interesses financeiros dos agentes que gravitam à volta do fenómeno, e que tomaram por isso há muito tempo de assalto os Meios de Comunicação Social que os poderiam denunciar. Até o fenómeno Judicial foi comprado, sem que as instâncias superiores tenham qualquer interesse em molestar a maioria dos seus eleitores, por gostarem dos seus votos por um lado, e por terem provavelmente o rabo preso por outro.
A esperança? Não tenho. Nem que apareça outro Bruno Quixote de Carvalho menos suicidiário que o anterior. Não há um sentido de Cidadania ou de « moral pública » em Portugal que condene o esgoto a céu aberto em que o futebol e tantas outras instituições se tornaram, não há Justiça que a condene, não há Comunicação Social que a denuncie, e não há espaço a alternativas em quem votar para mudar este estado de coisas. É um país amordaçado e amarrado à teia de interesses que gravita à volta desse estadinho bacoco e servil para os ricos e fortes, e que só levanta a sua voz contra os fracos e aqueles que se atrevem a contestar esta miséria.
«Os animais são todos iguais, mas há uns mais iguais que outros». E por cá, o Leão é seguramente menos igual que a galinha. Em Portugal, o futuro para o Sporting é zero. Isso para não falar da generalidade dos portugueses, mas isso seria outra história, que até já está a ser contada há vários anos… E eu sei que isto não é o que todos gostaríamos de ler.
ESTE POST É DA AUTORIA DE… Placebo
*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]
16 Novembro, 2018 at 15:32
Grande post. Obrigado.
Haverá sempre, aqui e ali, um ou dois destemidos, crentes nos seus valores, que vão servir para a chacina popular.
Mas há ainda, muito menos visível, uma base de portugueses éticos, que procuram associação entre si, mantém se informados dos esquemas e esperam por oportunidades tácticas para fazerem algo de melhor.
Sei que não é grande esperança mas vai mantendo uma pequena porém activa consciência do nosso país. Como com bdc, esta malta aparece mais quando os abutres já não têm interesse nas instituições.
O Sporting sempre me pareceu ter a escala certa para ser um oasis no Pântano. Já percebi que é grande demais para oásis. É pena.
17 Novembro, 2018 at 12:20
Este teu último parágrafo é um hino!
SL
16 Novembro, 2018 at 16:01
Brilhante, veridico e importante o teu texto!!!
Nós (eu) já sabiamos que viviamos num estado cuja “justiça” é aplicada á medida, consoante as “conections” que cada um possui…
Já sabiamos que a nossa CS parece uma descendente directa da mais velha profissão do mundo, sim essa que estão a pensar!!!
O que nós não sabiamos era que éra tão perigoso viver num País assim, isso nós não sabiamos….
Não sabiamos que nem os direitos constitucionais e de cidadania minimos estão salvaguardados destes bandalhos que nos governam, ou antes que se governam, para ser mais preciso!!!
SL
PS Tudo é agravado com a “pecha” do Sportinguismo, como já escrevi aqui os Sportinguistas, não são “publico”, nem cidadãos no gozo por inteiro dos seus direitos de cidadania e constitucionais, somos uma espécie de cidadãos de segunda com direitos revistos e limitados, no género do antigo “paga e não bufes” e nisso a “culpa” é toda nossa, nunca ninguém pagou o preço por nos afrontar ou desrespeitar!!!
E isso tem muito a ver com a capacidade de mobilização e empenho que pomos na defesa dos nossos direitos, sejam constiucionais ou outros que ronda o zero, isto é válido para a parte desportiva, como para a parte da cidanania e o que fizeram a BdC e a alguns miudos que estão presos, nem sequer é inédito, é só o mais recente capitulo desta saga!!!
17 Novembro, 2018 at 12:22
Eu já tive infelizmente experiências que me mostravam o perigo de viver num país assim. Mas também nunca tinha visto uma coisa destas a este nível!
16 Novembro, 2018 at 16:11
Bom texto mas faz pensar onde pára o FIGHT (AG que aí vem…) & RESIST (a sério que vamos manter os mesmos merdas nos principais cargos do Estado?)…
OFF: rabolhos ganharam 4-2. Basta-nos marcar menos um do que eles marcaram aos adversários de hoje e serão os merdas a terem de nos ganhar no Domingo. Todos ao JR para apoiarmos o ROLO.
16 Novembro, 2018 at 16:16
Nação de corruptos gerida por uma pequena elite (em comparação com o número de habitantes do país). Bem similar com o Sporting, onde quem atue fora do sistema ou é considerado tolinho ou “morto”.
16 Novembro, 2018 at 16:17
Ora ora… aqui está um Post para os assobiadores de serviço.
Esta é uma verdade com mais de 30 anos…. só que agora agudizou e muito, com todo este circo/palhaçada, ou que vocês lhe quiserem chamar.
16 Novembro, 2018 at 16:36
tudo isto serviu para pelo menos se perceber que este país não é para Sportinguistas mas também que o Sporting não é para estes Sportinguistas , desilusão total
16 Novembro, 2018 at 16:46
Muito bom texto!
16 Novembro, 2018 at 17:02
Muito bem Placebo …
Aos miguelinhos, carraças/carriços, jonascp, e outros tantos mais, vamos ver o que estas eminências pardas têm a verborrear sobre esta temática …
E novidades sobre as Toupeiras??? NAda?
E sobre a presença do ‘varandins’ no tribunal??? Nada também?
Será que os cm(erd@s) desta vida agora não têm meios para cobrir estas ocorrências? Não são de interesse público?
17 Novembro, 2018 at 0:38
És tão básico, meu Deus!
Trata-te!
17 Novembro, 2018 at 0:47
Básico de simples?
Ou Básico de pH alcalino?
Decide-te … Não andes por aqui numa de “dar uma no cravo e outra na ferradura” …
Em suma, ou assumes que és uma Melancia (verde por fora e encarnadinho por dentro) ou que andas aqui avençado …
17 Novembro, 2018 at 12:38
Para mim é um avençado. Nem sequer se esmera muito em disfarça-lo.
17 Novembro, 2018 at 13:31
Esmera-se sim senhor — esse enormíssimo FDGrandeP já demonstrou variadas vezes estar bem informado sobre tanto o passado como a actualidade do NOSSO (que não dele) Clube!
Troll amador ou toupeira amestrada profissional é a única dúvida…
18 Novembro, 2018 at 11:27
😀 😀 😀
Não sou teu irmão, estúpido!
17 Novembro, 2018 at 15:22
Pinto da Costa e FCP resistem e ombreiam com o carnide, porque souberam antecipar, farejar e ler os sinais de podridão de concluio
existente entre lampiões instâncias desportivas, e os vários centros de decisão e reguladora (má) de um estado (doentio) e lampião!
O apito dourado foi um esquema de contornos ilícitos. Mas a sua determinação e união entre dirigentes e adeptos, alavancou-os para o topo, hoje é temido, e respeitado! Podemos questionar e repudiar os métodos, mas num País do faz de conta, com duas velocidades, a 1 para fazer chegar depressa riqueza, benefícios dos nossos impostos ao poder (donos disto tudo) económico e seus Lobys, e uma 2 velocidade aos solavancos a tirar mais do que deixa à plebe. Uma justiça que não faz jus aos injustiçados!
Hoje senti vergonha, apreensão e receoso quanto ao futuro do meu enorme (SCP) amor. Ao ler no JN uma entrevista de Jorge Nuno Pinto da Costa indignado, e em defesa do bom nome do SCP e de um ex dirigente.
Os nossos, aqueles com culpas de o SCP resvalar para o abismo, por simplesmente ansiarem o poder, escondem-se, são beneplácitos para com as notícias falsas, distorcidas da CS que com isso vão encobrindo as trapaças de um clube corrupto, que tudo estão a fazer para saírem impunes, contando com o silêncio dos nossos dirigentes.
16 Novembro, 2018 at 17:08
George Orwell
O Triunfo dos Porcos
17 Novembro, 2018 at 2:35
George Orwell, 1984! Um enorme Big Brother, um Estado superburocrático, a controlar tudo e todos e a iludir os poucos ainda esclarecidos com uma ilusão de existência de opinião crítica e contestatária do status quo.
SL
16 Novembro, 2018 at 17:10
Viva o Sporting. O resto não interessa.
16 Novembro, 2018 at 17:14
Excelente post! Cinzento mas excelente.
Infelizmente um Clube como o Sporting , que luta por valores éticos e desportivos, está fadado ao fracasso num país como o nosso.
Se a justiça tem dois pesos e duas medidas para situações idênticas, que esperança podemos ter de um dia lutarmos em pé de igualdade com os nossos rivais?
Ao mesmo tempo que vemos internamente as figuras do Estado tranquilamente a sorrir na Tribuna de um Clube acusado de 8 dezenas de crimes, temos a nível europeu a promiscuidade entre clubes, órgãos dirigentes do futebol e patrocinadores de forma a cavar um fosso ainda maior entre os clubes.
Basta-nos dois anos sem Liga dos Campeões para nunca mais conquistarmos qualquer título em Portugal, seja no Futebol, seja nas modalidades.
Costumava ser optimista. Hoje já tenho grande esperança no futuro do nosso clube.
16 Novembro, 2018 at 17:19
Os sportinguistas têm o clube que querem.
16 Novembro, 2018 at 17:50
E que merecem!
16 Novembro, 2018 at 19:03
“já não tenho…”
17 Novembro, 2018 at 12:23
+1
16 Novembro, 2018 at 17:25
Toda a razão do mundo. Mas em último caso, nós, povo, somos muitos mais do que a meia dúzia que nos (des)governa. E enquanto continuarmos a aceitar tudo isto como uma inevitabilidade… sempre continuará a sê-lo.
17 Novembro, 2018 at 12:24
Somos mesmo?
16 Novembro, 2018 at 17:34
Bom texto Placebo. Sempre apreciei a tua escrita, apesar de discordarmos em certos assuntos.
16 Novembro, 2018 at 17:41
Sempre defendi que a nossa luta, do Sporting, é como a do país… ingenuamente pensei que o bem ia triunfar sobre o mal! Aquelas coisas, que me abstenho de nomear, são a personificação de toda a porcaria em que se tornou este país…
16 Novembro, 2018 at 17:50
Placebo, muito bem. Uma boa análise do que vemos hoje na sociedade portuguesa. E tal como tu placebo tenho pouca ou nenhuma esperança que consigamos inverter estruturalmente este processo. Quando a maior parte da classe “letrada” do país papa como papas cerelac a informação que lhe deitam recebendo-a de forma completamente acrítica reproduzindo a lógica da cartilha que impera na opinião publicada e televisiva, estamos conversados. Não percebem que informação não é conhecimento. Para existir conhecimento tem de existir raciocínio….e hoje o que mais se assiste é à reprodução da informação como se fosse conhecimento/raciocínio. Sem conhecimento não há tomada de posições firmes e duráveis que permitam constituir uma base social crítica com massa suficiente para, no mínimo, levar os poderes instalados a uma mudança de rumo ou, no máximo, poder oferecer uma alternativa viável aos cidadãos deste país. Isto aplica-se em tudo. O futebol não é mais do que um reflexo de outras esferas sociais. Acho que nunca estivemos num ponto tão alto de alienação colectiva.
17 Novembro, 2018 at 12:25
🙁
16 Novembro, 2018 at 18:05
Nós Sportinguistas e nós povo merecemos este tipo de governantes, falamos tanto, criticamos tudo, e depois na hora de votar, votamos sempre nos mesmos. Ora ganha o psd, ora ganha o ps e assim muda o cheiro mas a merda é sempre a mesma. Se aparecer alguém novo, com ideias diferentes é maluco, mentiroso ou demagogo.
Somos um povo mesquinho e invejoso, e enquanto a pimenta estiver no cu dos outros nós até podemos não concordar, mas não mexemos uma palha para passarmos despercebidos.
Quando há um caso como o de Tancos e não acontece nada está tudo dito quanto ao país que temos.
16 Novembro, 2018 at 18:23
“Somos um povo mesquinho e invejoso, e enquanto a pimenta estiver no cu dos outros nós até podemos não concordar, mas não mexemos uma palha para passarmos despercebidos.”
Ou até gozamos o prato.
Tipo, quando passamos pelo BM a levar multa da GNR rimos muito, meia dúzia de kms à frente quando nos param, é caça à multa
16 Novembro, 2018 at 19:51
Esse é um exemplo perfeito.
17 Novembro, 2018 at 12:27
Não sei se merecemos. Mas lá que é o que temos…
16 Novembro, 2018 at 18:12
Nem só de textos bonitos vive o mundo. Concordo com a maioria das coisas que escreves mas não partilho a visão catastrofista. O país e o mundo não estão bem, mas enquanto houver homens e mulheres de boa vontade (felizmente há muitos) nada estará perdido ou condenado. Há dois mil anos, as mulheres e as crianças tinham o mesmo valor jurídico de um cão ou de um jumento. Eu diria que a humanidade progrediu muito desde então.
17 Novembro, 2018 at 12:28
Então daqui a 2 mil anos voltamos a falar…
19 Novembro, 2018 at 21:44
havia uns tipos que apareceram na Base Lunar (Espaço 1999) e que vinham a dormir há milhares de anos luz dentro de umas cápsulas.
Sempre me fascinaram esses ETs
16 Novembro, 2018 at 18:29
A propósito, quase em off, um dos raros e esclarecidos artigos de opinião, neste caso, um editorial do Jornal Público, de 15 de Novembro
Para quem quiser ler (caso ainda não tenha feito):
Bruno de Carvalho, terrorista ou mártir?
É justificável a suspeita de que o Ministério Público pode estar a usar a acusação de terrorismo como um expediente.
“Considera-se grupo, organização ou associação terrorista todo o agrupamento de duas ou mais pessoas que, actuando concertadamente, visem prejudicar a integridade e a independência nacionais, impedir, alterar ou subverter o funcionamento das instituições do Estado previstas na Constituição, forçar a autoridade pública a praticar um acto, a abster-se de o praticar ou a tolerar que se pratique, ou ainda intimidar certas pessoas, grupos de pessoas ou a população em geral.”
É isto que diz a Lei n.º 52/2003, aprovada no seguimento dos ataques terroristas de 11 de Setembro. E, por mais que se leia, é difícil perceber como é que, a menos que isolemos a expressão “intimidar certas pessoas, grupos de pessoas”, ela se pode aplicar ao ataque da claque da claque Juve Leo ao centro de estágio de Alcochete e àquele que alegadamente poderá ser o seu mandante, o ex-presidente Bruno de Carvalho.
Mas essa expressão não é para ser lida isoladamente, fora do contexto da lei ou separada do espírito do legislador. Se assim fosse, qualquer ameaça de alguém contra alguém ou contra um grupo de pessoas era terrorismo e mesmo o mais distraído senso comum não consegue comportar tal abrangência.
É por isso justificável a suspeita de que o Ministério Público (MP) pode estar a usar a acusação de terrorismo como um expediente, já que esse enquadramento lhe permite poderes de actuação mais alargados, como prender pessoas à noite, em sua casa, ou fazer buscas depois das 21h como terá acontecido com Bruno de Carvalho.
Como um expediente, infelizmente cada vez mais vulgar, é a detenção de alguém para ser interrogado, mesmo que essa pessoa se tenha oferecido para prestar declarações. Se lhe acrescentarmos os directos televisivos, então o expediente toma contornos de um abjecto entendimento do exercício da lei como espectáculo para as massas.
Infelizmente, o aparelho judiciário tem uma marcada tendência para abusar das excepções, numa inclinação perigosa para a violação dos direitos e garantias dos cidadãos com que habitualmente procura esconder as falhas de investigações mal conduzidas ou preguiçosas.
Depois do desvario que foi o final da sua presidência no Sporting é difícil visionar Bruno de Carvalho como “mártir”, mas se o MP continuar com expedientes como este do “terrorismo” ele e os outros detidos bem podem acumular capital de queixa e nós não devíamos virar a cara. Só falta mesmo ouvir os interrogatórios num qualquer canal de televisão para percebermos que o MP é incapaz de aprender com os abusos.
16 Novembro, 2018 at 19:06
“Não vou aqui discutir os acontecimentos de Alcochete, porque não é isso que está em causa. Desde o início, pareceu-me que tinha sido o presidente do Sporting o mandante da invasão.
A questão é outra. A detenção de Bruno de Carvalho durante quatro dias prova mais uma vez que, em Portugal, os poderosos nunca têm problemas com a Justiça. Nem sequer são importunados. Se o forem, é só depois de perderem o poder. Foi assim com Vale e Azevedo ou com José Sócrates. Foi assim com Ricardo Salgado. Foi assim com Bruno de Carvalho.
Alguém acredita que, se José Sócrates continuasse como primeiro-ministro, algo teria acontecido? Ou se o BES não tivesse caído? Ou se Vale e Azevedo e Bruno de Carvalho continuassem a ser presidentes do Benfica e do Sporting?
Alguém acredita que, se Jorge Nuno Pinto da Costa já não fosse presidente do FC Porto na altura do Apito Dourado, as provas e as escutas recolhidas não teriam servido para incriminar – em vez de, devidamente validadas e consideradas, como realmente foram, terem servido para inocentar?
Alguém acredita que Luís Filipe Vieira, que se dá ao luxo de nem sequer responder à Justiça, alegando crises de amnésia e fugindo para o estrangeiro, só não está preso há meses, nem sequer foi ainda constituído arguido, porque é presidente do Benfica? Alguém acredita que algum dia vai sê-lo?
Em Portugal, a Justiça não é cega e tem dois pesos e duas medidas. Tal como a generalidade dos governantes, é fraca com os poderosos e forte com os fracos. Num país corrupto, muito pior do que a Itália, a Justiça portuguesa é uma vergonha.”
In Aventar
16 Novembro, 2018 at 20:51
“Desde o início, pareceu-me que tinha sido o presidente do Sporting o mandante da invasão.”
Parei de ler aqui.
É que passa a ser completamente irrelevante tudo o que vem a seguir.
Qualquer pessoa que “desde o início” ache isso já tem todos os sintomas de um raciocínio enviesado. Porquê desde o início? Como desde o início? No início (e ainda hoje, diga-se) não se sabia nada. Rigorosamente nada!
O que raio poderia BdC ganhar em mandar bater à equipa?
Porque se é capaz de desabafar no FB então também é capaz de mandar 40 idiotas dar uma carga de pancada aos jogadores? O homem mais escrutinado e criticado em Portugal?
Cui bono?
Se pensarem percebem imediatamente que não é BdC (ou o Sporting) que ganharia em invadir Alcochete.
Quem ganhou com isso foi quem forçou a destituição mais mal parida da história do clube.
Esses, sim, ganharam. E muito.
16 Novembro, 2018 at 21:10
aconselho a ler o teor da acusaçao
basta googlar que existem varios resumos da mesma
16 Novembro, 2018 at 23:43
E eu aconselho-te a desapareceres para debaixo de uma pedra e hibernares definitivamente.
16 Novembro, 2018 at 19:33
Cândida Vilar encontrou o caso para a sua rápida promoção. Tudo fará para que os holofotes não saiam de cima de Bruno de Carvalho.
Lucília Gago que se prepare. A rival caminha a passos largos para ocupar o seu lugar. Os interesses encarnados garantirão o resto.
16 Novembro, 2018 at 18:32
Muito triste e totalmente verdadeiro! Assim vai Portugal e o mundo.
16 Novembro, 2018 at 18:38
Quero ainda deixar uma nota muito pertinente sobre a classe profissional dos jornalistas:
Decorre neste momento o processo de eleição de órgãos directivos para a Comissão de Carteira Profissional dos Jornalistas (o órgão que emite a carteira profissional, validando o título de jornalista).
Concorrem duas listas.
Uma delas é encabeçada por Jacinto Godinho, idóneo jornalista da RTP, que agrega consigo uma série de nomes ligados ao Sindicato dos Jornalistas (sim, é uma lista corporativista).
A outra lista, atentem bem, é toda ela constituída por jornalistas do grupo Cofina. Sim, esse grupo que detém jornais e canais televisivos como o Correio da manha e o record.
Os votos irão decorrer em Dezembro e, esperemos (não estou em campanha) que seja, ainda assim, a lista corporativa a vencer. Senão, avizinham-se tempos determinantes relativamente a quem irá ou não, e em que moldes, receber o título, a carteira profissional, de jornalista.
17 Novembro, 2018 at 12:31
Verde Lima, o problema vem bem a jusante da emissão da Carteira…
17 Novembro, 2018 at 17:26
é certo (também dou aulas a futuros jornalistas na universidade), mas isto é medonho de tão descarado.
16 Novembro, 2018 at 18:38
Correção: ESTE PAÍS NÃO É PARA GENTE SÉRIA!
Os assassinos, os corruptos, os croquetes e os golpistas estão no lugar certo.
16 Novembro, 2018 at 18:57
«[…]
Visão: Ainda sonha com a guerra?
Lobo Antunes: (…) Apesar de tudo, penso que guardávamos uma parte sã
que nos permitia continuar a funcionar. Os que não conseguiam são
aqueles que, agora, aparecem nas consultas. Ao mesmo tempo havia coisas
extraordinárias. Quando o Benfica jogava, púnhamos os altifalantes
virados para a mata e, assim, não havia ataques.
V: Parava a guerra?
L.A.: Parava a guerra. Até o MPLA era do Benfica. Era uma sensação ainda
mais estranha porque não faz sentido estarmos zangados com pessoas que
são do mesmo clube que nós. O Benfica foi, de facto, o melhor protector
da guerra. E nada disto acontecia com os jogos do Porto e do Sporting,
coisa que aborrecia o capitão e alguns alferes mais bem nascidos. Eu até
percebo que se dispare contra um sócio do Porto, mas agora contra um do
Benfica?
V: Não vou pôr isso na entrevista.
LA: Pode pôr. Pode pôr. Faz algum sentido dar um tiro num sócio do
Benfica?»
16 Novembro, 2018 at 20:55
Fascinante.
Confesso que não conhecia esta entrevista.
Acho que diz absolutamente tudo e ainda por cima confirma aquilo que estou há duas décadas a afirmar: Este país É do benfica. Não sei quantos sócios têm mas o país pertence-lhes e quanto mais depressa todos os Sportinguistas perceberem isso (e BdC sabe-o perfeitamente) melhor.
Para todos os efeitos estamos em território inimigo.
16 Novembro, 2018 at 21:54
Não, o que esta entrevista comprova é que o lampionismo é um cancro social, e isso é uma vergonha para Portugal. A última frase do Lobo Antunes é disso um exemplo, de surreal. Reparem que até um intelectual pode ser um perfeito cretino, por ser lampião. O problema não é ser simpatizante daquele clube, o problema é o comportamento anti-social e anti-desportivo que caracteriza o lampião típico, e que é transversal às classes sociais. Qual é a diferença entre um Jorge Máximo e um Lobo Antunes? São dois perfeitos anormais quando se trata do beifica.
16 Novembro, 2018 at 23:45
Não serei a discordar do que dizes.
Um cancro em fase avançada.
16 Novembro, 2018 at 23:45
Não serei eu a discordar do que dizes.
Um cancro em fase avançada.
16 Novembro, 2018 at 21:04
[…]porque não faz sentido estarmos zangados com pessoas que
são do mesmo clube que nós.”
E ainda hoje assim é.
Enquanto no Sporting há mil facções no rabolhence FC está sempre sol e tudo a remar para o mesmo lado.
Pensem nisto. Maduramente.
16 Novembro, 2018 at 19:14
Muito bom post, infelizmente esta é a nossa triste realidade.
A mudança na PGR foi uma enorme machadada na esperança que alguma coisa estava a mudar na Justiça em Portugal.
16 Novembro, 2018 at 20:04
Old Placebo is back.
17 Novembro, 2018 at 12:32
Always here, since 2008… 😉
16 Novembro, 2018 at 20:08
Quem está à espera que os rabolhos sofram alguma consequência com estes casos todos, o melhor é sentar-se num sofá bem confortável. O único que vai lá para dentro é o paulo gonçalves e as toupeiras em troca duns bons euros.
16 Novembro, 2018 at 20:19
há limk ? Obg
16 Novembro, 2018 at 20:19
É a hora! Valete, Fratres. Subscrevam as obrigações do Sporting, apoiem o clube. Eu votei no João Benedito, sou “brunista”, mas investi no Sporting! A corja que pensa que nos manda abaixo vai pagá-las, e com juros…
PS – UM GRANDE ABRAÇO, BRUNÃO!!
16 Novembro, 2018 at 20:20
Muito bom este post. Mas acrescento uma adenda: Não é para sportinguistas, mas é para sportingados!! Aquela corja de pavões que se atropelam para ir para as Tvs, rádios e jornais falar mal do Sporting. Seja com BdC, seja com quem for. Bastou vêr na TV estes últimos dias.
Se não tem o tacho deles, lá estão na TV a espalhar o nome do clube pela merda!!
Eu diria que este país para esse tipo de sportinguistas de merda é perfeito!!
16 Novembro, 2018 at 20:22
Soortingados e de que maneira . Hoje em dia não há quem mais mal fale do sporting que certos sportinguistas . Disso não duvidem .
16 Novembro, 2018 at 22:55
Uma óptima dissertação e que é particularmente assertivo naqueles que são também para mim os maiores vícios da nossa pseudo-democracia.
Considero-me um liberal, mas não o sou só na economia. E não querendo dissecar deste texto que ora comento, uma visão estritamente política que acho que nem tem, diria que o mesmo vai ao encontro dos problemas reitores (assim entendo) do nosso país: a centralização (geográfica e de Estado) e a incapacidade de exercer a liberdade num contexto de cidadania responsável.
Reparem meu caros tasqueiros, na dificuldade que é encontrar um alargado número de concidadãos que efectivamente sejam dotados de um pensamento lógico-abstracto que permita ver para além do horizonte (e podíamos começar logo pela detenção de Bdc, ou se quisermos isolar-nos de uma abordagem específica, pelo problema que encerra na dicotomia cidadão/justiça a prisão preventiva – não há por exemplo um CARALHO de um debate sério e profícuo sobre o que está bem e o que se podia mudar).
A este país, ou se quisermos, à sua população grosso modo, basta-lhe que o Estado lhe garanta X ou Y de regalias (à custa das gerações vindouras) para garantir a sua própria mediocridade, pois passar disso custa trabalho, custa pensar, custa dinheiro.
Farto-me de o dizer aqui, somos dos países mais atrasados do ocidente. Corruptos, mesquinhos, pouco cultos e sem grande vontade de mudar.
17 Novembro, 2018 at 12:34
+1
No fim, tem tudo a ver com o respeito da (verdadeira!) Liberdade do indivíduo.