O espaço que medeia o 25 de Abril e o 1 de Maio desperta, em mim, sentimentos antagónicos. Entre a importância das datas e o aproveitamento que é feito do simbolismo das mesmas, fico com a triste sensação que, cada vez mais, estes são momentos ideais para coleccionar likes no facebook.

Mas não é de comportamentos generalistas e generalizados que venho falar-vos. É de nós, Sportinguistas, e do muito que ainda precisamos de mudar. Já sei, muito de vós, por esta altura, estarão a exclamar: «mudar?!? mas ainda há um ano conseguimos uma enorme mudança, aquando das eleições!». É verdade. Felizmente, a maioria dos Leões que votaram perceberam que, dando continuidade ao rumo que estava a ser seguido, o Sporting que gravou o seu nome da história caminhava para isso mesmo, para ser um conjunto de boas memórias. No entanto, e um pouco à semelhança do que aconteceu no 25 de Abril, bastou meia dúzia de dias para começar a instalar-se a ideia de que estava feito o que havia para fazer e que, agora, era deixar a nova direcção trabalhar que tudo haveria de resolver-se. No fundo, em milhares de Sportinguistas, instalou-se a ideia de «já fiz o que tinha a fazer pelo meu clube» ou, numa versão mais romântica, «salvei o Sporting!».

A questão é, camaradas, que o Sporting está longe de estar salvo. E nós estamos longe de ter feito tudo o que podemos fazer pelo nosso clube. Ao contrário do que possa pensar-se, a revolução leonina não se fez na noite de eleições. Esse foi, apenas, o primeiro passo para a verdadeira revolução, longa, dolorosa, feita de muitos sonhos que vamos ter conseguir manter independentemente das dificuldades. E esta revolução que poderá trazer-nos um Sporting dominante em todo o seu ecletismo, começa dentro de cada um de nós.

Dou-vos um pequeno exemplo. Aquando da tarde em que terceiros elementos decidiram o campeonato, actuando, quase em simultâneo, no Bonfim e em Belém, a paciência dos adeptos verde e brancos para com a merda onde chafurda o futebol nacional, parecia ter chegado a um limite. Agendaram-se acções, iniciou-se um movimento destinado a dizer «Basta!». Mas, logo na tarde em que esse grito podia ser ouvido, houve quem preferisse fazer tudo e mais alguma coisa e chegar em cima da hora do jogo, como se nada se passasse. Ganhámos e, de um momento para o outro, o sentimento de revolta desvaneceu-se. Continuámos a ganhar e foi como se nada se tivesse passado, chegando-se ao ponto de dar os parabéns aos vencedores como se esta tivesse sido uma prova ganha de forma imaculada. O que é que isto quer dizer? Que, afinal, o importante é ganhar, seja de que forma for? Que, tanto se vos dá se o Sporting ganha títulos dentro de campo ou fora dele?
Pelo meio, os quase 30 mil likes no facebook (lá está, é com as frases bonitas em dias simbólicos) transformaram-se em menos de 1400 assinaturas numa petição online. E as recolhas de assinaturas, feitas em Alvalade, foram recebidas com sorrisos irónicos, com «isto não vale de nada» ou «eu não assino que isto são coisas do Bruno de Carvalho».

Engano. Isto não são coisas do Bruno de Carvalho. Isto são coisas que afectam o Sporting! E esse maldito «isso não vale de nada», é o que tem conduzido o país ao estado que está e que conduziu o Sporting ao estado em que esteve! Mete uma coisa na cabeça: dizeres «o Sporting somos nós!» e ficares à espera que tudo se resolva, vale zero! E dizeres que és do Sporting, por tão grande que seja, pode ser ainda maior! Basta pensares num dos lemas desta Tasca: eu sou (d)O Sporting!

Se não podes pagar uma quota de 12 euros, paga uma de seis. Se não podes pagar uma de seis, assina o jornal. Se não pode assinar o jornal, vai à loja e compra um cachecol! Se não podes comprar uma gamebox do futebol, compra uma do hóquei! Se não podes ir ver um jogo a Alvalade, vai ver a nossa equipa de andebol quando passar perto da tua terra! Se não tiveres cinco euros para ver um jogo de futsal, deixa de comprar a merda dos jornais que, diariamente, atacam o teu clube e vais ver que esse dinheiro aparece! Se te mete nojo o que escrevem sobre o Sporting, deixa de clicar 20 ou 30 vezes ao dia nos sites de quem o faz! Se estás longe de Alvalade, compra uma camisola e espalha o orgulho de vesti-la! Se tens um filho, mostra-lhe quantos miúdos jogam no Sporting e como o Sporting aposta neles! Se tens uma filha, mostra-lhe quantas miúdas são atletas do Sporting! Diz-lhes que o Cristiano Ronaldo não é o Madrid, é do Sporting! Pensa, porra! E passa aos teus filhos, aos teus amigos, aos teus irmãos, a todos os que forem verde e brancos, esta ideia de que a tão desejada revolução tem que começar em cada Leão!

 

p.s. – um dos maiores prazeres de ter esta Tasca aberta, é sentir que estou entre Leoas e Leões que encarnam este espírito e que estão dispostos a lutar. Um milhão de visitas em menos de seis meses, é prova disso mesmo. E de que vão ter que continuar a levar com o nosso rugido! Obrigado a todos!