Naming. O termo não nos é estranho, até por já ter feito parte da estratégia para aumentar lucros, através da Academia. A Academia Sporting passou, então, a intitular-se Academia Sporting Puma, algo que pouco ou nada nos incomodou enquanto adeptos.

Mas o caso muda de figura, quando em questão passa a estar o nome do nosso estádio. O nome do nosso José Alvalade. Talvez o “problema” resida, precisamente, aí: na forma como gostamos de homenagear quem ajudou a escrever a nossa história. Podíamos jogar no Estádio do Leão, no Estádio do Campo Grande, no Estádio do Lumiar, mas jogamos no Estádio José Alvalade. Tal como veremos as nossas modalidades jogarem no pavilhão João Rocha, justíssima homenagem que levanta, imediatamente, uma barreira a um futuro naming.

Ora vem isto a propósito da notícia do Jogo, segundo a qual «o Conselho Diretivo liderado por Bruno de Carvalho tem vindo a encetar contactos no sentido de negociar o naming do Estádio José Alvalade». O objectivo passará, de acordo com a notícia, «por encaixar cerca de sete milhões de euros anuais com a operação (com o contrato a ter um prazo máximo de dez anos), de modo a compensar a receita atual de 3,5 milhões de euros proveniente dos acordos de patrocínio com as várias marcas que têm o seu espaço no recinto, sobretudo as que dão nome às bancadas do Estádio José Alvalade».

«Os contactos que estão a ser estabelecidos pelos dirigentes leoninos são sobretudo direcionados para grandes empresas do Médio Oriente com interesses globais, com particular destaque para as companhias aéreas dos Emirados Árabes Unidos, nomeadamente a Emirates – que figura no nome do estádio dos ingleses do Arsenal – ou a Ethiad – que dá nome ao recinto do atual campeão inglês, o Manchester City».

Obviamente que tal operação terá que ser validada em AG, com 75% de votos a favor por parte dos sócios, algo que falhou redondamente quando, em 2011, Godinho Lopes tentou fazer passar esta medida para um naming que andaria entre os 4 e os 5 milhões. E há outro pormenor a ter em conta: se estamos a falar numa substituição total do nome do estádio, se de um acrescento ao mesmo, como aconteceu no caso a Academia.

No fundo, trata-se de uma decisão nada fácil, mas vou dizer-vos o que mais me dá que pensar quando coloco esta questão a mim mesmo: irrita-me pensar que centenas/milhares de sócios que imediatamente vão renegar a mudança, são as mesmas centenas/milhares que podem ir mas que não vão a Alvalade, ajudando a que a nossa casa não esteja constantemente acima dos 40 mil no apoio à equipa. Mais, muitos dos que virarão costas a uma mudança, são os mesmos que se lamentam, constantemente, da nossa incapacidade de gerar receitas extraordinárias que nos permitam ter um plantel ainda mais competitivo. Um plantel que valha títulos constantes e um estádio muito mais lotado do que actualmente.

Pela parte que me toca, obviamente que cantam as sinetas quando penso que, no arranque de cada época, o nome do estádio e das bancadas do mesmo nos pode dar 10,5 milhões garantidos. É quase metade do nosso actual orçamento. A minha única dúvida, mesmo sabendo que a nossa história nunca se apaga, é se estarei pronto para ir ver jogos a um Apple XXI, a um Intel Arena ou a um Coca Cola Stadium.