As saudades que eu já tinha da minha alegre casinha. As saudades que eu tinha de ver jogar esta equipa. Esta foi mesmo uma vitória muito difícil, mas merecida por 3-1 (25-22; 23-25; 25-16; 25;18). Vamos por partes.

Quando reparei que o jogo deste Domingo era às 9h da manhã pensei: “a que horas se acorda para se estar mentalmente e fisicamente preparado para estar competitivo a essa hora?”. Nós, no trabalho, por vezes demoramos a arrancar até à hora de almoço.

Outro motivo de preocupação foi a falta de treinos e competição há mais de 15 dias. Até faz lembrar o departamento de comunicação do Sporting a falar desta equipa. Passam-se dias e nada. Claro que em breve teremos o SL Benfica, FC Porto e o Natal e as meninas já vão ser precisas. Retomando, o Covid atacou as meninas e as consequências são conhecidas por todos. O recolhimento obrigatório podia ter gerado entropias que, facilmente, podiam colocar em causa uma boa performance e a vitória. Não aconteceu.

Por último, entrámos em campo sem a Vanessa Paquete. Segundo a Sporting TV, o motivo foi lesão. É bom que não seja grave porque é necessária e importante para continuar nesta corrente de vitórias. A Aline Timm também começou no banco o que indicava lesão. Acabou por entrar e não se notar nada, mas pareceu-me esse o motivo senão seria titular.

Estes 3 contratempos já seriam suficientes para dar uma dor de cabeça a qualquer treinador. No campo, isto virou forças para vencer o Clube K. Melhor que explicar como foram os sets, podemos espreitar a performance individual de cada jogadora.

Amanda Cavalcanti: Quando eu tinha 18 anos, aos domingos de manhã dormia ou estaria de direta porque ter estado a ver o Bruno Nogueira e depois Messenger o resto do tempo. A Amanda joga voleibol e com qualidade. Entrou como titular no lugar da Aline e esteve bem. Notam-se muitas melhorias em relação à época passada e vai continuar a crescer, agora com mais espaço. Fez os seus pontos, no entanto precisa de ter o braço mais pesado no ataque. Quando isso acontecer, é titularíssima em qualquer equipa em Portugal e jogadora de seleção nacional sénior.

Aline Timm: Vou nomeá-la a surpresa do jogo. Começou no banco, possivelmente por não estar nas melhores condições físicas. Como a Amanda começou a ser um pouco “ignorada” pelo bloco, ia ser titular no 3º set. Algum erro se passou e, apesar de continuar como titular, foi parar à posição de oposta. Foi o melhor que podia ter acontecido. O bloco de marcação que começou a fazer à entrada de rede do Clube K, forçou muitos erros. Não me parece que seja para continuar na posição, mas por agora ficou feito. E bem feito! Ah, blocou uma bola com a cara para o fundo de campo. Nem o Cristiano Ronaldo! A última pessoa que conheço que blocou com a cara foi parar ao hospital durante 1 mês. A Aline sorriu e continuou a jogar.

Gabriella Rocha: Não sei se a hora, se a paragem prolongada do campeonato, certo é que joga muito melhor que isto. Curioso dizer é que, mesmo se percebendo que não estava a correr-lhe bem o dia, foi a melhor blocadora e teve um papel decisivo. Estar em campo mete respeito, obriga o adversário a marcá-la e liberta sempre espaço para as colegas. Se isto é jogar menos bem, agora imaginem quando partir tudo. (contra o FC Porto o quê? Tou?)

Natali Herasymiv: Entrou com indicações específicas para fazer o que de melhor faz – blocos. Infelizmente o set parecia controlado pelo K, ainda assim o seu ponto no bloco deu para assustar. É importante dizer, apesar de jogar pouco, que entrou comprometida e a saber a sua função.

Ana Couto: Quantas vezes tenho de dizer que gosto dela? A entrada da Aline veio tornar a vida a distribuidora muito mais facilitada porque estava ali com alguns problemas em algumas rotações, principalmente com a Amanda e Thais. Com a entrada da Aline, voltou a ter a rede toda e brilhou. Não se contam as vezes que colocou as colegas em 1×1. Para além do passe, serve bem e defende bem. Já disse que gosto dela?

Beatriz Rodrigues: Contam-se pelos dedos das mãos a quantidade de jogadores que são suplentes e entram em jogo com a vontade da Bia. O treinador pediu-lhe para ir a jogo duas vezes. Na primeira foi (quase) buscar um set. Ficámos à porta. Na segunda vez veio dar uma segurança e irreverência que só a Beatriz tem em campo. É uma jogadora fundamental neste Sporting, escrevam isto porque em pouco tempo vai-se ver.

Daniela Loureiro: Se não estiver na melhor forma da sua vida, deve estar muito próximo disso. Espreitem o jogo e vejam como é que o Sporting bloca e percebem que o único espaço disponível para as adversárias está lá a Daniela. Ela é tão craque! Contei 1 erro. 1! E de certeza que foi uma comichão, de uma mosca que ia a passar junto do olho, precisamente no momento do serviço. Não fosse essa comichão e devia ter uns 100% de eficácia de recepção. Ou 200%.

Cristiana Lopes: Tem vindo a ter minutos e a lesão da Vanessa Paquete levou-a à titularidade. Fez um primeiro set brilhante. Lembro-me de uma bola à linha de classe alta. Começou a ser menos eficiente no ataque e bloco e foi substituída. Em situações normais teria voltado ao jogo, mas com o ritmo que começamos a colocar, era impossível. No geral, foi um jogo bom da nossa atleta.

Thais Bruzza: O discurso é idêntico ao da Gabriella porque não fez o melhor jogo de sempre, ainda assim não jogou mal. Muito bem a segurar a receção, mas menos eficiente no ataque. Teve uma bola de raiva, quando a Ana Couto a coloca sem bloco, tornando-o num momento algo marcante de confiança. É craque desde a ponta do cabeça até à ponta das unhas dos pés e é um gosto vê-la jogar. Mesmo que, na terça feira, tenha sido um dia menos bom para as estatísticas. Ah! Foi dela o momento do jogo, o vídeo está no final.

Bruna Gianlorenço: “Muitas mulheres tiveram valor, mas a minha excede-as a todas!” (Provérbios 31:29). Desculpem o pronome possessivo, mas é nossa leoa e nossa atleta. Estava a começar o 4º set e tive de parar de ver. A minha fé chamou-me. Curiosamente, a primeira leitura da celebração deste domingo foram as palavras que escrevi anteriormente. Achei curioso e bonito. Voltando, QUE JOGAÇO! Posso-vos dizer que estava no whatsapp a trocar uma mensagem de elogios à Bruninha com um amigo e escrevi mal o nome dela. Escrevi Bruninja! E não é que é mesmo? Está em todo lado, qual ninja do voleibol. bruNINJA! Gostei.

Daniana Esteves: Entrou para servir no set que perdemos. O mister Rui Costa estava a tentar segurar o serviço e lançou a Daniana. Entrou, não errou e fez o que lhe competia. Curiosa a forma como entrou em campo, nota-se uma pessoa confiante e focada.

Matilde Saraiva: A Matilde tem vindo a entrar para servir em alguns jogos e neste voltou a repetir. A tática é simples, usar o bom serviço que a Matilde tem para dificultar a receção adversária e jogar com a sua excelente capacidade defensiva para termos contra-ataque. Cumpriu bem e ajudou manter o 1º set seguro.

Nota:
Deve ter-se batido o record do Guiness de pessoas a dizer “caralho” com a câmara focada em si, em direto na televisão, durante um jogo de voleibol. Nem sei se ria se chore;

Momento do Jogo
Vejam, revejam e deliciem-se. Tudo certo aqui, desde o ponto, ao festejo e a terminar no brilhante trabalho do cameraman. Para vocês, Thais Bruzza!!

A equipa masculina venceu por 3-0 o GC Castelo da Maia (25-17, 25-20 e 25-13) num jogo muito fácil e tranquilo. Nada a apontar, nada a acrescentar. Este histórico do voleibol está longe de tempos antigos e, atualmente, não é do nosso campeonato.

*às terças, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo (ou, se preferires, é a crónica semanal sobre o nosso Voleibol) –