«O Sporting não tem dinheiro para futebolistas de primeiro plano, esta é a realidade que nos custa admitir mas que é essencial interiorizar. Assim, os novos jogadores têm de dar a garantia que se integram no novo projeto do Sporting e que lutarão para vencer em todas as partidas. Será bom que sejam integrados jogadores novos, ao lado de futebolistas experientes, de modo a garantir um todo coeso e ambicioso», Daniel Sampaio, in jornal Sporting. 

Ora esta afirmação liga-se, directamente, a uma troca de opiniões que se seguiu ao anúncio da muito possível contratação de Tanaka e onde se levantou uma questão: pese o sucesso das contratações de Montero, Maurício ou Slim, que servem de crédito para a chegada Paulo Oliveira, Slavchev, Rosell, Geraldes e, provavelmente, Tanaka, não deveria o Sporting tentar a contratação de um jogador “de gama média-alta”, com créditos firmados e que entrasse de caras no onze?

Facto incontornável: não temos dinheiro. Ou temos pouco, vá lá.
Facto incontornável 2: esse pouco são cerca de 25 milhões. Ora, já contando com Tanaka, o nosso investimento vai em cinco milhões, mais coisa menos coisa. Acreditando que ainda chegará um defesa esquerdo e mais um homem para as alas (o central só vem se Rojo for vendido, digo eu), será que não se podia abrir um pouco os cordões à bolsa em fugir do orçamento?
Facto incontornável 3: os ordenados e o tecto salarial. Faz sentido e, diga-se, às vezes estas diferenças de ordenado provocam divisões no balneário. Mas pergunto eu, que não sou formado em gestão a não ser pelos CM da vida:
se devemos, a todo o custo, evitar hipotecar a valorização de novos talentos contratando-os em parceria com um fundo, não podemos ver esses mesmos fundos como parceiros na aquisição de um jogador de créditos firmados que pretenda, por exemplo, relançar a carreira? Há jogadores que custaram muito dinheiro (e custam muito, por mês) e cuja adaptação ao novo clube não se fez conforme o esperado. Estou a lembrar-me do Honda, por exemplo, que depressa passou a segunda escolha no Milan. Não interessará ao Milan valorizar o jogador? Ou, pelo menos, voltar a transformá-lo num activo? E não poderemos nós, para lá da descoberta de jovens talentos que potenciam a vertente desportiva e financeira, tentar encontrar talentos mais experientes que potenciem, unicamente, a vertente desportiva? Não valerá a pena tentarmos ter um ou dois jogadores que façam a diferença pela qualidade e pelo traquejo, que sirvam de exemplo e ensinem os mais novos e que possam ser aquele bocadinho que vale um título, mesmo que saibamos, de antemão, que apenas por cá ficarão uma época, altura em que um fundo, ou quem lhe paga parte esmagadora do ordenado, os leva para outras paragens com o nome e a carreira relançados?