“Dia feliz! Ser mulher pode ser visto como uma bênção ou maldição. Acho que somos privilegiadas por vivermos do lado do mundo em que a tendência é a primeira. É dia de não esquecer as mulheres que não vivem assim. Hoje e sempre!”. Estas palavras não são minhas, são daquela que me ensina muito diariamente. Valorizemos, todos, a graça que temos e tentar não estragar muito.

 

Agora vamos ao voleibol começando pelos rapazes.

A equipa masculina termina em 3º lugar esta segunda fase do campeonato. Entender a classificação do voleibol é quase uma ciência espacial, por isso admito estar errado no que vou dizer de seguida. Pelo que vejo, vamos jogar contra o SL Benfica no próximo jogo. Se vencermos, o SL Benfica desce para 2º classificado e jogamos com eles nas meias-finais do campeonato. Se perdermos, jogaremos com a AJ Fonte do Bastardo. Quem preferem?

Estamos também apurados para as meias-finais da taça de Portugal, onde somos os defensores do título e jogamos com o SL Benfica.

A boa notícia desta equipa é a evolução na consistência que temos acompanhado. Até meados de janeiro tivemos uma performance absolutamente disparatada. A partir daí fomos melhorando e estamos no melhor momento da época. A saída do PV coincidiu com a melhoria da equipa, o que torna uma decisão muito esquisita, numa acertada. Fica apenas a especulação sobre este assunto. O Gersinho encontrou o seu núcleo base de titularidade e esta estabilidade deu frutos. Vamos começar agora a fase crítica da época, com jogos apenas com os “mais crescidos”. Vai ser giro de ver. Claro que continuamos com uma equipa desligada dos adeptos e sem vontade de criar laços de aproximação. As vitórias com o SL Benfica podem ajudar qualquer coisa ou podem colocar a definitiva guia de marcha à maioria dos jogadores do plantel desta época. Vamos aos jogadores:

Joaquín Gallego e Victor Hugo: O Gallego ganhou o seu espaço ao Victor Hugo e é o titular da posição. O melhor Victor Hugo é melhor que o melhor Gallego, só que não temos tido o explosivo Victor Hugo. A consistência tem ajudado o argentino a manter-se a titular com boas performances.

Tiago Barth: Ao contrário do que pensava no início da época é o único central que não sai dos titulares. Faz o seu jogo com o empenho e garra que se pede a um profissional de voleibol. É o mesmo ao longo da época e isso merece ser enaltecido, sem oscilações nem mudanças na qualidade de jogo.

Kelton Tavares, Hugo Vinha, Rafael Cavalcanti e Frederico Santos: Dos 4, o destaque vai para os serviços do Kelton e a boa performance do Frederico aquando da ausência do Gelinski. Vencemos a Fonte com ele a titular e isso mostra, também, uma evolução interessante por parte do jovem distribuidor.

Thiago Gelinski: Melhor jogador do Sporting CP.

Gil Meireles e João Fidalgo: O Gil Meireles entrou na equipa para segurar a recepção, voltando a um modelo de rotação de líberos que já tivemos em épocas anteriores. A equipa melhorou a partir daí e isso é um enorme elogio a ambos porque estão a fazer o que melhor sabem.

José Masso: Há várias formas de estar no desporto, podendo resumi-las a “impressionar ou emocionar”. O José Masso opta por impressionar sem qualquer sentido para além do individual. Chegou com graves lacunas técnicas que o Gersinho (e estar a jogar) ajudou a evoluir muito. Está forte e é, atualmente, o melhor pontuador da equipa. Irrepreensível na nota técnica o que tem gerado vitórias para a nossa equipa. Tem potencial para continuar a evoluir e, parece, que pode chegar a voos mais interessantes que o campeonato português. Não faz ideia nenhuma do que é sentido coletivo, respeito pelo jogo ou pelo adversário. Também não vejo nenhuma alteração de comportamento, por isso só eu é que não me revejo. O cartão vermelho em Espinho é paradigmático do que penso.

Robinson Dvoranen (Bob): Muita experiência e tem um primeiro toque perto do perfeito. Por algum motivo que desconheço, está a saltar mais e a atacar muito bem. O covid deu-lhe mais impulsão? Estou a gostar muito deste jogador nesta fase do campeonato.

Tiago Pereira: Se continuo a elogiar o Tiago, vai parecer que o conheço ou sou empresário dele. O Tiago é, DE LONGE, a alma desta equipa.

Yohan Leon: Chegou com o gás todo, trazendo qualidade onde estava a faltar. Com o Bob nestes patamares e o Tiago Pereira nesta forma, fica difícil entrar na equipa. Especialmente após se ter lesionado. Regressará em breve e esperamos todos que justifique o estatuto que trouxe com ele.

Tom D-P: O jogador internacional australiano é dos que mais currículo tem na equipa. No entanto, a época não lhe está a correr bem e a afirmação está a demorar demais. A par do Leon, também terá novas oportunidades, e aí veremos como corre.

 

A equipa feminina.

Acho que já garantimos o 1º lugar, senão uma vitória com o GC Vilacondense garante. Ontem vencemos o Clube K e a respetiva qualificação para a final 4 da taça de Portugal onde jogaremos com o Vitória SC ou Castelo da Maia GC. Só uma catástrofe nos tirará da final da taça. Estamos num ótimo momento de forma e a fase da época pede isso. O meu palpite é que fazemos a dobradinha este ano. (“Adrien, não digas senão agoira”. Agoirar é pensar pequeno).

Neste fim de semana jogaram praticamente todas as atletas por isso vamos a elas. Para o fim fica a Bárbara e a Vanessa propositadamente:

Amanda Cavalcanti, Aline Timm Rodrigues e Jady Gerotto: O número 3 é o do equilíbrio, da harmonia e parece-me que encaixa aqui bem. Ontem tivemos uma Aline mais ausente, mas tem estado bem. A Jady está muito marcada e continua a lutar contra isso com sucesso (adoro a forma como ela festeja os pontos mais difíceis, alguém já topou também?). A Amanda é a futura melhor central portuguesa de sempre. Faltava-lhe o braço, já o tem. Cuidado com esta miúda!

Ju Carrijo e Margarida Rocha: Vou juntar as duas. A Margarida é a surpresa da semana! Nem todos somos craques, mas todos temos um papel importante. Não são só os médicos que salvam vidas. Para a Ju Carrijo fazer passes tensos a uma mão para a Timm, alguém teve de lhe dar espaço de descanso. A Ju é a melhor jogadora da liga portuguesa e a Margarida é a pessoa que precisamos para dar o apoio necessário à Ju e, principalmente, à equipa.

Daniela Loureiro e Carolina Garcez: Gosto da Garcez, já disse e repito. No domingo, apesar da defesa não ter estado soberba, fez um belo jogo. É bom vê-la a jogar porque a menina dos nervos de aço tem qualidade. A Dani entra no grupo de pessoas que não me canso de elogiar. Ainda ontem, com o K, teve uma postura comportamental que quero valorizar. Muito sóbria e assertiva na comunicação com as colegas. Melhor libero portuguesa.

Katherine Regalado: Ontem parecia desconcentrada e isso levou a alguns erros. Luta, arduamente, pela titularidade com a Vanessa Paquete e será assim até ao final da época. Quem ganha é o Sporting CP.

Thais Bruzza: Recebe na perfeição, parece omnipresente na defesa, está a atacar “pró mundial”, serve taticamente na perfeição, joga bem com os pés, e agora também é designer. Mais uma das nossas que merece elogios daqui até à lua.

Evgeniia Bochkareva, Daniana Esteves e Lucia Verdier: A Bochka é a 3ª opção para a zona 4 e vai ter oportunidades. Isso é claro como a água. A Daniana já foi muito importante esta época, mesmo muito, e agora as suas utilizações serão cirúrgicas e a Lucia tem de dar mais. Com o Leixões SC não lhe correu bem.

Para o fim a Bárbara e a Vanessa porque é preciso.

Bárbara Gomes: Gostava de um dia dar um post inteiro à Bárbara, espero conseguir. Se não acontecer, será uma falha minha. A Bárbara entra no rol de jogadoras de voleibol que toda a gente conhece, quer ter na equipa e que tem vibe de campeã. Ela é uma vencedora. Há pessoas assim, onde estão ganham. É como uma espiral de sucesso que não se consegue sair. Há para o lado negativo, (“a mim nunca nada me corre bem”) como existe para o positivo (“tenho muita sorte na vida”). Nunca esperei vê-la no Sporting CP, tal como sempre achei que a equipa da AJM/FC Porto não tinha a sua identidade. Em 1 mês está já numa forma absurda para quem esteve tanto tempo parada. E foi a última vez que disse “para quem esteve 9 meses parada” porque a Bárbara ganhou o direito de nunca mais se referirem a ela deste modo. Sabem porquê? Porque isso baixa expetativa e cria algum tipo de desculpabilização. A nossa craque (1) não precisa e (2) tem trabalhado muito para estar pronta. Por estranho que pareça dizer isto… está. Como é que se faz para arranjar um autografo dela?

Vanessa Paquete: A Vanessa Paquete é uma vencedora, uma guerreira, uma lutadora, uma brava, uma trabalhadora, uma perfecionista, uma atleta. Como qualquer pessoa com estas características, há um traço de respeito extra que merece. Se já não fosse suficiente o respeito pela dignidade da pessoa, podemos dar um bónus a quem traça a sua vida com base no trabalho. Em Matosinhos (outra vez lá?), e quem lá esteve como eu percebeu, havia um coro de injurias fortes à nossa atleta. Não acredito em coincidências porque, como dizem os antigos, quando há um coro também há um maestro. Bem, chamaram-lhe tudo! Com um autocontrolo só ao alcance de quem já passou muito, a Vanessa manteve-se calma e tranquila. Todos os que lá estávamos vimos o que se passou e, na minha opinião, não é só o racismo e a xenofobia que devem ser combatidos no desporto. Chegará o dia em que nos vamos todos fartar do desporto? O futebol está a cair a pique, será que o futuro está mesmo em comportamentos violentes e irracionais seja em que desporto for?

Hoje é o Dia Internacional da Mulher e, apesar de estarmos do lado certo do mundo, ainda se dizem palavras que já deviam ter sido abolidas da nossa verbalidade, como aconteceu em Matosinhos. Para a Vanessa Paquete, neste dia, termino também com uma palavra bem antagónica aquela que lhe chamaram: Poderosa.

 

*quando vê uma aberta no meio campo adversário, o Adrien S. puxa a bola bem alto e prega-lhe uma sapatada para ponto directo.