Bem, vamos lá então dar a minha opinião sobre a equipa feminina de iniciados que compete com os rapazes…
1º, e para que fique absolutamente claro, acho a iniciativa fantástica, com grande mérito, e que SÓ pode fazer bem às moças que têm esta experiência. Portanto, independentemente de se ganharem mais ou menos jogos, acho notável o que estão a fazer e aprovo – como se isso fosse sequer necessário! – o que o Clube está a fazer.
2º, foi o primeiro jogo que vi desta equipa, portanto, é uma opinião com uma base limitadíssima e que pode, obviamente, estar deturpada por isso mesmo. Mas, com certeza, não será a ultima vez que as vejo!
3º, Os Unidos eram uma equipa totalmente de rapazes, quase todos eles muito maiores que as nossas raparigas, que perdiam em todas as componentes físicas do jogo: menos velocidade, menos velocidade sobre a bola e com a bola, muito menos capacidade física e muito menos altura – 2/3 da nossa equipa chegava aos ombros de 1/2 da equipa do Os Unidos, para terem uma ideia da diferença que havia.
4º, a equipa bateu-se muito bem na 1ª parte, indo para o intervalo a perder por 0-1, num golo sem hipótese para a nossa GR que até defendeu um primeiro remate com uma grande defesa.
O jogo foi de um só sentido, o da nossa baliza, e as nossas moças nunca conseguiram sequer chegar à baliza do adversário com perigo. No entanto deu para perceber que havia ali qualidade com a bola nos pés, pelo menos em muitas das moças, e que só a muito inferior capacidade física e velocidade de reacção sobre a bola impossibilitava termos mais bola e trocar mais tempo a bola em progressão – invariavelmente caiam 2, 3 ou 4 rapazes sobre as raparigas que trocavam a bola e não davam muitas chances de manter a posse muito mais tempo. No entanto, principalmente no sector defensivo, percebia-se que as raparigas sabiam o que estavam a fazer, inclusive a GR, e safavam-se bem da (meia) pressão que os rapazes faziam.
Praticamente a primeira parte foi isto!
Os Unidos tiveram 4 ou 5 ocasiões de golo, marcaram uma delas, falharam a baliza numa outra, e a nossa GR defendeu o resto, sendo, para mim, talvez a melhor em campo – uma miúda que deve ter dificuldade em chegar à barra fez 2 ou 3 defesas fantásticas e esteve sempre muito segura, inclusive a jogar com os pés. Outra jogadora que me chamou a atenção foi a nº 3, central na 1ª parte e lateral direita na 2ª. Bem melhor a central, até porque a equipa decresceu muito na 2ª parte com a quantidade de substituições que se fizeram ao intervalo. Muito personalizada, bom toque de bola, bateu-se muito bem com rapazes “enormes”, sem “medos”. A terceira jogadora que me chamou a atenção foi a nº 10 (chamavam-lhe Clara), que jogou no ataque à esquerda. Se não era a mais baixa em campo, era a 2ª mais baixa. Muito bons pés, fintava os rapazes com alguma facilidade até eles encostarem nela, tendo depois muita dificuldade perante a mais rapidez e capacidade física dos rapazes.
Não tenho a mínima noção do que vale a equipa de Os Unidos, no contexto desta competição. Mas também não acho muito relevante para agora. O que acho relevante, não por causa deste jogo, e já aqui tenho falado disso quando abordo temas do FF, é a grande diferença de intensidade e velocidade que há entre o nosso FF e outros “futebóis”, nomeadamente o FM (no geral) e, mais em concreto, o FF internacional de bom nível.
Acho que é preciso fazer um trabalho de base nesse aspecto – porque velocidade e intensidade de jogo são coisas que se trabalham – para suprir um pouco a falta de capacidade física natural da rapariga/mulher portuguesa. Sem dúvida que este projecto do Sporting coloca as moças num contexto muito exigente, especialmente nesses 3 aspectos – velocidade, intensidade e físico – e ajudará a desenvolver os 2 primeiros naturalmente porque terão de se adaptar a essa realidade se quiserem ser competitivas.
No entanto, do que vi ontem, nem todas as moças parecem entender o contexto e numa ou noutra vi uma certa passividade, uma certa lentidão de processos que não são compatíveis com o contexto em que estavam a competir. Aliás, eu até acho que não são compatíveis em nenhum contexto competitivo. E, obviamente, muito menos num contexto em que do outro lado está uma equipa que apresenta as condições que os rapazes tinham. Mas eu acho que isto é um defeito que, para mim infelizmente, se aceita até nas equipas profissionais, como se pode constatar pelo que se vê no FF sénior português, que ficou bem evidente com as declarações do nosso treinador (adjunto) no final do jogo com o Albergaria.
Para mim, como espectador amante do FF, e que deseja muito ver uma equipa do Sporting competitiva no panorama internacional – e por arrasto, dominadora no panorama nacional – o jogo de ontem com o Albergaria foi… pardon my french, uma merda! Como eu disse nos comentários na altura, e só vi a primeira parte, que parece que foi bem melhor que a segunda, até eu com os meus 60 anitos e a minha barriguinha fazia uma perninha naquele jogo jogado a passo, como quem está a pastar ovelhas! E depois, uma pessoa ouve o treinador, a dizer que “na primeira parte houve intensidade e que se fez um bom jogo, tendo a equipa decrescido bastante na segunda parte mas cumprindo os objectivos, que passam por ser o melhor ataque da prova”.
Ora, todos sabemos que na 4ª feira há um jogo com o Braga, para a meia final da Taça de Portugal e todos percebemos que se foi mais fazer um treino em competição, sem puxar muito pelas jogadoras, do que se foi realmente competir e tentar fazer o melhor resultado possível. Agora, o jogo não foi, de todo, o que disse o treinador, que devia ter simplesmente sido frontal e assumido que se estava a pensar no jogo de 4ª feira e que bastava ganhar sem passar por nenhum susto. Chamar aquilo “intensidade”, caramba…
Enquanto não se subir o nível de exigência, o FF vai indo neste ritmo e demorará anos – demasiados – a atingir os patamares que se vêem lá por fora. E o nível de exigência tem de começar pelos profissionais do sector, sejam os clubes no seu todo, os dirigentes ou, especialmente, os treinadores. Já deu para ver que a FPF está mais preocupada em parecer que faz do que realmente fazer. Por isso têm de ser os clubes, acho que através dos seus treinadores e dirigentes, a puxar o FF para cima e a exigir mais. É preciso trazer melhores jogadoras e investir mais – é preciso relembrar que o investimento que o FF requer é muito residual se comparado com o absurdo que é preciso para o FM! – e, principalmente, ser mais exigente. E depois, acompanhar isto com o muito daquilo que o colega Álvaro está “farto” de aqui expor, no que diz respeito a medidas extra campo!
Há tanto para fazer, mas parece que falta a vontade… Basta ver como a verdade desportiva tem sido adulterada, perante a passividade da FPF, neste campeonato, quer com o que aconteceu no Sporting-Famalicão, quer com o que se passou ontem no Braga-Benfic@! Uma vergonha!
ESTE POST É DA AUTORIA DE… Miguel
a cozinha da Tasca está sempre aberta a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]
30 Março, 2022 at 9:07
Bom dia Miguel, hoje não esquecer primeira mão da Taça de Portugal contra o Braga.
Espero o teu relato, sem óculos verdes, aqui na Tasca.
30 Março, 2022 at 10:25
Este é um tema interessante e que me toca directamente, pois a minha filha joga numa equipa onde é a única rapariga e quando, aos 7 anos, pediu para sair da Academia de futebol feminino do Estoril foi por dois motivos: tinha poucos jogos/competição e achava que as outras miúdas eram “bué nhonhós”.
Claro que isto vai sempre depender da personalidade de cada criança e, no caso da minha filha, o facto de ser do tamanho ou maior do que os rapazes da idade dela (12) ou do escalão acima, ajuda a que tenha menos receios em jogar com eles.
Duas notas curiosas:
– não há quem chute com a força com que ela chuta e é a única que consegue meter um pontapé de baliza para lá do meio campo (ainda há 15 dias espetou duas chapeladas ao redes antes da divisória);
– no entanto, é curioso verificar como ela se retrai mais nas bolas divididas e se mostra menos afoita em situações medidas pela intensidade (e é das coisas que mais me faz partir-lhe a cabeça)
Acredito que, caso ela queira continuar a jogar, estes anos passados no meio de rapazes e a levar porrada como se fosse um deles (ou pior, que há uns que fazem de propósito), vai dar-lhe um andamento bem maior quando estiver a jogar apenas com raparigas, daí que também acredite que este crescimento das nossas meninas em campeonatos mistos as vai tornar mais fortes e ajudar a esbater essa clivagem de ritmos e de intensidade.
Há um caminho longo, mas longo a valer, para trabalhar o futebol feminino desde as bases. As próprias brincadeiras parvas que as miúdas têm nos treinos, diferem imenso das que são colocadas em prática pelos rapazes, e todo ele lado inato, social, cultural, deve ser levado em linha de conta, nunca amolecendo o tratamento só porque se trata de uma menina (tal como não se deve fazê-lo com um miúdo com excesso de peso).
30 Março, 2022 at 10:33
Será que o caminho passa por o Sporting criar equipas mistas?
Em que elas cresçam no meio de rapazes, mais do que só contra os rapazes?
30 Março, 2022 at 16:49
Eu gosto de ter uma equipa feminina a competir com equipas masculinas.
Acho que só lhes faz bem, mesmo sabendo que nem todas vão “sobreviver” a essa experiência.
Equipas mistas… não tenho opinião!
Não sei dizer se seria bom ou não.
Só acho que os rapazes não iam gostar… 🙂
30 Março, 2022 at 16:47
Sou muito da tua opinião. 🙂
30 Março, 2022 at 10:30
Obrigado pelo texto Miguel.
Não percebo puto de FF. Nada.
Mas percebo a dificuldade. Não gosto nada do que se está a fazer no Sporting na formação do FM de andarem a jogar 2 ou 3 escalões acima. Percebo que se queira criar maiores desafios mas é preciso ter cuidado para não acontecer o que está a acontecer agora, que é jogarem tão acima que não se constrói nada. Nem uma forma de jogar, nem eles melhoram, nem criam hábitos de vitória (que é MUITO importante)…
No FF, pelo que percebo, há uma dificuldade gigantesca para o Sporting na formação. Há uma total ausência de concorrência. Não é ser fraca…é ser MUITO mas MUITO fraca. Mas depois o salto para aqui (jogar contra FM) também parece ser demasiado grande, pelo que o Miguel relata. Mas o Sporting tem de tentar encontrar desafios e mais desafios para elas porque eles naturalmente não existem…
O que poderia ser feito para fazer crescer o FF? Parece-me que isto carecia de uma enorme intervenção da FPF, com um grande investimento da FPF pelo pais inteiro no FF. Também dar um empurrão, obrigando às equipas da 1ª liga a terem FF de formação, por exemplo…dando dinheiro também para os ajudar. Etc…
30 Março, 2022 at 10:55
O Álvaro tem falado “até à exaustão” do que se deve melhorar em termos organizativos – e como concordo muito com o que tem apontado deixo essa parte para ele, para não estar aqui a repetir as ideias.
É realmente preciso muito mais da FPF que, como acho que acontece em quase tudo neste país, vai mais no “vai-se fazendo” e desde que “pareça que se faz” está porreiro.
Em termos de futebol jogado, acho, como disse, muito positivo que equipas de raparigas compitam com equipas de rapazes neste escalão.
Não vejo outra maneira das miúdas crescerem num contexto onde precisem de meter mais que a normal velocidade e mais que a normal intensidade que naturalmente têm. Neste contexto, são obrigadas a dar mais. E é dando mais desde pequenas que aprendem a dar mais sempre.
A equipa do Os Unidos era realmente composta por muito jovem alto – que lhes dá uma vantagem física assinalável quer em velocidade, quer nas disputas de bolas divididas, quer no jogo de cabeça – e isso condicionou imenso o jogo das raparigas – sempre mais lentas, quer a correr, quer a chegar à bola, sempre a perderem confrontos físicos, sempre a não ganharem lances altos, etc. – mas a maioria nunca virava a cara à luta. Agora, nem todas faziam isso e uma ou outra mostrava alguma passividade.
Mas, como digo no texto, a falta de intensidade é algo que até falta num contexto profissional, como é o FF sénior! Na minha opinião, claro.
O FF será sempre jogado a uma velocidade inferior ao FM – acho que isso acontece em todos os desportos porque há realmente uma diferença física natural entre homens e mulheres. Mas isso aceita-se naturalmente.
Faltar intensidade é outra coisa. Podem jogar numa menor velocidade (natural) mas serem intensas dentro da velocidade (menor) a que jogam. E, na minha opinião, não é o que se vê no FF interno e é isso que eu critico, especialmente porque se assume isso e não se procura melhorar.
Enfim, isto dava uma grande conversa… O Cherba, no seu comentário, aponta também alguns aspectos importantes que, na minha opinião, precisam ser muito melhorados.
30 Março, 2022 at 11:49
Caro Miguel, muito obrigado pelo excelente post.
Foi há 3 ou 4 anos que vi esta equipa de meninas a jogar. Desde então tenho procurado “acompanhar” as suas prestações
Quando vi, lembro de nela estarem jogadoras como a Maísa Correia e a Maria Ferreira (que, esta época, já efectuaram jogos – e bem – pela equipa Sénior A; a Maísa tem agora 15 anos e a Maria 16).
E, lá está, sendo fisicamente mais débeis compensam com uma técnica superior, uma excelente disciplina táctica e sobretudo uma grande intensidade, entrega ao jogo e compromisso com a equipa e o Clube.
Caro Cherba, talvez não fosse má altura de “apresentares” a tua menina à nossa equipa sub15 (haverá lá outras com a mesma idade e, provavelmente, sem os mesmos atributos que a tua foi forçada a a desenvolver jogando e treinando entre rapazes.
Caro Tiago, percebo a sua preocupação com o contexto mas devo dizer-lhe que essa prática (jogar em escalões acima das suas idades) tem dado e continua a dar excelentes frutos na formação do FF do SCP. Jogadoras como a Alícia Correia, a Carolina Beckert, a Mariana Rosa, a Vera Cid, e a Andreia Jacinto (para apenas citar estes casos), cresceram competindo na Formação em escalões sempre acima da sua “idade natural”.
Obrigado Miguel, mais uma vez.
SL
30 Março, 2022 at 16:29
🙂
A Maria Ferreira é, já nesta idade, uma jogadora com uma intensidade bem acima da média. 🙂
É um excelente exemplo daquilo que acho que se deve procurar, apesar de ser uma jogadora pequena e franzina. Tem bons pezinhos, remate razoável para a idade, e intensidade acima da média. Só não vai dar uma boa jogadora se lhe acontecer algo que a faça perder isto! 🙂
30 Março, 2022 at 17:11
Obrigado a todos pelos esclarecimentos!
30 Março, 2022 at 11:02
Obrigado pelo teu esforço Miguel
30 Março, 2022 at 17:53
🙂
30 Março, 2022 at 12:15
Falo por mim. Nunca gostei de jogar ( sério) contra miúdas.
Ou tirava ou pé… ou sei lá. Problema cultural? Provavelmente. Há tantos desportos mistos mas em criança este não era um deles.
Tenho visto jogos de miúdas, muita qualidade, alguma em equipas maioritariamente masculinas ou no caso do benfica e sporting, a competirem contra rapazes (até aos 12 anos).
Interessante nesta fase, mais à frente a questão física fará a diferença.
Bem ou mal.
30 Março, 2022 at 12:21
Off topic
Género vs Biologia.
Eoot
30 Março, 2022 at 12:52
Bom dia,
Em relação ao futebol feminino acho que o principal problema é que os dirigentes, os treinadores, os jogadores, os jornalistas e as próprias jogadoras não percebem o FF.
O FF NUNCA vai ser igual ao FM! E qualquer tentativa de o igualar só vai piorar a situação.
TREINADORES:
Querer que uma mulher apresente um desempenho físico igual aos homens é perfeitamente idiota. o FF vai ser sempre mais lento e menos físico. Aceitar isso é fundamental para que nos possamos concentrar naquilo que elas podem fazer melhor e com isso melhorar o espetáculo.
Foco na técnica, de receção, passe e remate. Foco na inovação tática. Melhorar a fluidez do jogo, limitando, pelo aumento da qualidade técnica, as perdas de bola e as situações de transições constantes e anárquicas.
Investimento sério na formação de GR que na minha opinião é onde a distância ainda é maior.
DIRIGENTES:
Dar condições de treino, ao nível dos campos e material usado. Horários de treino decentes e acompanhamento médico/físico adequados e especializados na biologia feminina.
JOGADORAS:
Foco no treino. Trabalhar as limitações técnicas primeiro. As meninas têm imensa dificuldade em cabecear a bola. Mesmo ao nível sénior são muito poucas as que o fazem decentemente.
Quando todos aceitarmos que o jogo é o mesmo mas jogado necessariamente de forma diferente o FM passará a ser muito mais acompanhado.
Pedir igualdade de pagamento para uma atividade que gera um retorno infinitas vezes inferior é ridículo.
Solicitar que se jogue em estádios com milhares de lugares quando não se conseguem vender bilhetes a mais de 5€, e mesmo de borla estão 50 pessoas a ver um jogo de primeira divisão é ridículo.
Não se falar da quantidade brutal de meninas que quando atingem os escalões mais altos são “afugentadas” pelo assédio das jogadoras mais velhas é assustador.
Em resumo, quem tem responsabilidades no FM não tem a mínima noção do que está a fazer. Se não perceberem rápido, o recente crescimento do FM, vai bater na parede…e com estrondo.
Declaração de interesses: Uma irmã minha jogou futebol há 30 anos atrás. A minha mulher há 20. Eu treinei transitoriamente uma equipa feminina e a minha filha (11 anos) joga futebol numa equipa Sub-15. Sempre acompanhei o FF, mesmo quando só davam os jogos do mundial na Eurosport e as provas europeias femininas eram tipo excursão.
30 Março, 2022 at 16:25
Comentário muito relevante.
Da parte que conheço do FF, concordo com muito do que dizes mas não com tudo.
O FF será sempre mais lento que o FM, pelas características biológicas das mulheres serem diferentes das dos homens – é assim em todas as modalidades onde entra o físico. Mas não vejo que isto faça ser um futebol realmente diferente. Será só, obrigatoriamente, menos rápido. Pode ser bem jogado e intenso na mesma. E, na minha opinião, é aqui que deve estar o foco para que o publico goste de FF.
Tenho duvidas se será nas GR ou no remate que estará a grande diferença para o FM.
O remate das mulheres, da esmagadora maioria, é deprimente – especialmente em Portugal.
“Pedir igualdade de pagamento para uma atividade que gera um retorno infinitas vezes inferior é ridículo.”
Subscrevo inteiramente.
É, para mim, preciso que se suba bastante o nível e que, depois, os ordenados vão acompanhando o resto.
“Solicitar que se jogue em estádios com milhares de lugares quando não se conseguem vender bilhetes a mais de 5€, e mesmo de borla estão 50 pessoas a ver um jogo de primeira divisão é ridículo.”
Aqui já é mais complicado porque, acho eu, fazer as equipas jogarem nos estádios principais dos clubes, pelo menos os jogos mais importantes, já entra dentro daquilo que acho ser o investimento na modalidade.
Melhores equipas trazem mais publico. Melhor futebol traz mais publico. Jogos disputados e intensos trazem mais publico. Melhores jogadoras traz mais publico. E até estádios mais próximos/acessíveis trazem mais publico – e não é preciso abrir o estádio todo mas simplesmente uma bancada ou duas.
Depois há toda uma panóplia de coisas que o colega Álvaro tem aqui dito tantas vezes que se podem fazer para atrair publico e receita, que só não se fazem por inércia. Inércia essa que condiciona muito o desenvolvimento duma modalidade que noutros lados cresce imenso.
Há jogos da 1ª Liga masculina com 200, 300, 400, 500 pessoas… Porquê?
Porque não interessam ao “menino Jesus”!
Porque os jogadores são fracos, o futebol é deprimente, a intensidade é nula, etc. O publico não é atraído para esses espectáculos, como não é atraído para maus filmes ou maus jogos de futebol feminino!
Quanto ao resto, desconheço.
Não posso falar disso porque nem fazia ideia que isso se passava.
30 Março, 2022 at 20:19
Focaste um bom ponto, o jogo é o mesmo, jogado de outra forma, não poderia ser mais correto…
Reparem num jogo de volei masculino e feminino, nos masculinos é poder de remate, velocidade, explosão claro que é espectacular, mas…as trocas de bola são poucas ou nenhumas, recepção, passe e estoiro para um lado e para o outro exctamente o mesmo até alguém falhar…
Mas nas meninas a bola fica no ar, com trocas, defesas, remates durante muito tempo, o que cria mais incerteza em cada ponto, não é a mesma explosão dos rapazes mas também é vendável por outros motivos DESPORTIVOS (que é para excluir a parte de que há jogadoras que ficam muito bem “equipadas” a rigor)
No futebol feminino devia-se de facto insistir no futebol “bonito” tecnicista do antigamente, quando havia espaço para pensar e jogar e não tentar “imitar” os rapazes, o mesmo jogo, duas formas diferentes de jogar, dois produtos com qualidades vendáveis distintas…
Não percebo muito de FF, mas percebo de estratégias de comercialização e valorização das vantagens únicas de cada produto!!!
30 Março, 2022 at 22:41
Perde um bocadinho de tempo a ver isto…
https://www.youtube.com/watch?v=WVvH2sPaMmo
Vais ver um jogo mais lento mas intenso na mesma, com técnica, com a velocidade que as raparigas podem ter… menos faltas, menos fitas…
É o mesmo jogo, mas jogado duas mudanças abaixo, que é o ritmo delas.
Cá joga-se quase em “marcha-atrás”! E isso não puxa o publico agora, nem vai puxar nunca!
Tiveste o exemplo hoje, com 2 das 3 melhores equipas nacionais, e o ritmo do jogo é lamentável…
30 Março, 2022 at 21:14
“Querer que uma mulher apresente um desempenho físico igual aos homens é perfeitamente idiota.”
Depende.
Vê este caso:
https://rfm.sapo.pt/content/12647/nadadora-transexual-gera-polemica-por-competir-em-provas-femininas
Eu sei… Eu sei… Isto viria deturpar tudo, mas está a acontecer…
Houve aquele caso de uma atleta africana que tinha tomado hormonas masculinos, por exemplo…
30 Março, 2022 at 19:45
https://www.ojogo.pt/especiais/futebol-feminino/imagem-para-a-historia-camp-nou-cheio-para-o-classico-do-futebol-feminino–14728035.html
https://www.youtube.com/watch?v=Zt8PQnePq8M
91 mil pessoas assistiram ao Barcelona – Real Madrid (5-2) para a WCL.
30 Março, 2022 at 20:46
CAMPEONATO DISTRITAL JUNIORES “C” III DIVISÃO
27MAR2022 – Série 3 – CF Os Unidos ‘B’ 10 – 0 Sporting SAD ‘D’
https://resultados.fpf.pt/Competition/Details?competitionId=20635&seasonId=101
https://www.zerozero.pt/edition.php?id_edicao=158140
Os detalhes:
https://resultados.fpf.pt/Match/GetMatchInformation?matchId=1660256
Uma só nota sobre o ‘relato’ do jogo, onde se afirma:
“4º, a equipa bateu-se muito bem na 1ª parte, indo para o intervalo a perder por 0-1…”
A FPF, no link acima, menciona 0-3 ao intervalo, com golos aos 2′, 4′ e 24’…
30 Março, 2022 at 22:18
🙂
Fizeram de propósito para me enganar… 🙂
Eu a pensar que o jogo estava a começar quando cheguei e era o recomeço do 2-0… 😀 😀 😀
De qualquer maneira, sim, bateram-se bem na primeira parte.
Na 2ª nem chegavam ao meio campo, daí eu ter desistido de ver… Ficou uma senhora cabazada!
Não sei se era mais útil manter as melhores miúdas para não apanharmos cabazadas destas… É que a diferença do que vi na 1ª parte para o bocado que vi na 2ª parte foi muito grande.
31 Março, 2022 at 12:55
Esta questão é complicada…O SCP e o SLB têm uma equipa de sub15 só com miúdas abaixo dos 13. Uma de sub17 só com miúdas sub15, uma de sub19 só com miúdas sub17, etc.
Dão competição mais acima um bocado como se faz também com as equipas masculinas. É estranho pois a única coisa que isso garante é que “ganhas” 2 anos até à chegada a sénior (pode ser 4 se a miúda lá chegar com 15 mas isso são casos muito excepcionais). Mas depois de chegar a sénior já não ganhas. Tenha lá chegado com 17 ou com 19 depois vai competir com as outras todo o resto da carreira.
Será que ter antecipado a sua chegado à equipa principal (e a todas as outras no caminho) é positivo? Eu tenho muitas dúvidas, pode ser bom para meia dúzia mas às outras estás a colocar obrigatoriamente dificuldades que elas ainda não conseguem enfrentar.
Mesmo a questão psicológica nestas idades é terrível. Será que não estamos a estoirar estas miúdas cedo? Quantas vão desistir por não aguentarem a pressão dos “grandes” e terem vergonha de dar o passo atrás?
Conheço casos de miúdas que “rebentaram” psicologicamente quando se depararam com isto. Felizmente ainda foi possível recuperar algumas.
Na minha opinião estamos a tentar “substituir” a geração depressa demais e estamos a atropelar bons talentos com a pressa de subir degraus. Quantas miúdas desistem porque só conseguem encontrar a intensidade aos 17/18 (como alguns rapazes) e nessa altura já passou a oportunidade.
31 Março, 2022 at 15:08
Compreendo o que dizes e, realmente, esse pode ser uma das maneiras de ver a coisa.
Eu acho que o que se procura é aumentar o nível de exigência nas jogadoras desde pequenas.
Do que vi neste jogo, o que me parece é que há quem lide bem com isso e há quem, ou não lide tão bem, ou nem perceba o que se pede.
Vi miúdas a baterem-se como autênticas leoas, contra gajos a quem davam pelos ombros, nunca virando a cara à luta e até sabendo ter a bola e enfrentá-los.
Mas também vi miúdas com alguma passividade e que só se mexiam mais quando tinham a bola…
Claro, nem todas vão dar boas jogadoras – como não dariam se fizessem toda a competição até às seniores só com raparigas e nos escalões correctos. Mas, e é só a minha opinião, isto ajuda as melhores a subirem o nível e mais depressa. Também pode, como dizes, fazer algumas desistirem… mas, acho eu, nunca serão as que têm possibilidade de terem um futuro no FF. Também depende muito do acompanhamento que o clube lhes dá, e acredito que o Sporting cuide disso.
Eu, como já se deve ter percebido, acho que falta MUITA intensidade ao FF português – e também ao FM. É preciso mudar isso.
Quem assistiu ontem ao Sporting-Braga e depois ao PSG-Bayern, percebe os anos luz de distância que temos de percorrer para termos um FF competitivo a um bom nível!
E o que me custa mais, acima de tudo, é não ver os treinadores das (melhores) equipas do nosso FF a puxar por isso! Porque, se eles não puxam, quem vai puxar?