Sofrendo desnecessariamente, o Sporting venceu o Arouca e apurou-se para a final da Taça da Liga, numa partida onde Paulinho bisou e onde a turma do apito voltou a dar nas vistas pelas piores razões, prejudicando os Leões com um penalty claro e uma expulsão na sequência da entrada vergonhosa que pode tirar o camisola 20 do jogo decisivo

 

Parece que já não sabemos ganhar sem ser com o coração nas mãos. E sem necessidade, diga-se, tal foi a avalanche ofensiva dos primeiros 45 minutos, que, à excepção dos primeiros 3 ou 4 onde Adán teve que dizer presente, enfiaram o Arouca no seu meio campo (e na sua área, várias vezes). Acontece que, à semelhança do jogo do campeonato, os Leões falharam e falharam e falharam golos, uns por mérito do redes, outros porque batia em alguém, outros por desacerto na finalização ou no último passe. Na memória fica, por exemplo, a jogada de Edwards, a tirar um, dois, três, quatro, cinco adversários do caminho, antes de meter em Nuno Santos e este “cruzorrematar” para os falhanços de Morita e de Paulinho.

Ao intervalo, os 71% de posse para os verde e brancos e 14 remates, mostravam bem o que havia sido o primeiro tempo, com os arouquenses a defenderem, por vezes, com sete homens na linha recuada, com os seus supostos extremos a serem defesas laterais, os trincos a juntarem-se aos centrais, e o Evangelista a fazer figas no banco para a bola não entrar. Com tanta força cruzava os dedos, que não foi capaz de ver, ali por volta da meia hora de jogo, um dos seus homens cortar com jeitinho a bola rematada por Morita, quando a redonda se encaminhava para a baliza.

 

primeiro erro grave da equipa de arbitragem, a justificar tão patética decisão com o facto do jogador ter o braço ao longo do corpo. As imagens falam por sim. O que o Evangelista viu à sua moda, foi o lance que deixaria o fecho da primeira parte em modo montanha russa.

Canto da para o Sporting, o Arouca arranca para contra-ataque, com Antony a ser lançado pela canhota e a tentar cruzar de trivela, sendo bafejado pela sorte quando o cruzamento se transformou numa chapelada a Adán. Acontece que, no arranque da jogada, Basso, no chão, mete ostensivamente a mão à bola, só a desviando quando percebe que é um colega que vai ficar com ela. Coates, que já vinha a berrar mão desde esse momento, exigiu, e bem, a consulta do VAR, e nem Veríssimo conseguiu desmentir o que as imagens mostravam.

O golo transformou-se em melão, a mão transformou-se em livre, e o livre transformou-se numa jogada de laboratório perfeita entre Edwards, Nuno Santos, Pote e Paulinho, que terminou com o 20 a mostrar os dentes e a fuzilar o redes. 1-0 mais do que justo.

Ora, estranhamente, ao invés de aproveitar a machadada no adversário, o Sporting regressou ao relvado em modo “isto está ganho, agora é controlar”. Reis ainda marcou, mas estava fora de jogo, só que via-se claramente que era o Arouca quem ganhava as disputas e quem agora empurrava o Sporting para junto da sua área. O mesmo Reis teve uma paragem celebrar que quase deu golo ao adversário, algo que aconteceu pouco depois, quando Ruiz cruzou para a entrada de Dabbagh, com Reis e Adán a ficarem muito mal na fotografia. 1-1 quando faltavam 35 minutos.

O Sporting, que parece precisar de ir ao divã do psicólogo do Paulinho, abanou, desconcentrou-se, duvidou de si mesmo. Amorim foi ao banco buscar Porro, e a locomotiva espanhola esteve perto de voltar a decidir um jogo, mas o remate de primeira, com a canhota, passou a sentir o perfume ao poste. Também com a canhota, Nuno Santos foi à linha e meteu a pedir a entrada de um companheiro; Paulinho, à ponta de lança, deslizou com esforço, dedicação e devoção, para bisar na partida.

Até ao final, o Arouca ainda ameaçou voltar a empatar, por David Simão, esse inveterado lampião que, frustrado, aproveitou os sete minutos de desconto para fazer isto:

 

o vermelho ficou por mostrar, Paulinho saiu de braço ao peito, depois de ter torcido o ombro na queda, estando em dúvida para a final de sábado.