Depois de três épocas penosas, no que toca a resultados desportivos e qualidade de jogo (que coincidem com o regresso da equipa B), o início de época dos Sub 23 trouxe sinais de evolução no planeamento e gestão desta equipa.

A equipa volta a ser liderada por João Pereira que, por ausência das habilitações mínimas para Treinador na Liga e Taça Revelação (grau III – UEFA A), é representado nas antevisões e rescaldos das partidas pelo treinador-adjunto, Tiago Teixeira.

No entanto, o antigo lateral direito está cada vez mais confortável no lugar, o que se percebe pela forma como interage ao longo dos desafios, tanto com os jogadores, como com as equipas de arbitragem.

Nas primeiras quatro jornadas, assistimos a uma vitória e três empates, mas os indicadores foram bons e parece que não vamos ter nova época de agonia.

Contudo, na composição do plantel e nos onzes escolhidos, existem algumas opções que causam estranheza.

Foi tomada a decisão de incluir alguns jogadores de 2003 para dar experiência à equipa. Um deles, Domingos Andrade, foi promovido a capitão, no entanto o Internacional Angolano saiu nos primeiros dias de Setembro para o Felgueiras da Liga 3.

Foi o melhor para o Domingos. É a terceira época dele em Portugal, é sénior de segundo ano e não foi integrado na Equipa B, ficando pelos Sub 23. Sinal que pouco contava. No entanto, trata-se de um jogador com características ideais para jogar como central numa linha de 3.

A equipa tem jogado num 433 híbrido, uma vez que em vários momentos do jogo, o médio defensivo, baixa para junto dos centrais fazendo o papel de central do lado direito, acontecendo esta mudança frequentemente, tanto em construção como em transição defensiva.

Esse papel era assumido pelo Domingos ou por Henrique Arreiol, que agora deve ficar com a exclusividade do mesmo.

No que toca à constituição do plantel, para a baliza existem Martim Botão (2006), Salvador Gomes (2005) e o reforço Diogo Clara (2006).

O mais utilizado tem sido Guilherme Pires (2005), que faz parte do plantel da B. Espero ver Francisco Silva (2005) e Diogo Pinto (2004) a somarem minutos nos Sub 23, pois na equipa B estão tapados por Diego Callai (irão ainda rodar no papel de terceiro Guarda-Redes nos jogos da equipa principal).

Na visita ao Seixal, Guilherme Pires esteve ausente e a escolha recaiu sobre Martim Botão. 

O Martim, em 2022/2023, era a quarta escolha nos Sub 17, atrás dos ainda juvenis Miguel Gouveia e Tiago Leitão (2007), bem como de David Ivanov da mesma idade.

Salvador Gomes pouco tem jogado nos últimos anos, ele que nos Iniciados dividia a titularidade com Guilherme Pires e Francisco Silva, tendo os três sido chamados nesse ano à Seleção Nacional de Sub 15.

Diogo Clara foi contratado ao Estoril, clube onde não era indiscutível e dividia a titularidade com outro Guarda-Redes. No Sporting, até agora esteve apenas um jogo no banco dos Sub 23, não tendo somado minutos.

Na lateral direita, José Silva (2005) tem apresentado um excelente nível, mas com o excesso de jogadores para a posição na Equipa B (Barroso, Esteves, Travassos e Monteiro), a descida aos Sub 19 tem de ser considerada. Apresenta velocidade, capacidade nos duelos e mantém-se ligado ao jogo em vaivém constante.

A outra opção é Gonçalo Braga (2003), que no ano transato fazia parte do plantel dos B, mas deve estar a cumprir o último ano de leão ao peito.

Como centrais têm jogado dois esquerdinos (algo que tem acontecido nos diferentes escalões da formação, por elevado número de centrais esquerdinos de qualidade e escassez de centrais destros).

Emanuel Fernandes (2003), também fez parte do plantel dos B em 2022/2023, mas não parece que regresse aos mesmos, tendo sido ultrapassado por jogadores dois ou três anos mais novos.

Lucas Taibo (2006), espanhol contratado há um ano ao Deportivo de La Coruña, faz parte do plantel dos B e impressiona pela sua estatura física, qualidade técnica e capacidade de passe longo. Uma das maiores promessas de Alcochete.

Existem ainda Guilherme Silva (2005) e Malam Malú (2005), sendo o guineense também esquerdino.

Guilherme Silva nunca foi um titular nas suas equipas, mas apesar de ser júnior de segundo ano, foi integrado nos Sub 23.

Malam Malú (2005), foi inscrito em Janeiro deste ano, mas até agora o guineense, apenas somou um jogo, no fecho da época passada. Deveria ter somado minutos nos juniores, onde também poderá competir este ano.

Pedro Silva (2005) da equipa B, terá de somar minutos neste escalão.

Na lateral esquerda, Tiago Parente (2004) mantém-se emprestado pelo Estoril, mas o seu desempenho melhorou significativamente. Mais afoito ofensivamente, com movimentos interiores muito interessantes e mais seguro defensivamente. Isto valeu-lhe a chamada e a primeira internacionalização pelos Sub 20 de Portugal (tinha um jogo pelos Sub 18).

Rodrigo Dias (2006), deverá continuar a somar minutos nos Sub 19, até porque David Moreira (2004), terá pouco espaço nos B e deverá somar minutos nos Sub 23.

Como Médio Defensivo, Henrique Arreiol (2005) tem demonstrado muita qualidade e apesar de estar atrás de Essugo e Alexandre Brito na hierarquia da formação, com a sua capacidade física, jogo aéreo, capacidade de desarme e qualidade de passe, não tem deixado ninguém indiferente.

Tiago Octávio (2004) sofreu uma lesão e foi recentemente operado a um joelho.

Na posição de Médio Centro, Rafael Besugo (2004). Esquerdino, com qualidade técnica, esforçado, mas longe de outros nomes da nossa formação.

Como Médio Ofensivo, Guilherme Santos (2005). Um maestro, com qualidade técnica e visão de jogo acima da média, cuja genética tem atrapalhado a sua afirmação. Sem chamadas à Seleção há dois anos, espero que o seu talento supere as dificuldades existentes quando as exigências físicas aumentam.

A outra opção é o reforço Diogo Cardoso (2004), ex Académica de Coimbra, que também pode jogar como extremo. Evoluído tecnicamente, forte no um para um, capacidade de desequilíbrio e bom remate. A sua afirmação vai depender da adaptação e da aposta nas suas qualidades.

Nos extremos, estão o destaque e a surpresa da equipa. Aqueles que mais têm entusiasmado os adeptos leoninos, Geovany Quenda (2007) e Ewandro Santos (2004).

Geovany Quenda, não só confirmou que estava preparado para os Sub 23, como pela Seleção Sub 17, demonstrou ser um dos melhores jogadores da sua geração. Lamine Yamal do Barcelona, é o melhor, mas também poderemos ver um juvenil a quebrar recordes.

Ewandro Santos (2004), brasileiro emprestado pelo Alverca em Janeiro, não apresentou nos Sub 19, qualidades que justificassem a manutenção do empréstimo e integração nos Sub 23. Mas com o seu virtuosismo, capacidade de drible e relação com a baliza, tem encantado.

Luís Gomes (2004), regressou de lesão após um ano parado por lesão, procurando os níveis de desempenho que lhe permitiram ser comparado a Luís Figo e despertaram o interesse do Manchester United, em 2020.

Pedro Sanca (2005), internacional Sub 19 por Portugal, viu o seu estatuto beliscado pelos desempenhos de Quenda e Ewandro, contudo é um excelente valor, esperando ver a sua velocidade e capacidade de aparecer em zonas de finalização, na equipa de Juniores, pelos quais já disputou um jogo. Quando melhorar a definição, será um jogador a ter muito em conta.

Isnaba Mané (2004), é um jogador que poderia estar num patamar diferente, se o seu entendimento do jogo fosse superior. Muitos se lembram de o ver brilhar no Torneio da Pontinha em 2017, tal como na equipa de Iniciados que venceu o campeonato nacional em 2019. Era um menino especial, atualmente demonstra individualismo e soma decisões erróneas em campo. Espero que ainda consiga dar a volta.

Lucas Dias (2003), apesar de ser jogador do plantel dos Sub 23, parece não contar. O Internacional Sub 23 Canadiano, entrou em declínio, desde que há um ano o Sporting não o deixou sair para o Estoril. Em 2022/2023, não disputou qualquer jogo na Equipa B (fez dezanove jogos nos Sub 23), quando na época anterior tinha feito quinze jogos na Liga 3 (mais sete na Youth League e oito nos Sub 23).

Na posição de Ponta de Lança, Francisco Canário (2003). Jovem alentejano que regressou há um ano, após saída para o Vitória SC. Alguém achou que em 2022/2023, estava preparado para a equipa B, algo que não se confirmou. Na presente temporada, voltou a descer aos Sub 23, mas as suas limitações técnicas, deixam os adeptos sportinguistas desesperados.

O seu substituto é o brasileiro Gabriel Melo (2006), que curiosamente nos Sub 17 em 2022/2023, também era a quarta opção (atrás de Gabi Silva, João Infante e Diogo Martins). Foi surpreendente a sua integração nos Sub 23, apesar da sua estampa física. Assinou contrato profissional na passada semana. Curioso para ver a sua evolução, mas acredito na avaliação do seu treinador na época passada, José João.

Lucas Anjos (2004) da equipa B, dará também o seu contributo aos Sub 23. Algo que deveria ser feito de forma continuada, uma vez que voltou à posição de PL e precisa de tempo de jogo. Era a sua posição até aos Iniciados, tendo depois passado a jogar como extremo. Iniciou bem a época e também já somou a primeira internacionalização pelos Sub 20 por Portugal (ele que tem 28 jogos entre os Sub 15 e Sub 18 Lusos).

O sucesso desta equipa vai ser medido pela evolução dos jogadores, subida de jogadores à equipa B e apuramento para a fase de campeão da Liga Revelação e Taça Revelação.

A pertinência da manutenção da equipa Sub 23, ficará para uma crónica futura…

 

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