Chegou a parecer complicado, mas quando os louros e o japonês puseram o carrossel a funcionar, o Sporting encostou o Moreirense às cordas e entusiasmou os adeptos nas bancadas, construindo um 3-0 inteiramente justo 

 

No final do jogo, na conferência de imprensa, Rúben Amorim haveria de dizer que nem sempre os adeptos compreendem quando o Coates para o jogo e fica a aguardar as movimentações dos colegas, e eu concordo com ele. Para nós, adeptos, a pressa é sempre a de chegar com a bola à área adversária, e a verdade é que a primeira parte pareceu sempre lenta de processos, na tarefa de desmontar a teia desenhada pelo Moreirense.

Os cónegos entrar bem no jogo, pressionaram alto, emperraram um Sporting que trouxe Edwards no lugar de Paulinho, e até foram os primeiros a acertar no ferro, ainda o relógio não tinha chegado aos dez minutos. Morita iria responder do lado contrário, na sequência de uma bola parada, depois seria Hjulmand, num remate de fora da área, ambos a acertarem em cheio no poste direito. Ainda haveria uma belíssima cabeçada de Paulinho, já no segundo tempo, também ela a fazer gritar o ferro da baliza.

Entre o desperdício de Morita e a “marrada” de Paulinho, houve um Sporting sempre em crescendo, metendo o Moreirense cada vez mais para o seu meio campo, o que acabava por tornar mais complicado fazer a bola circular entre tantas pernas. Hjulmand, o dinamarquês, era a referência para as movimentações do Sporting, servindo de pivot que os centrais procuravam para tentar desmontar o posicionamento adversário. Morita, quase sempre o seu braço esquerdo, dava a dinâmica a uma ala canhota por onde Nuno Santos ia acelerando e onde Pote parecia envergonhado.

Na frente, Gyokeres ia levando porrada atrás de porrada, sem que o artista Manuel Oliveira mantivesse o critério que valeu o amarelo a Gonçalo Inácio, assim que espirrou, logo aos 3 minutos. E, acreditem, uma compilação da porrada que o sueco foi apanhando, era coisa para não caber num reel.

Esgaio ainda meteu a bola na baliza, com o festejo revertido por 5 centímetros medidos por linhas duvidosas, antes de Morita e de Hjulmand (que bela dupla pode estar aqui a formar-se) dispararem de meia e longa distância, para fazerem brilhar o redes adversário.

Sim, o Sporting tinha parecido lento de processos, Edwards e Pote tinham complicado os nervos a muito boa gente, mas o 0-0 ao intervalo era francamente lisonjeiro para os de Moreira de Cónegos.

No recomeço, Gyokeres deu o sinal que, com porrada ou sem porrada, a defesa adversária ia sofrer com a sua vontade contagiante de ir para a frente e só descansar quando a bola dança na rede (estou oficialmente apaixonado pelo futebol deste gajo). E foi dessa sua vontade férrea de disputar e ganhar todos os lances, que nasceu o primeiro golo: a assistência é meio atabalhoada, mas a bola vem para fora da área onde Hjulmand ensaia um remate idêntico ao do golo anulado em Braga, com a bola a entrar direitinha sem que o redes pudesse gritar um “não vi!”.

Muito mereceu o dinamarquês este golo, por aquilo que jogou e fez jogar, também ele de um calibre que devia servir de exemplo a todos os companheiros. Cinco minutos depois, o terceiro louro, Nuno Santos, foi à linha e sacou um cruzamento perfeito para a cabeça de Gyokeres, com o camisola 9 a não perdoar e a fazer o 2-0.

Se isto estava bom, ficou ainda melhor quando se percebeu que a equipa não ia tirar o pé do acelerador, muito por culpa dos louros e do japonês, que puderam o carrossel a girar na direcção certa.

O terceiro veio nos descontos, por Diomande, mas podia ter vindo bem antes, tal o volume ofensivo dos Leões, numa segunda parte capaz de empolgar as bancadas e deixar óptimas vibrações para o que aí vem.