Tenho de ser sincera. Há apenas seis meses cerrava os dentes e, com alguma raiva, pedia ao Sporting para decidir rapidamente a situação de Carrillo. Para mim não fazia sentido que um jogador, apesar de todo o potencial demonstrado, partisse para mais uma época ao serviço do nosso clube depois de ter produzido zero, mais uma vez.

Ele começava sempre bem. Todos dizíamos que “era este ano” e depois lá vinha por ai abaixo, até aos vergonhosos assobios que me faziam afundar na cadeira do estádio, num estado de nervos sem explicação e confrangida com o comportamento da família leonina. Em muitos jogos, irritava-me de tal maneira que lhe chamava burro e mandava-o para sítios pouco bonitos. Quando ele tinha de passar, driblava. Quando tinha de fintar, cruzava. Bolas, o rapaz parecia um miúdo a jogar na rua, sem qualquer noção de apoios, sem ajudar o lateral, sem marcar golos.

Assumo, com alguma vergonha, que seria das que apoiava a sua venda já neste Verão. Para mim, Carrillo estava a impedir a afirmação de um jovem da formação e já lhe tinha sido dado o tempo suficiente para provar o seu valor. A mim os fintinhas nunca me convenceram. Gosto de um jogador talentoso, mas na onda do Figo, sem grande show-off, com noção da bola e dos seus companheiros. Carrillo fazia-me lembrar as futeboladas dos meus primos. Corriam todos muito, mas ficava sempre 0-0.

Estou certa que não seria a única a pensar assim. Mas serve este texto para me redimir. Não sei se será Marco Silva ou os tempos de estabilidade que se vivem em Alvalade, do plano desportivo. MS foi o homem que fez do Balboa jogador, se isto não é um génio não sei o que será. E o fim do rodopio de treinadores permitiu ao jovem estabilizar. Hoje, é Carrillo e mais dez. As ajudas a defender, incríveis. Os movimentos interiores, que baralham os adversários e as suas marcações. As assistências, a constante presença na área e a maturidade, que pensei que nunca iria chegar.
Por isso mesmo, perdóname, Andre. Hoje, este Sporting seria muito mais fraco sem ti e é com expectativa que vejo um trio entre Carrillo – Mané – Nani, a confundir os adversários e a dar poder de fogo. Já agora, desculpa também não termos dado o devido destaque ao teu futebol nestes. Esta “crise” revelou o pior e o melhor do nosso mundo.

Os outros, referidos no título, é apenas uma impaciência minha. Se é verdade que Capel e Heldon receberam ordens para procurar clube, mal posso esperar para ver a subida de dois jovens à nossa equipa principal. O derby contra o benfica B prova que Iuri, Gelson, Podence e companhia estão a pedir mais minutos. E a nossa equipa precisa de outras soluções com urgência, que mexam mais com a partida.

 

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa