O derby da passada semana  voltou a revelar o que já sabíamos e o que já tínhamos visto frente ao Porto e frente ao Maribor. Aquele sentimento que já tínhamos vívido na Alemanha e em muitos jogos deste campeonato. Com muita sorte, mesmo muita, o Benfica arranca um empate nos últimos suspiros de um jogo em que o Sporting foi claramente superior, mas que não conseguiu segurar a merecida vantagem. A falta de calo e a falta da estrelinha ditaram um empate que sabe a derrota, frente a uma equipa que se limitou a defender as nossas acções. Mas, temos de assumir, não é a primeira vez que acontece nesta temporada e já começamos a tremer sempre que o relógio entra nos minutos de compensação.

A equipa é extremamente jovem. Não só no bilhete de identidade mas também na habituação a grandes palcos, a grandes jogos e a grandes rivalidades. Mas também é este grupo pouco experiente que nos tem dado alegrias e que se tem superado a cada mês que passa, com exibições ora competentes ora de grande nível. Este ano a eliminação da Champions e esta derrota no derby deixam um sentimento de frustração e de injustiça entre o plantel e os sportinguistas. Mas eu continuo a preferir este sentimento de injustiça aquele que tinha, em que sabia que não merecíamos nada com os jogos medíocres que apresentávamos semana após semana.

Com efeito, não são apenas os nossos jogadores que tem de aumentar os níveis de maturidade. O treinador, que apenas conheceu o Estoril e o Sporting na sua curta carreira, tem de aprender algumas manhas que os seus rivais dominam perfeitamente. Se é verdade que consegue uma união no seio do grupo fascinante, também é verdade que tem de começar a perceber melhor os timmings do jogo, quando tem de se jogar feio, quando tem de se fazer anti-jogo, quando tem de se atirar um Sarr ou um Rossel lá para dentro só para tapar. O que está a fazer ao serviço do Sporting é um grande trabalho, não tenho dúvidas, mas falta-lhe esta parte mais feia do jogo, que é essencial numa competição como o campeonato.

O presidente, que com o seu amor ao clube não admite qualquer falta de “respeito”, vai compreender que nem todos amam o Sporting como ele (infelizmente) e que o importante, sempre, é a estabilidade do nosso grupo de trabalho. Gosto da garra deste homem, da força com que luta pelo que acredita, mas saberá mais cedo ou mais tarde que uma imagem se pode esgotar com alguma facilidade. O importante para o Sporting, a longo prazo, é a sua continuidade. É isso que não se pode esquecer nunca, para bem do nosso clube.

E, por fim, a própria estrutura. Que desapareçam os casos Rojo/Slimani, os Erics, Iloris e Brumas. Uma estrutura que define muito bem como e onde vender, sem jogadores descontentes em público, sem entrevistas estranhas, sem processos internos. Também essas questões são importante num grupo de trabalho, que precisa de se concentrar no futebol e não no problema do colega com ordenados e transferências. É urgente uma melhoria da nossa comunicação para o exterior e para os adeptos. Não podemos assistir a falta de coerência entre vários elos da estrutura do clube, numa espécie de luta de egos, que só faz com que os sportinguistas passem o Natal como o de 2014.

O ano passado, o Sporting falhou sempre nos jogos de grande importância. Este ano parece estar destinado a empatar todos os confrontos de grande peso. As dores de crescimento são maiores porque nos vemos apenas a centímetros do sucesso. Apenas temos de ter a certeza de que o caminho escolhido está a ser bem feito, que todos concordamos e apoiamos o projecto e que, com o passar do tempo, tudo aquilo que nos impede de conquistar títulos será sanado e bem resolvido. Como tudo, nos últimos dois anos. De uma coisa tenho a certeza, este ano o Sporting acaba com  a fome de troféus. Não sei qual será, mas será algum.

 

*às terças, a Maria Ribeiro mostra que há petiscos que ficam mais apurados quando preparados por uma Leoa