Ao terminar a 30ª jornada a avaliação comparativa com a época anterior, além de necessária pode ser elucidativa do que foi a prestação desta temporada e o que pode ser esperado na próxima.

2014-15
66 pontos
19 Vitórias | 9 Empates | 2 Derrotas

Em casa: 10 V + 5 E + 0 D = 35 pts
Fora: 9 V + 4 E + 2 D = 31 pts

59 golos marcados | 27 golos sofridos
Em casa: 32 golos marc. | 13 golos sofr.
Fora: 27 golos marc. | 14 golos sofr.

2013-14
67 pontos
20 Vitórias | 7 Empates | 3 Derrotas

Em casa: 10 V + 4 E + 1 D = 34 pts
Fora: 10 V + 3 E + 2 D = 33 pts

54 golos marcados | 20 golos sofridos
Em casa: 28 golos marc. | 7 golos sofr.
Fora: 26 golos marc. | 13 golos sofr.

Observações I:
a) Este ano o Sporting amealhou menos 1 ponto que correspondeu a ter tido menos uma derrota, mas mais 2 empates ( + 1 em casa e +1 fora);
b) Marcámos mais 5 golos, mas sofremos mais 7. A prestação em casa é onde está a maior diferença, com mais 4 golos marcados e mais 6 golos sofridos.
c) O rácio entre golos marcados e sofridos baixou dos 63% para 54% (g.m.) o que esbate a importância de terem sido obtidos mais golos.

Observações II:
Para melhor podermos julgar estes números também teremos de incluir os seguintes dados:
2013-14 – 30 jogos na Liga + 2 jogos da Taça + 0 taças europeias » 32 jogos
2014-15 – 30 jogos na Liga* + 6 jogos da Taça*, 8 jogos nas taças europeias » 44 jogos*

  1. a) A equipa deste ano efectuou mais 12 jogos até ao momento

Observações III:
As diferenças substanciais entre o plantel de 13/14 e 14/15

Ivan Piris > Jonathan Silva, Marcos Rojo > P.Oliveira, R. Semedo > Tobias Figueiredo, Mauricio > Ewerton, Weldinho > M.Lopes, G.Magrão > Rosell, V.Silva > J.Mário, W.Eduardo > Nani, Cisse > Tanaka

  1. a) É difícil de questionar que apenas a saída Rojo seja a excepção à maior valia de todas as outras substituições no plantel. Portanto MS teve um plantel melhor apetrechado, mesmo que o nível médio seja inferior ao que já permanecia do plantel da época anterior. Nani foi claramente um titular já feito e João Mário uma surpresa (não pelo talento, mas pela taxa de utilização).

Conclusões:
1/ Se por um lado a equipa teve mais jogos, muitos deles com elevado nível de dificuldade (Champions e Liga Europa), pelo outro teve mais soluções. A questão é se o nível das soluções encontradas para elevar a competitividade e rotação na equipa foi o suficiente para exigir a MS mais do que se exigiu a Jardim. A verdade é que apenas Rosell, Slavchev e Sarr parecem ter perdido a oportunidade de crescer em relação ao seu valor de entrada no clube. O seu uso na equipa do próximo ano é altamente incerto, sendo que o empréstimo será bastante sensato para todas as partes.

2/ Se a performance do Sporting foi semelhante à do ano anterior, o porto por sua vez melhorou bastante, reflectindo o enorme investimento em salários de jogadores emprestados. O benfica, apesar do desinvestimento, manteve a fasquia pontual. Será um mistério entender quantos repetirão a “receita” na próxima temporada até porque o fim dos TPOs obrigará especificamente benfica e porto a mudar bastante a forma como contratam.

3/ O recurso à equipa B continua a ser bem sucedido. Tobias Figueiredo, João Mário e Mané são hoje valores muito mais seguros que no princípio da temporada e prometem evoluir ainda mais num futuro próximo. Esgaio, Medeiros, Wallyson, Matheus e Sacko podem apresentar-se nos trabalhos da pré-temporada, mas talvez apenas Wallyson e Medeiros (ou Matheus) tenham reais hipóteses de ficar. Tanto Esgaio como Sacko dependem de quando irão chegar os substitutos da hipotéticas saídas de Cedric, M.Lopes, Capel, Nani e Heldon.

4/ Agora como no princípio da época o maior problema na gestão desportiva do Sporting são as renovações. Todo o modelo de BdC se sustenta na manutenção de valor na equipa e a sua estabilização na equipa principal. Ser “obrigado” a vender Carrillo ou Cedric seria um duro golpe no plano de recuperação económica e um sinal preocupante de incapacidade negocial frente aos empresários dos jogadores. O tecto salarial seria facilmente abalável, o que podemos agradecer à avidez dos “gestores de carreira” e apesar das lições aprendidas no mandato de GL, exige-se mais assertividade nas apostas em jogadores promissores. O departamento de scouting não deverá servir apenas para validar novos jogadores, mas sim para validar contratos mais oportunos, antes da valorização dada pela conquista efectiva da titularidade.

5/ Os lugares no 11 mais carenciados de talento continuarão a ser o de lateral esquerdo (Jefferson perdeu a sombra de Jonathan e estagnou. O de central (Ewerton não me parece assim tão melhor que o futuro de Tobias e P.Oliveira precisará de mais 1 ou 2 épocas para se transformar no comandante da defesa). William continuou a não ter um substituto capaz de o revezar. Com a saída de Nani e mesmo com a continuação dos restantes alas é fundamental descobrir um extremo com capacidade de desiquilibrar semelhante à de Carrillo (essa responsabilidade não poderá cair sobre os ombros de Mané – que terá ainda de convencer muitos que é um ala – ou dos “novatos” Medeiros ou Matheus). E finalmente, a equipa não tem um 10 puro. Tem 8´s (J.Mário, André Martins, Slavchev e até Adrien) tem 8 e meios (Gauld, Montero, Mané ou Tanaka), mas não tem um 10.

6/ Ryan Gauld é uma enorme esperança, aquilo não engana. Há talento, e debaixo de alguma timidez esconde-se um grande jogador de futebol. Lapidar este diamante já não pode ser tarefa de uma equipa B. Qual será o “next level” então?

7/ Patrício é o capitão, o melhor guarda-redes em Portugal, um dos melhores do mundo. Perder o seu concurso fará a equipa baixar uns pontos no talento global do plantel. Não é com Marafonas ou suplentes gregos que será feita a compensação. Prioridade a Boeck, sim. Mas até que ponto a dívida por tanta suplência e o afecto ao brasileiro não podem atrapalhar a eleição do herdeiro do Rui (se tiver de ser eleito).

8/ Último ponto e talvez o mais importante. Marco Silva. Continuar a apostar no seu crescimento como treinador de “grandes” ou “ir aos tirinhos para a feira” na esperança de encontrar outro Jardim debaixo de um Rui Vitória ou de um Vitor Oliveira? O problema de MS foi o de não ter feito milagres, “apenas” um bom trabalho. Talvez devesse ter transformado o Sarr num Varane, um Geraldes num Maicon ou mesmo um Tanaka num T.Henry…mas conversões destas nenhum Jesus faria, nem o da Galileia nem o da Reboleira. Defender os jogadores e o balneário não pode ser motivo de despedimento e muito menos a defesa do seu bom nome profissional. Ou queres ver que o que é tão admirado no “loco” Bielsa ou no fleumático Klopp vira defeito num português pacato chamado Silva? Defender inutilidade da continuidade é um erro (Vercauteren, Waseige, Queirós, Octávio Machado) não é bitola para avaliar um dos mais promissores técnicos portugueses a chegar ( ainda jovem) ao Sporting. Se damos tempo aos erros da direcção, aos erros dos jogadores, não seria decente e inteligente extender a “garantia” deste mister?

Nota adicional: o relvado e a arbitragem. Dois assuntos que andam disfarçados pela cosmética, mas sempre à espreita de apunhalar pelas costas as prestações da equipa.
Notas (muitas) adicionais: Provavelmente para chegar à fase de grupos da Champions, o Sporting vai ter de eliminar um peso pesado europeu. Isso pode marcar a construção do plantel de tantas formas que só pensar nisso “crasha” qualquer excel ou folha de cáculo.

 

*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca