hora de jantar, novo cozinheiro. Paulo, assim se chama, o homem que nos oferece o petisco.

Tranquilos, mas…, by Paulo
É inegável o momento calmo, tranquilo, que vivemos. Acho mesmo que esta é a palavra mais adequada ao atual momento do clube. Tranquilidade (é engraçado mas nem a consigo dizer sem ouvir ao mesmo tempo o PB).

Estamos todos a viver um momento extraordinário, fantástico, histórico. Sim acho que estamos a escrever uma página lindíssima na história do clube, que há-de acabar em Glória, uma página em que a maioria cria esta onda que arrasta milhares de pessoas pelo país fora, numa catarse coletiva alimentada por anos e anos de frustrações acumuladas.
Estamos pois numa fase em que discutir fait-divers, como um artigo tendencioso num jornal, a eventual má disposição de um treinador adversário, a estranha predisposição para errar de muitos árbitros, se torna cada vez mais fora de contexto, cada vez mais fútil. Chegará o dia em que esses mesmos treinadores, dirigentes, jornalistas, árbitros e outros atores do futebol verão o mesmo que nós e deixarão de artificialmente alimentar uma imagem negativa para o clube e para os nossos sucessos. Nesse aspeto o tempo será o nosso melhor aliado.

Mas …
O mas é um “call to arms”, acho que ninguém necessita de ser chamado à realidade. Como todos os adeptos (onde eu me incluo), a nossa alegria e bazófia tem picos de adrenalina divertida e saudável (como foi o post do pão de ló de Arouca degustado aqui na tasca como se fosse uma delicatesse gourmet… uma delícia Cherba), mas …

É importantíssimo que tenhamos presente a realidade do clube e sobretudo estarmos preparados, todos, individualmente, para o pior e para os períodos piores que decerto ainda hão-de vir. Esta direção do Sporting Clube de Portugal tem várias virtudes. Mas o principal resultado até agora é a empatia criada com os sócios e adeptos. Não sei se é propositado e estratégico, mas o clube é de facto nosso, nós sentimo-lo assim, e cada dia que passa esta relação torna-se mais forte. Resta saber se esta estratégia teria resistido a resultados desportivos mais fracos. Felizmente, com este arranque fantástico do campeonato, nunca o saberemos.

No entanto podemos utilizar a equipa B também para ver o que aconteceria. Basta apreciar algum “histerismo” face aos resultados da B. Uma montanha russa de emoções que vão desde o habitual “somos os maiores na formação” até ao também habitual “o Abel não percebe nada daquilo”.

A auditoria que arranca em Janeiro e que nos permitirá ainda mais expurgar, bem ou mal, mas de facto expurgar as dúvidas que existam sobre as boas/más intenções de quem em nosso nome dirigiu o clube; A reestruturação financeira que nos obriga a um aperto de contas difícil de gerir, com implicações fortes no dia-a-dia do clube e, sobretudo, com um horizonte temporal apertado para a reestruturação total; A inexistência de um pavilhão que nos obriga a deslocar as modalidades para fora de nossa casa, com todas as implicações que isso acarreta em desmotivação e desmobilização de adeptos e sócios; As aparentes incongruências a nível comunicacional, com os problemas da Sporting TV à cabeça, e a não menos importante representação nos painéis televisivos;  A (re)negociação de passes de atletas; O ecletismo que por motivos financeiros lida com dificuldades acrescidas, etc, etc…

Problemas e mais problemas que vão exigir muito de todos os Sportinguistas, sem exceção … sócios, adeptos, simpatizantes terão de ajudar e sobretudo terão de se desligar desta euforia alicerçada nos resultados da equipa profissional de futebol.
Lembrem-se Fight & Resist é para durar uns bons anos! Nada está vencido e nada está ultrapassado, sonhem com o futuro, deslumbrem-se com os resultados …. Mas … não percam o foco no essencial … a sobrevivência do clube. É por isso que palhaços como os que falam em programas de televisão, escrevem em jornais, emitem opinião, devem ser combatidos de todas as formas e não podem ficar sem resposta. A realidade não é a que nos querem impor, a realidade será a que quisermos nós fazer do clube.

Esta é a razão porque me porque me sinto muito bem aqui. Luto e resisto como posso e cada um à sua maneira contribui com o que pode … e algo me diz que a continuar assim o Sporting, só pode sair reforçado. O Cacifo de Ideias; A Tasca Solidária … só podem reforçar o clube e o Sportinguismo.
Lutem … cacifo.

ps. Comecei a escrever esta crónica antes do jogo com o Belenenses e antes do jogo da B com o BragaB. Tranquilidade na A e mais uma volta na montanha russa na B. J   Não há como não estar contente.

*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]