Ponto Prévio: As razões que se seguem têm única e exclusivamente a ver com a pessoa, a carreira, a candidatura e aquilo que a mesma pode representar no futebol português. Não conheço o seu programa, o que para mim é bem mais importante do que avaliar personalidades. Mas como, para já, é só isto que existe e o Sporting já lhe endossou o seu apoio (espero bem que saibas o que estás a fazer, Bruno. Afinal foi contigo que os sportinguistas aprenderam a votar em projectos em vez de pessoas) resta-me analisar esta candidatura:

1- É lutar contra a permanência do Duque na Liga
Parece mesquinho, mas é mesmo assim. Apoiar Proença é tentar correr com um indivíduo que ajudou o João Pinto a fugir ao fisco, que no Sporting “varreu” e “pagou” sem pudor nenhum, que foi suspenso de sócio do clube e que está na Liga pela mão das nádegas. Não chega? Ainda há pouco tempo teceu declarações dizendo que não devia lealdade ao Sporting porque estava suspenso de sócio, revelando a atitude revanchista que levou os rivais a escolherem-no cirurgicamente. Para além disto tudo, sabemos bem que se trata de um dos maiores tachistas que este país produziu. Resumindo e concluindo, Luís Duque é o pior candidato a qualquer cargo que não envolva a degustação de pratos regados com vinho do bom.

2- Foi eleito o melhor árbitro do Mundo
Antes de mais, tenho de dizer que nunca apreciei o trabalho de Proença na arbitragem. Nem sequer o coloco no lote de melhores árbitros portugueses porque a ascensão de um árbitro em Portugal depende muito de quem o avalia e quem o avalia é incompetente e subserviente. Porém, lá fora, demonstrou que sabe apitar e aproveitou uma falha do Sistema em Portugal para subir na Europa e no Mundo. No fundo, teve a inteligência (ou esperteza) para se servir dos critérios (ou falta deles) de nomeação em Portugal para depois, onde realmente interessava, demonstrar as qualidades que fizeram dele o melhor para a Fifa. E, para o bem ou para o mal, chega a Portugal com um estatuto importante.

3- Tem poder de influência
Como sabemos, o Presidente da Liga é Vice Presidente da Federação. Precisamos de um Presidente da Liga que tenha um estatuto adequado para lutar contra a Federação em benefício da Liga. Alguém que tenha um projecto próprio, ideias próprias e que não sirva apenas de marioneta da FPF na principal competição de clubes. Proença é membro do Comité de Arbitragem da Uefa, revelando que sabe mexer-se lá fora e conseguiu angariar o apoio de dois dos principais clubes portugueses, colocando as nádegas de costas viradas. Sabemos bem que isso deve-se muito ao jogo estratégico do Bufas (o apoio do Sporting já era expectável) mas ainda assim, revelou que tem charme para influenciar e levar a água ao seu moinho.

4- Tem uma imagem a preservar
Pedro Proença, creio eu, já atingiu o máximo que ambicionava na sua carreira. Podia perfeitamente ir à sua vida e seria sempre visto como o melhor árbitro do Mundo. Esta é a última imagem deixada por ele. Se há alguém que não precisa de todo este circo da Liga é Pedro Proença e, como a tendência demonstra, quem vai para a Liga queima-se. Ou seja, Proença está a correr o risco de deixar de ser visto como o melhor árbitro do Mundo para ser visto como o pior dirigente da Liga. Quem corre este risco, fá-lo por uma destas duas razões: ou tenciona subir mais alto numa carreira de dirigente ou realmente quer ser um veículo de mudança. Eu quero acreditar na segunda (apesar de temer a primeira).

5- Já levou na tromba e continua a “arriscar” ir contra os lampiões
Como sabemos, Pedro Proença já fez uma remodelação dental, cortesia dos sempre cívicos e pacíficos adeptos do Carnide. Ora, depois deste episódio, o Proença continuou a apitar como sempre achou que o devia fazer e nunca foi homem de temer ambientes, adeptos ou clubes. Ora, se o Sistema entendeu que a partir desse episódio ele devia ser protegido e deixar de ser nomeado para jogos em que o Carnide participasse, desta vez é o próprio que assume sem rodeios que vai lutar contra o peão do Vieira. Portanto, das duas uma: ou o gajo não dá valor aos dentes ou então tem mesmo tomates para protagonizar uma mudança indo contra quem, neste momento, manda no futebol português.

6- Usa gel no cabelo
Quem acha este pormenor irrelvante, desengane-se. Usar gel no cabelo, sobretudo na quantidade industrial que o Proença usa, demonstra grande inteligência. Se o ex-árbitro não dá valor aos dentes que, verdade se diga, servem apenas para mastigar, não se pode dizer o mesmo em relação à sua cabeça. É que essa serve para pensar e tomar decisōes e nada como um “capacete” protector para prevenir qualquer eventualidade.

7- É uma pessoa “querida”
Um gajo que trata os jogadores por “querido” ou é um paneleiro dentro do armário ou realmente ama aquilo que faz. Ainda não sou capaz de dizer qual delas será. Isto tem as suas vantagens: se for paneleiro, podemos suspirar de alívio porque, finalmente, aparece alguém para “puxar o autoclismo”, como o nosso presidente bem queria. Se há coisa que um gay não prescinde é da higiene e asseabilidade dentro da sua casa. Se amar aquilo que faz, melhor ainda. Eu tenho esperança que sejam ambas.

8- Andou na faculdade com o presidente
Se esta faculdade produz gajos que chegam a melhor do Mundo como juíz e que livram o Sporting da bancarrota, por favor, alguém que indique qual é para eu meter lá os meus filhos quando chegar chegar a altura.

9- É amigo do presidente
Isto tem a importância que lhe quiserem dar. Mas quando se tem praticamente todo o país contra si, deve saber bem ter um amigo a concorrer para uma estrutura que gere a competição em que o Sporting está inserido.

10- Foi atleta, foi árbitro, foi director financeiro de uma empresa, pertenceu à Associação de Futebol de Lisboa e pertence ao Comité de Arbitragem da Uefa
Ora, façam o favor de comparar o currículo do Proença com o currículo do Duque. De preferência sem se rirem…

PS: Como escrevi no ponto prévio, esta candidatura está longe de satisfazer as minhas pretensões como adepto de futebol. Não faço ideia de quais serão as ideias do Proença, o que pensa em matérias importantes como: orçamento, distribuição dos direitos televisivos, recuperação do pelouro da arbitragem e disciplina, patrocínios, formato das competições e sustentabilidade das mesmas. Mas, como muitas vezes acontece, para correr com um péssimo é preciso eleger uma incógnita. E a última “incógnita” a quem demos poder no Sporting caminha a passos largos para se tornar um dos melhores presidentes que o clube já conheceu. E se esse presidente já lhe deu o nosso apoio, resta-nos a nós, sportinguistas, respaldá-lo nesta decisão.

* todas as sextas, directamente de Angola, Sá abandona o seu lugar cativo à mesa da Tasca e toma conta da cozinha!