1- Normalmente acho a janela de transferências de Janeiro uma verdadeira tanga. À excepção de um campeonato em que Cesar Prates, Mpenza e, principalmente, André Cruz foram contratados para dar a Inácio um boost enorme para o título…o resto tem sido um verdadeiro mar de equívocos a que vos vou poupar a lembrança. Muito honestamente, até ao final desta semana desejo acima de tudo que não se estrague nada do que já se possui. Ou seja, que ninguém que tenha algum tipo de peso na performance da equipa se perca pelo caminho.

É que o que temos é mesmo muito bom e ainda tem espaço para melhorar. Os que defendem podem e sabem defender mais, os que atacam podem e conseguem atacar melhor. A verdadeira contratação de inverno pode ser a concentração absoluta nos 3 pontos semanais, unindo ainda mais o plantel num paradigma de “finais” até Maio. Talento há. Cobertura em caso de lesões, sim (de forma relativa). Treinador, check. Direcção empenhada em proteger a equipa, confirma. Adeptos motivados e prontos para a luta…done. Não falta nada e o que vier a entrar “pela janela” que venha sossegado a provar o seu valor.

2- Não sei se o Sporting tem sido assim tão “menino” no mercado de transferências. Há um espaço de reserva que qualquer adepto leonino deve manter. O espaço que compreende que há negócios em que o clube se move que não têm como propósito final garantir os reforços, mas sim inflaciona-los para outros. E a dúvida nestes casos será sagrada, válida para adeptos e media. Nunca ninguém deveria chegar a saber se o Sporting queria realmente Cervi, Danilo, Marega ou outro qualquer…o bluff só é uma arma quando não é repetidamente confirmado como tal. Custa a todos ver capas com a d´O Jogo de ontem? Custa. Não foi agradável ver Danilo no Porto? Não foi. Mas porra…os Eusébios foram para o Carnide, os Futres foram para o Porto…e ainda cá estamos. Numa boa gestão desportiva, se não vem o A, vem o B, ou mesmo o C. Quem saberá o que se perdeu ou ganhou a longo prazo? Se não perdessem Ghilas, não tínhamos Slimani. Se não perdessemos Cervi, provavelmente Gelson não teria o espaço que teve para brilhar aos olhos de JJ. Felizmente temos nos últimos tempos muito destes exemplos e é fazendo uso desta memória que devemos relativizar os “ganhos e perdas” deste ou qualquer outro Janeiro.

Apesar de tudo o que já escrevi, saliento aos mais desatentos, que ninguém ganha tudo, a todas as horas. Especialmente quando ainda está a aprender as mil e uma manhas do nosso futebol. Noutras épocas e aprendendo com os supostos erros, uma direção, como qualquer outra pessoa, melhora e ultrapassa défices ocasionais. Além disso o tempo se encarregará de nos dizer quanto custaram estas “vitórias” negociais e quantas delas foram obtidas recorrendo a métodos que não criam nem bons hábitos nem boas relações com o que rodeia os clubes de futebol. A nossa função como adeptos é apoiar o clube e ter dois palmos de testa, não cedendo nem dobrando à nítida intenção de descredibilizar pessoas que nos têm dado o melhor que sabem e podem.

*às quartas, o Leão de Plástico passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca