Parece de mau gosto. Portugal e a Alemanha definitivamente não combinam, e, de forma geral, os alemães tornaram-se numa espécie de carrasco para aqueles que carregam a bandeira lusitana. Dirão os mais políticos que esse facto não se espelha só no futebol, mas isso são outras conversas.

Por motivos profissionais não tive oportunidade de ver a 2.ª mão do Sporting contra o Leverkusen, e fica sempre aquele desgosto para quem gosta de acompanhar todos os jogos da equipa. Deste modo, não posso ter grande opinião formada sobre o jogo e também não corro o risco de opinar com base em resumos, mas creio que o resultado não deixa dúvidas. Contudo, a primeira coisa que me foi dita sobre o jogo foi que Teo praticamente não se viu, e esse começa a ser um problema que muitos sportinguistas têm referido e em relação ao qual têm mostrado o seu descontentamento.

E não estou aqui a duvidar da qualidade de um jogador que é titular na frente de ataque da selecção colombiana, onde disputa o lugar com jogadores como Jackson Martinez, Carlos Bacca ou Ibarbo. Um jogador que é opção prioritária quando essa é a concorrência tem de ter essa referida qualidade. Não me posso basear neste jogo porque, volto a repetir, não o vi; mas, nos outros em que Teo tem participado, o melhor que ele tem conseguido é deixar imensas saudades de Fredy Montero, e arrisco-me a dizer que é por culpa própria.

Se o Sporting se quer assumir como uma equipa capaz de lutar em várias frentes do futebol europeu não se pode dar ao luxo de optar por jogadores com falta de entrega. A entrega e a garra em campo fazem 80% do jogador que é Slimani, motivo pelo qual nenhum sportinguista o quer ver longe de Alvalade. E é nesse campo que o Sporting começa a ficar mal servido, porque se toda a frente de ataque está reservada a duas opções, e se só uma dessas opções é que se destaca e é realmente relevante, então o Sporting torna-se naquilo que não pode ser: dependente de um jogador, dependente de Islam Slimani.

Eu compreendo Teo Gutiérrez, porque quando vou à praia também fico preguiçoso. Mas as praias colombianas devem criar uma moleza tal que ainda hoje está a tentar recuperar forças. Se, sempre que ele joga a titular, o Sporting parece que joga com menos um, então a opção tem de vir de outro lado. Mas o que mais me desalenta é ver os rasgos de vontade para que as coisas lhe saiam bem, ver uma garra quase transformada em agressividade quando disputa alguns lances, e, porém, parece ser tudo momentâneo, desaparecendo imediatamente de seguida.

Parece-me que essa garra advém da frustração e não de um “state of mind”, uma auto-motivação, um estado de espírito em campo, demonstrado por quase todos os colegas, realçando os óbvios Adrien e Slimani, e outros como, na minha opinião, João Mário, Zeegelaar, Gelson Martins, Naldo e Schelotto.

Aqui não falo da qualidade individual ou potencial dos jogadores, mas sim daqueles que em campo dão tudo, que correm até à exaustão. Certamente estarei a ser injusto para com outros jogadores a que não fiz referência mas que a merecem, como Jefferson ou Bryan Ruiz e muitos outros; no entanto, o meu ponto principal é esse mesmo.

O Sporting tem de ser uma equipa lutadora no seu todo, em que todos têm de dar o máximo, porque vestir e representar as cores do Sporting é um privilégio para o jogador e não o contrário. Como se diz, o que é demais enjoa, e se Teo Gutiérrez não começar a justificar os milhões que valeu – porque oportunidades não lhe faltaram – e se não tiver a capacidade pessoal de se auto-motivar, focar-se no jogo e nos objectivos, outra solução tem de ser encontrada, nem que seja resgatar o Betinho à equipa B dos leões.

Eu, cá, gosto muito daqueles jogadores mágicos, aqueles que fazem coisas que ninguém espera, mas prefiro aqueles jogadores que até relva comem se for preciso.

Outra solução poderá ser aquele por quem eu e possivelmente a maior parte dos adeptos aguardamos expectantes. Falo de Hernán Barcos. Tenho a impressão de que, quando entrar no ritmo competitivo, fisicamente preparado e rotinado com a equipa, vai dar que falar na liga portuguesa. Espero não me enganar.

Texto escrito por António Ramos, in Bola na Rede
* “outros rugidos” é a forma da Tasca destacar o que de bom ou de polémico se vai escrevendo na blogosfera verde e branca