Boas, irmãos Tasqueiros.
Aqui estou eu, após vários meses de ausência, ao convívio in prima persona na Tasca. Estou num ciclo novo profissional, de volta à minha querida Lisboa, e agora com menos tempo para escrever. Mas, como desde sempre apregoei aqui, o nosso Coração Leonino deve abrir-se nos momentos de tristeza mais do que nos momentos de euforia, para afastar os negros espíritos da angústia e da descrença. Por isto, não posso deixar de escrever este texto. Tenho de o fazer, principalmente depois de um dia (este passado sábado) em que tive a feliz oportunidade de conviver com os meus amigos tasqueiros numa tarde excelente que teve continuidade numa noite única de Apoio e Amor incondicionais e que não teve o epílogo tão desejado porque…a vida é feita de momentos.

É verdade. A Vida é mesmo feita de Momentos. Quantas vezes o curso das nossas vidas não terá sido irreversivelmente alterado por detalhes, meros enganos, esquecimentos ou ocasionais descobertas? Pois é! A tal Teoria do Caos, em que um minúsculo e imperceptível bater de asas duma borboleta pode causar uma diferença no deslocamento das massas de ar e provocar um gigantesco tufão do outro lado do mundo, não é? Nós, se calhar, tivemos esse efeito-borboleta nos pés do Bryan (ou da relva ou das ditas massas de ar) e que ameaça provocar um tufão emocional nas nossas hostes. Se nós deixarmos.

Mas recuemos a esse negro momento, aos 72 minutos: desmarcação fulminante de Slimani a magistral passe do Pantufas, bola cruzada a régua e esquadro, num perfeito raio latitudinal que tinha tudo, TUDO, para dar certo… momento mágico de suspensão, frações de infra-segundos em que a nossa respiração (mesmo a minha a 100 metros de distancia do outro lado do estádio) se condensa numa nuvem que contém todos os sonhos duma época. O nosso grito gutural de Leões Gigantes fica, assim, congelado, não nos pés de Bryan Ruiz mas no bater das asas duma borboleta metamorfoseada num tufo de relva…um circunstancial miserável tufo de relva! Que altera as nossas vidas e transforma a lava da nossa Alma Leonina numa gruta de gelo. E que separa a nossa explosão da bazófia folclórica dos lampiões.

Mas notem bem, irmãos tasqueiros: a culpa não foi do Bryan. Lembram-se do sketch dos Gato Fedorento dos “15-0 em que o tratador da relva também marcava, pelo menos um golo”? Pois bem. A relva é que teve culpa e roubou-nos 3 pontos. Sim, 3 pontos porque se aquele minúsculo ponto vermelho do gasto manto verde não tivesse engasgado o nosso Destino, o Bryan marcava e nós ganhávamos porque os lampiões de tão cagados que já estavam mais cagados ficavam e a nossa Força levava os nossos Heróis à conquista dos 3 pontos. E aí não havia asas de borboleta que contrariassem o nosso Destino.

Posto isto, solta-se a pergunta: E agora? Não encontram resposta? Eu ajudo…
Sou um Homem sem Fé mas com convicções. Não sou supersticioso mas acredito no Destino. Se a Vida é feita de Momentos e o Futebol faz parte da Vida, os tufos de relva hão-de continuar a aparecer mas o nosso Destino é mais forte que uma mera deslocação de ar. Ele é feito da nossa Força que é insuperável.

Eu continuo a ver nos meus sonhos a Pedreira de Braga pintada de verde num Momento perpétuo de Festa, em maio próximo.
Silenciosamente, vou esperar. Silenciosamente, eu vou Acreditar. Até ao Fim. VIVA O SPORTING CLUBE DE PORTUGAL!

ESCRITO POR Converge
*às quartas, a cozinha da Tasca abre-se a todos os que a frequentam. Para te candidatares a servir estes Leões, basta estares preparado para as palmas ou para as cuspidelas. E enviares um e-mail com o teu texto para [email protected]