É curioso que, depois de uma noite mal dormida e de algum tempo para colocar o turbilhão de emoções no lugar, o post que me vem à cabeça continua a pedir-me para deixar a análise detalhada ao jogo para mais tarde.

Hoje, tal como ontem, quando cheguei a casa, a minha vontade é voltar a dizer-vos obrigado! Não deve ser fácil entrar melhor num jogo e levar um golo a frio. Ter que voltar a ir atrás desse domínio do jogo e da bola, para empatar. Voltar a ser infantil e levar dois golos em cinco minutos, fruto de maus posicionamentos, de uma capacidade de gerir timings que demora a aprender (e vocês, como equipa, têm meia dúzia de meses) e da inspiração atípica de um jogador. Entrar muito mal na segunda parte. Equilibrar. Ter todas as despesas do jogo, sempre em busca de virar dois golos de desvantagem, com a outra equipa só a jogar no erro. Perceber que existe uma gritante dualidade de critérios. E um penalti transformado em lançamento lateral. Marcar, acreditar. Ver o tempo a passar e ir buscar forças à curva onde não parávamos de cantar. Explodir de alma no último minuto (ou não, porque esse último é o que não deixam o Carrillo meter a bola na área). Agarrar o prolongamento com as duas mãos, voltando a dominar. Sofrer um golo que conjuga uma simulação de falta e um frango. Novamente a correr atrás do resultado. Novamente a ter que ser quem corre riscos de destapar-se atrás. Acreditar. Esmagar no início da segunda parte do prolongamento. Falhar um golo certo e ver um penalti monumental ser vergonhosamente ignorado. Ficar reduzido a dez. Abanar. Reagrupar. Atacar. Falhar o último esforço.

Este é daqueles dias em que, depois de uma derrota, um gajo se sente orgulhoso da sua equipa. E de todos aqueles que a meu lado, na bancada, ficaram sem voz. Obrigado, rapazes (e raparigas)! Este é um daqueles dias em que, depois de uma derrota, de garganta dorida e pernas cansadas, só me apetece dizer a quem queira ler-me: é tão bom, mas tão bom, ser do Sporting!

mauriciogolobenfas