O título desta crónica poderia viver por si mesmo. Assim, com todo um espaço em branco a segui-lo e pronto a ser preenchido pelas memórias de todos os que tiveram oportunidade de assistir a mais uma tarde de circo. Mas como a memória, por vezes, nos atraiçoa, o melhor é, mesmo, completar o título com escrita.

Seis jogos oficiais, seis descalabros de arbitragem, sendo que a de ontem chegou a atingir níveis capazes de fazer corar o próprio Vítor Pereira (estou a brincar, obviamente). A máxima, “jogámos contra 14” teve, em Coimbra, um episódio incontornável e só assim se justifica que o Sporting não tenha ido para o intervalo com o jogo completamente resolvido. “Ah, mas e os golos que falhámos?”. É verdade. E, por isso, o título é “contra tudo e contra todos!”. Depois de Mané abrir o marcador logo aos cinco minutos, respondendo com classe a um belíssimo passe de Adrien, o Sporting partiu para cima do adversário, decidido a resolver a partida por ko. Slimani (grande, grande jogo) era um verdadeiro pesadelo para a defensiva academista, cortada em postas pelas movimentações de Mané e de Carrillo, bem apoiados por Jefferson e por Esgaio e com um João Mário pronto a aparecer na zona de finalização. Era a turma de Alvalade a cumprir o que se dizia ser sua obrigação.

Quem não fez o que lhe competia foi João Mário, deixado na cara do redes por uma bela subida de Esgaio. O remate do médio saiu contra Lee e, um minuto volvido, foi Jefferson a tentar uma bomba cruzada que não passaria longe do poste. A Académica (muito trabalho vai ter Viterbo) não conseguia sair do espartilho e foi com naturalidade que surgiu o 0-2. Carrillo desmarca Slimani e o argelino enterra uma chapelada na cabeça do guarda-redes. Grande golo, venham de lá mais para acabarmos com isto. Teo ameaça, com um remate que sai fraco, a Académica praticamente não passa do meio-campo. Falta grosseira sobre João Mário, o apitador Bruno Esteves manda seguir, equipa apanhada em contra pé pela esquerda, cruzamento para a área, grande corte de Adrien. Não. Penalti. Assim, de um momento para o outro, o árbitro dava à Académica a possibilidade de fazer um remate à baliza e de reentrar no jogo. 1-2.

Reagiu bem o Sporting, mostrando força mental quatro dias depois de uma intragável eliminação europeia. Mais uma subida de Carrillo, grande remate de Esgaio. Na recarga, Teo não acerta no alvo. Outra vez Teo, agora para defesa de Lee. Lá vai Slimani… penalti! Não assinalado. A indignação toma conta do sangue leonino, Jesus conta um segredo ao quarto árbitro e é expulso (vale a pena ver o resumo e a cara do treinador quando recebe ordem de expulsão. É uma espécie de bater de frente com a realidade). Bruno de Carvalho acabaria por solidarizar-se com o seu treinador, vendo toda a segunda parte na bancada.

Uma segunda parte que começou a um nível mais baixo. Seria João Mário, por volta dos 60 minutos, a agitar as águas: grande diagonal da direita para o centro e grande remate de pé esquerdo. Seria um dos golos do ano. Teo volta a acertar no guarda-redes e o golo que mataria o jogo teimava em não aparecer, com a agravante de, no subconsciente dos jogadores, se irem acumulando dúvidas sobre se a sua inegável superioridade sobre o adversário seria suficiente para arrecadar os três pontos. Penalti claro de Fernando Alexandre, impedindo, com o braço, a bola de ir para a baliza. Adrien engana o guarda-redes, mas acerta no poste. Levamos todos as mãos à cara. Jesus vai mexando na equipa. Primeiro Ruiz para o lugar de Teo, depois Aquilani para o lugar de um esgotado Carrillo. Meio-campo reforçado e uma equipa a mandar no jogo de forma desconfiada. Nova falta de Fernando Alexandre, desta feita puxando Slimani, novo penalti e expulsão do academista. Aquilani assume a marcação e acaba com o jogo.

Contra tudo e contra todos. Eu disse-vos que teria bastado o título.