Não sei se algum de vocês reparou, mas após a eliminação do Sporting às mãos do Chaves, não se ouviu a expressão “tomba gigantes”. Sintomático, diria eu, pois aquele Sporting que na época passada espalhava o terror pelos adversários é hoje uma equipa a que qualquer um acha que pode ganhar.

Conjugando as poucas ideias tácticas com quase inexistente nível de equilíbrio psicológico, os verde e brancos voltaram a entrar em campo sem chama, sem conseguir ter bola, sem tentar um grito de revolta. Não admira que naquela horrível primeira meia-hora o Chaves tivesse estado duas ou três vezes perto de marcar. Valeu Beto, com duas enormes defesas a manter o nulo. Só no último quarto de hora do primeiro tempo se viu Sporting. Gelson tirou da cartola uma daquelas suas jogadas, torcendo os rins a dois adversários antes de rematar cruzado para grande defesa de António Filipe. Depois, seriam os centrais Paulo Oliveira (dos mais competentes em campo) e Coates a desperdiçar: o português cabeceou fraco e torto, o uruguaio cabeceou forte e a fazer cócegas ao poste.

O Sporting terminava melhor o primeiro tempo, já com duas substituições feitas por lesões de Jefferson e André, e esperava-se que viesse para a segunda parte disposto a carimbar a passagem às meias-finais da Taça de Portugal. Nada. Muita posse de bola, algumas notas artísticas por Bryan Ruiz, mas oportunidades de golo nem vê-las até para lá dos 75 minutos, altura em que Bas Dost serviu a desmarcação de Gelson e o extremo perdeu o duelo com o guarda-redes. Na outra baliza, Beto defenderia uma tentativa de chapéu de meio-campo, mas já não seria capaz de travar uma cabeçada a três minutos do final, num golo que é inacreditável desde a perda de bola que dá origem ao livre até à ausência de marcação e reacção de toda a defesa ao cruzamento para a área.

A sofrer de um esgotamento nervoso, o Leão suicidava-se na visita ao Marão. E a pergunta que fica é se esse suicídio é facto consumado ou se sobram alguns sinais vitais para encarar uma segunda volta assente na honra e nas possibilidades matemáticas.

adrienchaves