Não seria preciso andar muito focado na Liga Allianz para se adivinhar que o jogo das nossas Leoas frente ao Braga, a contar para a 14ª. jornada, tinha tudo para ser um jogo difícil. Se estão lembrados aqueles que acompanham regularmente esta rubrica, sempre achei que a equipa minhota era uma excelente formação, com jogadoras de muito bom nível.

Também tinha previsto, assumindo dotes de Zandinga, que a assistência ao jogo (uma pena que não passem mais jogos da equipa principal feminina em Alvalade) poderia sofrer algum rombo. A curta diferença horária entre o final do jogo de Lisboa e o começo do que se disputava no Estoril, também não terá motivado muitos adeptos. No entanto, o número de presenças em Alvalade (4.602) não deixou de surpreender pela negativa. Não serão de ignorar os factos ocorridos na Assembleia Geral de sábado, passíveis de influenciar o ânimo dos Sportinguistas.

A nossa equipa alinhou de início com Inês Pereira: Matilde Fidalgo, Mariana Azevedo, Carole Costa e Rita Fontemanha; Tatiana Pinto, Carlyn Baldwin e Fátima Pinto; Ana Borges, Diana Silva e Ana Capeta. No banco ficaram a Carolina Vilão, Bruna Costa, Joana Martins, Nadine Cordeiro, Bárbara Marques, Neuza Besugo e Sharon Wojcik. Pela constituição do banco, sou levado a supor impedimentos físicos da Joana Marchão e da Matilde Figueiras. Surpresas na presença da Inês Pereira (Patrícia Morais pelas imagens da TVI24 apresentava um braço engessado) e da Mariana Azevedo em detrimento da Matilde Figueiras.

O Braga começou melhor e não estariam decorridos mais de 2 minutos, Edite, veterana jogadora das minhotas, aproveitando uma enorme falha da Rita Fontemanha, apareceu completamente isolada e só uma saída corajosa e rapidíssima da nossa jovem guarda-redes, evitou o golo, opondo-se ao remate e desviando a bola para canto. O Braga continuou por cima, mostrando as nossas jogadoras muito nervosismo, embora não se registassem mais oportunidades de golo para as nossas adversárias. Embora tivéssemos vivido alguns minutos de sufoco adversário.

Foi até o Sporting que, através da Ana Borges, criou a sua primeira grande oportunidade de golo, numa excelente iniciativa individual da Ana Borges pela sua ala, rematando junto ao poste, dando origem à primeira excelente intervenção da Rute Costa, desviando a bola com o pé, para canto, junto ao seu poste esquerdo. Ana Capeta, no lado contrário, exasperava pelo passe da companheira, mas aceita-se perfeitamente a opção da nossa capitã pelo remate. Seria ainda o Sporting, na sequência de uma bela de jogada de combinação, também pelo lado direito do nosso ataque, em que Ana Borges dá muito bem atrasado para Capeta rematar de pronto, obrigando Rute Costa à sua segunda boa intervenção da partida, desviando para canto. Nesta altura já a nossa equipa havia equilibrado e foi com esse domínio repartido que se chegou ao intervalo.

Na segunda parte, com novo melhor começo do Braga, foi mais uma vez o Sporting a criar as melhores situações de golo, tendo a imperial Carole Costa, para mim, e novamente, a nossa melhor jogadora, na marcação de um livre directo sobre o lado direito do nosso ataque e a cerca de 25 metros da baliza, pormenor em que se mostra especialista, a obrigar a Rute à terceira grande intervenção.

O Braga mostrou-se perigoso e apenas, na sequência de bolas pelo ar, sendo de registar, na minha opinião, uma grande penalidade que terá ficado por marcar a nosso favor, quando a Fátima Pinto, creio, foi carregada quando disputava
uma bola pelo ar, pela Pauleta. Ana Capeta e Diana Silva também estiveram perto do golo, no mesmo lance, com mais uma bola vinda da direita pela Ana Borges. Uma defesa do Braga aliviou quase em desespero. Ainda a registar uma recarga da Fátima Pinto dentro da área, rechaçada pela defesa bracarense. Realço que foi a primeira arbitragem feminina que não me agradou. Mostrou, por exemplo, e bem, um cartão amarelo à Ana Capeta, por ter atingido, embora inadvertidamente, a capitã do Braga, Dolores Silva, mas deixou passar em claro, ainda na primeira parte, uma carga dura de uma defesa do Braga sobre a Ana Borges.

Estreia pelo Sporting da norte americana Sharon Wojcik, média ala, entrada a substituir a Ana Capeta, muito descontente por ter saído, decorria metade da segunda parte. Esclareço que, devido ao nervosismo com que vivi o jogo, o papel e a caneta
ficaram na prateleira, daí não ter registado os tempos das principais incidências. A Sharon deu muita vivacidade ao nosso flanco esquerdo atacante, revelando bons apontamentos e empenho (podem espreitar a nova jogadora clicando aqui)

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Um empate que era um dos dois resultados possíveis para nos abrir o caminho para a revalidação do título, pelo que o recebi com satisfação. Pouco me preocupa o facto de terem sido os primeiros pontos perdidos. Mantivemos a nossa invencibilidade a nível nacional, é de registar este facto. Cumprimos 11 jogos consecutivos (uma volta precisamente) sem sofrer golos.

Achei muito pertinente um comentário feito pela Leoa de Portugal enquanto o jogo decorria: “O que me parece, até agora, é que, inconscientemente, a possibilidade de ficar a 2 pontos está a pesar mais do que a perspectiva de ficar a 8.” É o sexto jogo entre as duas equipas e, como disse o professor Nuno Cristóvão no final, sempre com equilíbrio. Curiosamente com o mesmo desfecho do primeiro, na época passada em Braga.

Numa análise às nossas jogadoras, Inês Pereira esteve muito bem, provando não ser apenas uma promessa, mas uma bela realidade do nosso futebol. Muito calma e segura, com uma defesa providencial no começo da partida, dissipando qualquer dúvida que me restasse quanto ao primeiro aspecto.
Na defesa, para além da Carole, impecável, e da Matilde Fidalgo, de uma generosidade impressionante, não gostei da Mariana Azevedo e da Rita Fontemanha, nomeadamente desta última. A minha simpatia pela Rita não me inibe de uma análise que poderá não ter a concordância de alguns de vós. Não sei se o falhanço inicial pesou no seu comportamento, mas foi pelo seu lado que surgiram as situações mais perigosas do ataque do Braga. Revelou muitas dificuldades na acção defensiva, mas a seu favor, não é o lugar em que rende mais. Terá sido essa uma razão de peso para uma exibição, a meu ver, das mais apagadas da equipa.
Que me perdoe também a Tatiana Pinto, mas não esteve brilhante, embora com a inquestionável entrega. A Carlyn também não esteve nos seus melhores dias, e recordo-me de uma perda de bola na nossa intermediária, que poderia ter-nos provocado um dissabor. Como a Tatiana, nada a apontar-lhe em termos de pundonor. Em plano de destaque, na linha média, esteve uma vez mais, a Fátima Pinto, confirmando a sua excelente forma, já demonstrada no jogo com o Vilaverdense. Aliás, terá sido de algum desacerto do nosso meio campo que resultou a supremacia do Braga, equipa muito mais poderosa fisicamente que a nossa.
Na frente, a Ana Borges, quando acelera é sempre um perigo para a equipa contrária e tem uma “alma até Almeida”. Bom jogo. Diana Slva, sempre no seu registo batalhador, foi alvo de marcação apertada, comprovada pelas várias faltas sofridas e apenas uma vez esteve perto de consolidar a sua liderança nas melhores marcadoras, repartindo a oportunidade perdida com a Ana Capeta. Esta mostrou a habitual garra, teve um excelente remate, e mostrou perigo em mais dois lances, ambos na segunda parte. O já aqui referido e outro em que chegou ligeiramente atrasada a um centro vindo da nossa linha média. Como tenho o direito à minha opinião, enquanto “treinador de bancada”, continuo a defender que a posição em que mais se sente à vontade é no meio, como aliás posso concluir das suas três intervenções mais marcantes.

No final, em declarações à TVI24, a Silvia Rebelo viu um jogo diferente do meu, considerando que a única equipa que quis vencer foi a sua, contrastando com a clarividência e desportivismo da Ana Borges e até do seu próprio treinador.
Resumindo: posição bem mais confortável da nossas meninas face aos seus parceiros masculinos, que me causam, após o jogo e que coincide com o momento em que escrevo, uma enorme desilusão. Que alastrará, inevitavelmente, pelo Universo Leonino. Mas passando à frente…

Outros resultados:
A-Dos-Francos, 1 – Vilaverdense, 2
Clube Albergaria, 1 – Valadares Gaia, 1
Estoril, 4 – Boavista, 0
Futebol Benfica, 6 – Quintajense, 0
União Cadima, 2 – União Ferreirense, 2

Nota saliente para o Valadares Gaia, que conquistou o quarto lugar, isolado, com um ponto de vantagem sobre Boavista e Vilaverdense, por esta ordem. Na próxima jornada, domingo, dia 11, cabe-nos ir visitar o Quintajense à Quinta do
Anjo, Palmela, último classificado.

Entretanto o FC Parada, nosso adversário vencido na 3ª. eliminatória da Taça de Portugal, e cuja carreira no Campeonato de Promoção, me proponho acompanhar, dado a simpatia causada por jogadoras e treinador, viu o seu jogo adiado para 18 do corrente. Continua a ocupar o terceiro lugar da série B, com 6 vitórias e 3 derrotas.

As equipas da nossa Formação não deram hipóteses às suas adversárias. As juniores, deslocando-se a Torres Vedras, bateram o Toreense por uns volumosos 9-0, mantendo-se cem por cento vitoriosas. As juvenis foram à Malveira bater o Atlético local por 9-1. Confirmando a subida evidente das últimas jornadas, as infantis receberam e bateram o Águias da Musgueira por uns concludentes 7-2, demonstrando que as “meninas não se medem aos palmos” quando em confronto com os rapazes.

Concluindo a “revista feminina da semana” as meninas do Futsal iniciaram da melhor maneira a sua participação na fase final do nacional da modalidade, vencendo, em casa, o Vermoim, segundo classificado da fase zonal norte, por expressivos 8-4.
Outros resultados:
Quinta dos Lombos, 1 – Golpilheira, 3
Santa Luzia, 0 – Benfica, 7 (desculpa-se a maíúscula pelo género)
Nun’Álvares, 1 – Novasemente, 4

Pelos motivos que se conhecem, não se prevê um começo de semana muito promissor. Pelo resultado no Estoril, pela controvérsia gerada pela posição de Bruno de Carvalho. Que ele saiba resolver o problema da melhor forma, que saia o Sporting a ganhar. E, quanto a mim, reconhecer que não é assim que se resolvem os problemas. Na quarta-feira há um jogo muito importante no Porto. Que se canalizem todas as energias para esse confronto, agora que a Taça de Portugal ganhou redobrada importância para o Clube.

* às segundas, o jmfs1947 assume a cozinha e oferece-nos um mais do que justo petisco temperado ao ritmo do nosso futebol feminino