Uma noite que foi um enorme murro no estômago de todos os Sportinguistas, ao verem a sua equipa baquear frente a um adversário que jogou quase toda a segunda parte em inferioridade numérica. O clássico, esse, passou a ser o primeiro passo para lutar pelo objectivo menor: o segundo lugar

tondela

Já cá faltava o momento Tondela. Que podia ser o momento qualquer outra coisa, como são tantos os que, ao longo dos anos, nos mandam uma lambada na cara e nos deixam sem reacção durante horas. O Sporting voltou a perder quando não tinha margem para fazê-lo e, assim, passa definitivamente a correr por fora no que toca à questão do título. Mas já lá vamos.

Perdemos. E perdemos bem. Não por falta de oportunidades para, pelo menos, recuperar da desvantagem de dois golos, antes porque o adversário teve mais atitude durante mais tempo, porque é inadmissível continuarmos a entrar a dormir nos jogos como se fosse fixe dar avanço (Aves, Nacional, Guimarães, Feirense… não chega?!?), porque chegámos a ser confrangedores com um homem a mais.

E não será injusto dizer que começámos a perder na convocatória e na escolha do 11 inicial. Sim, obviamente que Marcel Keizer tem direito a meter a pata na poça, mas estava mais do que visto que era questionável partir para um jogo num dos campos mais pequenos da Liga, contra um adversário que não se importa de bater e destruir, sem uma opção atacante além de Montero. Luiz Phellype ficou em Lisboa e Keizer diria, no final, que tinha cinco avançados em campo e que o ponta-de-lança contratado ao Paços de Ferreira tinha que perceber o que é o Sporting e quais as exigências da primeira liga. Se a memória não me falha, Luiz Phellype já esteve na primeira liga e até marcou, por exemplo, ao benfic@. E, sim, Marcel, na ausência de Bas Dost sentiste e muito a falta de uma referência ofensiva na área, acabando a colocar lá o Coates e o Mathieu num acto de desespero.

Aliás, toda a equipa demorou a perceber que o goleador holandês não estava em campo. Acuña, principalmente, que foi sacando cruzamentos atrás de cruzamentos para um Dost imaginário. Enquanto isso, já o Sporting pedia, desde os cinco minutos, em mais um momento ridículo de Bruno Gaspar bem equilibrado, do lado contrário, pelo argentino que ficou a ver o chileno de Tondela metê-la lá dentro.

Raphinha inventou uma jogada de futebol de praia para o pontapé de Bruno Fernandes, mas o camisola 8, que tanta falta havia feito frente ao Belenenses, estava numa daquelas noites em que por mais que rematasse não iria ser feliz. E o tempo foi passando, com o nosso meio-campo engolido pelos tondelenses que se amontoavam naquela zona e manietavam um Sporting já manietado pela ausência de uma referência na grande área. O carrossel Raphinha, Nani, Diaby nunca funcionou, pese as constantes tentativas de Wendel de trazer a equipa para a frente e de dar esticões no jogo.

Acontece que tanto Wendel como Bruno Fernandes têm que preocupar-se, constantemente, com o facto de atrás de si estar uma total nulidade chamada Gudelj, o mesmo que, ali para a meia hora, ficou calmamente a ver Tomané cabecear na pequena área em vez de compensar a ausência do central que tinha ido fechar à esquerda. Não foi golo porque a cabeçada saiu mal e Renan esteve bem, como do outro lado Cláudio Ramos bem esteve ao defender o cabeceamento de Raphinha.

Keizer esteve bem ao deixar Gudelj no banho, ao intervalo, lançando de imediato Fredy Montero. Só foi pena, mesmo, a boa exibição e o golo de Miguel Luís frente ao Belenenses terem sido compensadas com a presença no banco, pois se é para fazer o que Gudelj tem feito até o puto fora de posição conseguirá oferecer mais à equipa.

Viria a expulsão de Jaquité, por acumulação, e viriam 40 minutos para o Sporting tentar inverter o rumo da partida com um homem a mais. Raphinha e Montero pareciam querer dar o sinal, mas logo a seguir Tomané ensaia a primeira trivelada que Renan defende para a barra. Carrega o Sporting, Bruno Fernandes rouba o livre a Mathieu, Raphinha remata para defesa do redes e desse canto nasce o primeiro falhanço de Diaby.

Logo a seguir, Mathieu a dormir e Tomané ensaia a segunda trivelada e mete-a lá dentro num golaço. Faltavam 15 minutos e seria necessária uma remontada épica para evitar a derrota e quando Mathieu confirmou a bola rematada por Montero, isso parecia possível. Nani vê Diaby isolado e mete a bola perfeita para a cabeça, mas o maliano, com a baliza toda escancarada e ali de onde o Tondela havia aberto o marcador, cabeceia de forma patética. O mesmo Diaby falharia com o pé um remate de primeira e na cabeça de Mathieu se perderia a última oportunidade de evitar a derrota.

O Sporting voltou a perder quando não tinha margem para fazê-lo e, assim, passa definitivamente a correr por fora no que toca à questão do título. Aliás, independentemente do resultado do próximo sábado, o foco da turma de Alvalade deverá, a meu ver, passar a ser, além das Taças em disputa, lutar pelo objectivo menor: o segundo lugar, que tão cedo não volta a dar acesso à Champions e que, esse, sim, está a uma distância que só dependemos de nós para recuperar.

Let down and hanging around
Crushed like a bug in the ground
Let down and hanging around