Pensei escrever sobre outras quarenta e seis coisas diferentes, importantes a meu ver e, tenho a certeza, bem mais estruturantes no futuro do Sporting. Mas, por vezes o monte de lixo eleva-se a um ponto que não nos deixa margem para outras tarefas, que não seja deitá-lo fora. É o que eu espero que a esmagadora maioria faça às intenções do Sr. Ricciardi em vir algum dia a liderar o nosso clube. Espero que todos nós, categorizemos essas pretenções, como…lixo.

A categoria “notáveis” causa-me uma repulsa imediata. O Sr. Ricciardi consegue ir mais além. Consegue fazer com que discorde absolutamente de tudo o que diz, ainda antes de o dizer. Consegue que eu discorde de tudo o que faz, ainda antes que o faça realmente. É visceral. Não tem remédio esta minha aversão. Condenso num homem e na sua decadente entourage, tudo o que sempre vi como desagregador e profundamente infeliz no meu clube. Desde o estereótipo do magnata que gosta de brincar aos futebóis, ao clubismo de elite, aos joguinhos de corte, às intrigas de charuto e conhaque.

O Sr. Ricciardi gosta de apregoar que já fez muito pelo Sporting, deixa sempre no ar (rezando para que o vento leve) que ajudou muito em termos financeiros. Pois eu não tenho dúvidas que durante muitos anos a nossa divida bancária tenha crescido pornograficamente, graças às “ajudas” de senhores como ele, aos seus “avais” e “confianças pessoais”. Com ajudas como a deste eminente e distinto flop banqueiro, o Sporting foi coleccionando défice, que só foi detido quando um outsider à pandilha do charuto tomou o poder no Sporting.

Os pronúncios de catástrofe dariam lugar ao apoio e como o vento muda, de volta como o arauto do apocalipse. Para o Sr. Ricciardi a catástrofe anda de mãos dadas com o sucesso, baralhando as duas coisas, com quem se baralha ao jogar um Às de paus em vez de ouros, num qualquer jogo de salão no clube de cavalheiros. O sucesso do Sporting será sempre a sua desgraça, pois na história do nosso emblema nunca nada se endireitou, apenas dá uma folga na descida vertiginosa. O Sr. Ricciardi, assim como 98% dos senhores que canalibalizam o dia-a-dia do nosso emblema nas TVs e jornais, dependem sempre e exclusivamente das “coisas que correm mal”.

200 milhões para investir em jogadores, treinador de topo “como Jardim”, promessas não faltam para convencer quem seja ignorante e ingénuo o suficiente para acreditar num ilusionista “desempregado”, um profissional das derrocadas que podem ser transformadas em fortunas, de passos mágicos que devolvem tudo, sem custar nada, de sobreviver da aparência de qualidades que não tem, mas…compra. A palavra “charlatão” ocorre-me. Ocorrem-me na verdade outro tipo de expressões, bem mais mundanas e habituais em estádios de futebol. É ofensivo para a minha inteligência que alguém que se diga bom administrador de capital veja como bom projecto andar a “angariar” 200M como opositor e que isso não cause dano ou pelo menos polémica num clube já tão fraturado.

Sei que estas “cartadas” não estão pensadas para ganhar nenhuma mão agora. Sei também que na sua cabeça, o Sr. Ricciardi imagine que está a consolidar um poder sombra ou uma alternativa para se materializar em futuros actos eleitorais. O que ele não sabe é que o lixo não consolida nem é alternativa a nada. É apenas um monte de detritos, o que no caso específico nem sequer dá para reciclar. O Sr. Banqueiro será sempre a menor das soluções e o maior dos riscos. Será sempre um mimado de berço que nunca ouviu um “não” redondo na cara, acompanhado por um descer vertiginoso à valia dos seus actos e das suas capacidades.

O futuro do Sporting não passa por ele, tal como não devia ter nunca passado por pessoas como ele. Pessoas para quem o Sporting vem depois de quase tudo na vida, bem distantes do que é o sonho de milhões de adeptos. Pessoas bem distantes da compreensão do que significam as palavras Esforço, Dedicação, Devoção e Glória.

*às quartas, o Zero Seis passa-se da marmita e vira do avesso a cozinha da Tasca. Este post sai à terça porque estava a marinar desde a semana passada