«O Estado, através da Parvalorem, empresa criada para gerir os créditos do BPN, herdou uma dívida de 17 milhões ao banco, a qual poderá ter sido gerada através de um esquema de burla, envolvendo a empresa do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e o seu sócio, Almerindo Sousa Duarte. O crédito em causa estava colocado no BPN IFI, em Cabo Verde, mas o BIC, depois da compra da instituição cabo-verdiana, não quis ficar com ele. Aliás, em 2009, o próprio BPN classificou a dívida como “in- cobrável”.
O caso remonta aos anos 2003 e 2004. A Inland, grupo empresarial liderado por Luís Filipe Vieira e que tinha como vice-presidente Almerindo Sousa Duarte, detinha uma posição acionista de 1,4% na Sociedade Lusa de Negócios (SLN) ao mesmo tempo que beneficiou de um crédito de 20 milhões de euros para financiar um aumento de capital no fundo imobiliário BPN Real Estate. Só que numa queixa-crime entregue pelo banco já nacionalizado no Departamento Central de Investigação e Ação Penal, em Julho de 2009, o BPN alega que foi montado todo um esquema e circuito de financiamentos cuja finalidade foi apenas e só “para que a Inland recebesse a avultada quantia que recebeu, tendo em vista ‘desfazer-se’ das ações que detinha no capital da Sociedade Lusa de Negócios” e a amortizar uma dívida de 20 milhões de euros ao banco […] Contactados pelo DN, Luís Filipe Vieira e Almerindo Sousa Duarte não quiseram prestar quaisquer esclarecimento. Através da agência de comunicação que trabalha com a Inland disseram apenas: “O caso apresentado já foi amplamente abordado pela comunicação social no passado, pelo que não se justifica comentários adicionais sobre o mesmo.” Recorde-se que a sede da Inland e as casas de Luís Filipe Vieira e Almerindo Sousa Duarte foram alvo de buscas em 2010. Porém, o inquérito ainda está pendente no Ministério Público.»