caricatura_SCP_1980Hoje, no Record, Nuno Santos (ex-Sic e ex-RTP), escreve um artigo de opinião muito interessante, do qual destaco estas passagens:

«Em 1980, era eu miúdo, o Benfica tinha dominado a década anterior do futebol em Portugal, mas nesse ano era o FC Porto, de José Maria Pedroto e Jorge Nuno Pinto da Costa, que se preparava para o feito único de ganhar o tri. O FC Porto quebrara dois anos antes um longo jejum, acabara com o mito que tremia quando passava a ponte e começava, nessa altura, a ser montada uma estratégia de combate ao poder do Sul que o tempo burilou, criando a mais perfeita das organizações que deu respaldo a uma máquina de futebol cujos resultados estão à vista nos últimos 30 anos e que já fazem parte da história com um recorde de títulos em Portugal e vitórias marcantes na Europa.
Mas, nesse distante ano de 1980, lembro-me bem de o Sporting ter uma equipa que parecia (e era) muita mais fraca que os seus rivais, um plantel barato, duas ou três vedetas como Manuel Fernandes e Jordão – mais o brasileiro Manoel – que faziam efetivamente a diferença, um treinador que entrou a meio, o magriço Fernando Mendes, e acima disso tudo um notável espírito de grupo dentro do campo e uma comunhão com os adeptos como só se voltaria a ver no Sporting no ano em que, com Augusto Inácio como treinador, o clube também ganhou o título de forma surpreendente.
[…] O que este Sporting tem, e isso esta à vista de todos, é um treinador com ideias claras e discurso simples, um plantel curto mas equilibrado e ambicioso, dois ou três jogadores que fazem a diferença e um notável espírito de grupo que passa para os adeptos traumatizados por anos de desgostos. Escolhi os mesmos termos para o Sporting de 2013 que tinha escolhido para o Sporting de 1980? Foi intencional.
Na verdade encontro muitas semelhanças entre uma e outra equipa, muitas semelhanças no ambiente envolvente, muitas semelhanças na diferença de orçamentos, muitas semelhanças no poder aparente de cada um dos candidatos e até nos discursos. Há 30 anos sabemos como acabou a história, mas esse título valeu de pouco para a criação de um projeto desportivo. Esta época não sabemos como vai acabar. Para o Sporting, talvez mais importante do que ganhar, esta é uma rara oportunidade para construir um projeto