É aquilo que eu penso quando olho para este plantel. É estúpido, eu sei. Mas às vezes dá-me para isto. Numa realidade apenas criada por mim, mas que faz todo o sentido na minha cabeça, imaginemos que eu tinha o privilégio de fazer parte deste grupo e ser, por exemplo, e para não custar muito a ninguém, o Gerson Magrão desta equipa. Aquele gajo que se, por acaso não estivesse lá, provavelmente nada se alteraria. Eu podia ser esse gajo. Sou um gajo que faz muito bom grupo, sempre na brincadeira e que não arranja merda com ninguém. Entrava sempre quando a vantagem fosse de 4 golos, para não arriscar nada, e nada seria diferente. Ora bem, nessa realidade, onde eu sou jogador profissional da primeira equipa do Sporting Clube de Portugal (e desculpem lá insistir nisto mas é que soa-me mesmo bem), eu conviveria e seria até amigo de vários dos nossos ídolos.

Por exemplo, peguemos no Maurício (se conseguirem). Está ali um gajo que eu curtia ter sempre comigo. E chego a esta conclusão depois de ver dois lances seguidos em Barcelos no final da primeira parte. Primeiro, cruzamento da direita, dobra o Rojo e corta. A bola volta para o extremo do Gil, novo cruzamento, corte do Maurício. E isto dá-me algumas garantias. É que eu sou um gajo que aprecia uma boa pinga e quando ela é mesmo boa às vezes, raramente, descontrolo-me. Com o Maurício comigo estaria tranquilo. Se ele tão bem limpa a merda que, de vez em quando, o Rojo faz, também é gajo para limpar a merda que eu também possa, eventualmente, fazer. Se eu estivesse à procura de um melhor amigo, Maurício era, sem dúvida minha primeira escolha. É um gajo leal, fiável e que vai sempre para a guerra contigo. Uma espécie de guarda de costas.

Mas como eu nem sou muito de arranjar merda, o que eu curtia mesmo era um “wing-man”. Aquele gajo que trata de arranjar as miúdas. E não vejo ninguém melhor que o Adrien. Com aquela perspicácia de quem sabe sempre qual é a melhor opção para dirigir a bola, o Adrien saberia, certamente, encontrar as melhores gajas. Podia desaparecer, de vez em quando, como faz em campo, mas quando regressasse era para fazer um golo, uma assistência ou um rasgo qualquer de génio como trazer todo o plantel da Victoria’s Secret para a festa. Se há alguém capaz disso, esse alguém é ele.

E como nem sempre corre tudo bem, é melhor ter sempre alguém capaz de levar o carro quando um gajo está podre de bêbado. E como eu prezo o meu, só confio essa tarefa a uma pessoa: William Carvalho. Com William por perto, sei que posso enfrascar-me à vontade, que no dia a seguir estarei na minha cama, com o pequeno almoço pronto na cozinha , 2 aspirinas e uma nota a dizer: “Está tudo bem. Bebeste demais. Não houve merda. Agora vou sair porque tenho de ir ajudar uma velhinha a atravessar a estrada e combater o Mal. Abraço, William.”

E depois há sempre aquele amigo que é sempre preciso ter que está sempre bem disposto e pronto para sair. E esse só pode ser o Cédric. O Cédric é o amigo hiperactivo que todos nós temos e que a qualquer pergunta responde sempre: “Bora!” Quando um gajo está em baixo dá jeito ter um amigo como o Cédric. Mas, tal como o faz de vez em quando em campo, é irritante. Mas deve ser um bom tipo.

O Montero era outro que eu curtia ter no meu grupo. O gajo é fodido, porque quando vê um rabo de saia movimenta-se logo, tal como o faz quando vê uma oportunidade de golo. Mas o gajo deve ser tão porreiro que leva a melhor gaja mas logo a seguir arranja-te outra. E se forem gémeas deixa-te escolher primeiro. Ou fala com o Adrien. Mas resolveria sempre o assunto. Tal como faz em campo. Um bacano.

E como a noite tem sempre muita gente, é preciso sempre alguém que se movimente bem nela, que conheça bem os porteiros, os barmans, que te arranje copos à pala, etc. Não vejo ninguém melhor que o Capel e o André Martins. O André para fazer os contactos e o Capel para ir lá tratar do que for preciso. O AM e o DC  são aqueles gajos que mal a tua jola passe do meio, começam logo a tratar da próxima. São os fiéis “assistentes”. Com eles, estás sempre de copo cheio e não gastas um tusto. É sempre importante.

Com o Patrício estaria descansado. Quando há perigo ele é o primeiro a proteger os copos e as garrafas ao mesmo tempo que chama pelo Maurício. Quando vais à casa de banho, tens o copo em segurança. Mas como o Rui, de vez quando, também faz das suas, às vezes voltas e ele bebeu tudo com ar sorridente e envergonhado. E se houver merda da grossa ele é o primeiro a rezar pelo Rinaudo que, sendo omnipresente, chegaria sempre, juntamente com Slimani e Marcelo, a tempo de resolver tudo na Terra onde já se encontra Maurício pronto para a molhada. E ainda há William que, tal como um Super Herói, sabe que não pode usar os seus poderes para benefício próprio mas que está sempre pronto a defender os seus companheiros e, acima de tudo, o Bem. E há Rojo, o mal-encarado, sempre a arranjar merda com os outros (tal como as faltas estupidas que faz), mas que dá a vida pelos companheiros. E numa equipa, isto é muito valioso. Como amigo, obviamente que às vezes seria preciso dizer-lhe para não ser parvo mas também é outro que curtia de ter sempre por perto.

Tudo isto para dizer o quê? Que o ambiente no seio do nosso plantel não deve ser diferente do ambiente que vivemos no nosso grupo de amigos. E isto demonstra a humildade e a união deste grupo de jogadores.
Grandes jogadores ganham jogos. Grupos como este ganham campeonatos.

* todas as sextas, directamente de Angola, Sá abandona o seu lugar cativo à mesa da Tasca e toma conta da cozinha!